Palmeiras vence e garante ponta e vaga na Libertadores. Mas bola, mesmo, segue devendo.
Meus amigos.
Às vezes, eu mesmo tenho a impressão de que sou o mais chato dentre todos os palmeirenses que existem neste mundo. Talvez porque jamais tenha permitido que minha preferência clubística se sobrepusesse à minha seriedade profissional, o fato é que sempre analiso as partidas do Palmeiras com a imparcialidade necessária. É por isso que sempre digo: o torcedor enxerga o jogo como pode e quer, o jornalista, como pode e deve.
Dito isso, que nos bons tempos de Jornalismo impresso se chamava de “nariz de cera”, o fato é que a vitória por 2 a 1 que obtivemos nesta noite sobre o Independiente Del Valle/EQU não me deixou muito satisfeito. Ok: por meio dela garantimos não apenas nossa classificação à próxima fase da Copa Libertadores como também a liderança do grupo, o que nos garantirá a vantagem de decidirmos a vaga às quartas de final em nossa casa. E se vencermos a última partida desta fase, no próximo dia 30, novamente no Palestra, talvez obtenhamos até mesmo a primeira colocação geral.
Só que bola, mesmo, prezado palmeirense, nossa equipe está devendo. Seja por erros táticos cometidos por Abel Ferreira, pela má fase por que passam alguns dos nossos melhores jogadores ou pela falta de qualidade que outros tantos apresentam jogo após jogo, o fato é que neste ano não somos nem sombra do que fomos em anos anteriores. Mesmo com a perda da Supercopa apenas nos penais e da conquista sem maiores dificuldades do Paulistinha, o fato é que o Verdão de 2024 está bem abaixo do Verdão de 2023 – e se nos lembrarmos do Verdão de 2022 e de 2021, então…
Em outras palavras: ou o Palmeiras volta a jogar o que pode e sabe e melhora o nível do futebol que vem apresentando, seja com a chegada de reforços ou com a volta à boa fase dos que já compõem o elenco, ou nossas vitórias – quando elas acontecerem – terão sempre o sabor de “me engana que eu gosto”.
WEVERTON – 6
BOM
Fez duas boas defesas antes de tomar o gol que, é fato, poderia ter evitado se não tentasse adivinhar para onde iria a bola.
MARCOS ROCHA – 5
REGULAR
Teve um trabalho defensivo dos infernos, pois a maior parte das jogadas ofensivas do Del Valle/EQU foram em seu setor. Por isso, não deu as caras no campo de ataque.
GUSTAVO GÓMEZ – 5,5
SATISFATÓRIO
Cobrou bem o pênalti e alcançou o inigualável Luís Pereira como o zagueiro com mais gols na história do clube. Mas foi o principal responsável pelo gol dos caras, pois errou o tempo de bola e permitiu que Diaz o driblasse com facilidade.
MURILO – 5
REGULAR
Atuação protocolar. Como o clube equatoriano só centralizou um pouco suas ações ofensivas no segundo tempo, permaneceu a partir de então mais fixo à entrada da nossa área.
PIQUEREZ – 5,5
SATISFATÓRIO
Acertou dois cruzamentos que terminaram em gols, pena que Zé Rafael e Gustavo Gómez estivessem impedidos. No mais, errou como sempre.
RICHARD RÍOS – 6
BOM
Fez um golaço de falta e, mesmo que o goleiro tenha falhado, merece todos os méritos por isso. Porém, prendeu demais a bola (como sempre) e, numa delas, só não deu um gol para o Independiente/EQU porque o atacante da sobra estava impedido.
ZÉ RAFAEL – 4,5
RUIM
Não gostei. Levou um baile do craque Páez enquanto o menino teve fôlego e bateu cabeça o tempo todo, sem saber se era primeiro ou segundo volante.
ESTÊVÃO – 6
BOM
Foi nosso mais perigoso atacante no primeiro tempo, protagonizando lindas jogadas individuais. Pena ter exagerado no individualismo em um ou outro lance. Mas só substituído porque o time precisava de uma maior força na marcação em seu setor.
ENDRICK – 6,5
MUITO BOM
Mesmo jogando fora de sua posição (como meia pela direita), algo que sempre prejudica sua atuação, foi o melhor do nosso time ao lado de Luan. Não conclui a gol, mas protagonizou várias jogadas ofensivas com muita qualidade.
FLACO LÓPEZ – 4
MUITO RUIM
Enquanto esteve em campo, o Palmeiras jogou com um homem a menos. Para não dizer que não fez nada, cabeceou a bola na mão do zagueiro equatoriano no lance que originou o pênalti e o nosso segundo gol.
LÁZARO – 5
REGULAR
Mais uma vez foi bem no primeiro tempo, com dribles e jogadas de qualidade. Na etapa final, como sempre, sumiu do campo, o que prova que tem um sério problema físico.
ABEL FERREIRA – 5
REGULAR
Nosso treinador resolveu repetir nesta noite o que já fizera na partida contra o Cuiabá/MT, no último dia 5: escalou a equipe inicial no 4-2-4. Talvez por saber que o Independiente del Valle/EQU jogaria com cinco atletas na marcação, optou por começar com quatro homens na linda de frente. Afinal, deu certo daquela vez e, desta, também poderia dar.
O problema é que o time equatoriano é infinitamente melhor do que a equipe mato-grossense e, ao contrário do que fez aquele, soube muito bem se aproveitar do enorme espaço em nossa intermediária defensiva, na qual Zé Rafael e Richard Ríos batiam cabeça a toda hora para saber quem era o primeiro e quem era o segundo a marcar. Além disso, sem um jogador para armar a equipe um pouco mais à frente, o Palmeiras viveu de jogadas pelas pontas, com Lázaro e Estêvão, e da entrega tática de Endrick, deslocado para a meia direita. No comando do nosso ataque, uma nulidade chamada Flaco López só fazia número.
Mesmo levando sustos e propiciando contra-ataques em demasia, chegamos aos 2 a 0. Porém, é meu dever lembrar que isso só aconteceu em bolas paradas – na primeira, um golaço de Ríos que, no entanto, só aconteceu porque o goleiro dos caras falhou; na segunda, um pênalti bem cobrado por Gómez que, no entanto, foi obra mais do erro do zagueiro equatoriano ao subir com os braços abertos e permitir que a bola tocasse em seu braço.
Para piorar as coisas, o time do Equador voltou com o ótimo Díaz para o segundo tempo, e o cara mudou o jogo. Muito hábil e veloz, começou a ganhar todas as disputas com Gómez e, numa delas, se aproveitou do erro no tempo de bola do nosso capitão e diminuiu o placar. Antes, por sinal, tal gol já poderia ter acontecido, não fosse o impedimento do atacante do Del Valle/EQU. Enquanto isso, o “portuga” parecia não entender o que se passava em campo, e levou 15 minutos para colocar Veiga e mudar o esquema para 0 4-3-3. Não adiantou: pouco depois, saiu o gol adversário e, a partir de então, foram eles que começaram a dar as cartas em campo.
Abel Ferreira só começou a equilibrar as ações quando, acertadamente, colocou Mayke, aos 24 minutos, e sobretudo Luan, aos 36. Só então o Palmeiras retomou as rédeas da partida e conseguiu garantir, ainda que a duras penas, esta importante vitória.
RAPHAEL VEIGA – 4,5
RUIM
Depois da trágica atuação do domingo, foi merecidamente para o banco. Entrou aos 15 da etapa final quando vencíamos por 2 a 0 e, portanto, tinha todas as condições para jogar o que sabe e pode. Porém, decepcionou mais uma vez, sendo figura apagada em campo.
RÔMULO – 5,5
SATISFATÓRIO
Teve muito menos tempo do que Veiga para jogar – 15 minutos -, mas conseguiu render bem mais. Fechou a saída de jogo pela direita dos caras e ainda apareceu em jogadas ofensivas.
MAYKE – 6
BOM
Sua entrada foi fundamental para que o time do Equador não tivesse mais tanta facilidade para jogar pelo lado esquerdo do seu ataque. Melhorou a marcação e ainda apareceu, quando possível, no campo ofensivo.
LUAN – 6,5
MUITO BOM
A partir do momento em que entrou – pena que somente aos 36 da etapa inicial, acabou com a farra do nosso adversário no meio-campo ofensivo. Ocupou muito bem os espaços, ora atuando coo terceiro zagueiro, ora como primeiro volante. Ao lado de Endrick, o melhor do Verdão.
RONY – 5
REGULAR
Teve apenas uma chance de gol, ao cabecear para fora um preciso cruzamento de Mayke. No mais, a entrega de sempre e a falta de qualidade de quase sempre.
FOTOS: CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS
16/05/2024 at 17:19
Boa tarde caro Trevisan, muito boa sua crônica, mais Futebol é fase, acredito que o Palmeiras vai voltar a atuar melhor, quem sabe com as voltas do Dudu e o Bruno possam dar novo alento.
Ao menos jogaram melhor que o último jogo do Brasileirão!!!
Abraço.
23/05/2024 at 18:48
Olá, Alfano.
Agradeço o elogio.
O problema é que Dudu e Bruno Rodrigues levarão um tempo até entrarem no ritmo ideal.
Abs.
16/05/2024 at 9:09
Bom dia, Márcio.
Acho que nunca escrevi isso aqui, mas hoje você bateu doído!
Tirando alguns momentos do segundo tempo, onde o Del Valle realmente deu trabalho, eu gostei da atuação do time, principalmente do Endrick e Estêvão. O que estes dois moleques aprontaram em campo foi de tirar o chapéu.
O del Valle não é um time fácil de se jogar contra. Arrisco a dizer que certamente é um dos melhores da competição e tem características similares ao Palmeiras, principalmente no aspecto revelação de novos atletas para vender ao mercado europeu. Basta lembrar que, recentemente, venceu a sulamericana contra o SPFC e, também na sulamericana, eliminou o Corinthians/SP em Itaquera. Nas últimas 32 partidas da Libertadores jogando em casa, só perdeu duas vezes e as duas para o o Palmeiras. Logo, não são bobos.
Concordo que a fase não é boa e que temos mais bola pra jogar. Porém, considerando principalmente nosso último jogo do Brasileirão, fiquei satisfeito com o resultado e a atuação.
Um abraço.
Valter
P.S. Felipão diria que você é da turma do amendoim (rsrs).
23/05/2024 at 18:47
Valter, salve!
Satisfeito com o resultado eu também fiquei – só não fiquei satisfeito foi ver o Palmeiras levar pressão dentro de casa e de um time que até pode ser bom, mas é mais fraco.
Abs.
PS.: Acho que todos nós, palmeirenses, temos um quê de amendoins – rs…