Sorte, experiência e personalidade mantêm Palmeiras vivo na Libertadores

Meus amigos.

Não haviam sido disputados nem 15 minutos do jogo de ontem e, em meu íntimo, previa uma noite das mais terríveis para o Palmeiras. Nosso time era engolido pelo Atlético/MG, que nos sufocava em nosso campo de defesa e somente por muita sorte não levamos pelo menos três gols antes mesmo dos 30 – graças a Deus, Keno conseguiu perder duas excelentes oportunidades e Ademir acertou a trave direita de Weverton.

Daí que quando terminou o primeiro tempo e o placar apontava apenas 1 a 0 para o Galo (em gol marcado por meio de um pênalti infantil cometido pelo ontem péssimo Marcos Rocha, que ficou até tonto de tanto marcar nosso ex-ponta), agradeci aos Céus. Afinal, se os caras tivessem aberto 3 a 0 nós nem poderíamos reclamar, tamanho foi o baile que levamos.

Tamanha superioridade se deveu sobretudo a dois fatores. O primeiro é que o atual campeão brasileiro tem time e elenco superiores ao nosso, e quem discordar desta afirmação não entende nada de bola. E o segundo é que, ciente de que tinha um adversário bastante qualificado pela frente, Cuca orientou seus jogadores a atuarem com a máxima intensidade enquanto tivessem pernas para tanto. Do nosso lado, não tínhamos saída pelas laterais, pois estávamos bem marcados, e nem pelo meio, com atuações fraquíssimas de Danilo e Zé Rafael e muito ruim (aliás, mais uma) de Raphael Veiga.

Por isso, torcia – mas não esperava – por pelo menos uma alteração no Verdão já no intervalo, a fim de que tal situação pudesse ter alguma chance de ser alterada. Que nada: como sabemos, Abel Ferreira raramente mexe no time entre o primeiro e o segundo tempos. E para puni-lo por isso, logo aos 2 minutos o Atlético/MG abriu 2 a 0, em lance que contou com falha de Danilo e infelicidade de Murilo.

Naquele momento, meu filho Vininho comentou: “Pai, acho que a gente vai levar uma goleada…”. Eu também achava, mas preferi me manter quieto, pois conheço a nossa equipe e sei que a experiência adquirida nos últimos anos sempre pode prevalecer, mesmo que em momentos adversos. Além disso, time nenhum no mundo joga pressionando durante 90 minutos, e uma hora o Galo iria se cansar de ciscar perto da nossa área. Não deu outra: assim que se viram com certa folga no placar, os mineiros recuaram e, graças ao talento de Scarpa, que acertou o travessão numa cobrança de falta, Murilo marcou mais um gol de centroavante, embora seja zagueiro.

Com 2 a 1 eu já estava lambendo os beiços, pois obviamente esta seria uma derrota que poderia ser revertida na semana que vem. Aliás, eu e todo o nosso time, que tratou de atacar apenas na boa e se preocupou muito mais em não permitir que o adversário chegasse ao terceiro gol. E nem mesmo o gol que Dudu perdeu de forma inacreditável me irritou: como disse, 2 a 1 estava de ótimo tamanho pelo que não tínhamos jogado no primeiro tempo.

E foi então que entrou em campo o terceiro fator citado na linha fina desta crônica pós-jogo. Aproveitando-se do talento que temos em bolas paradas, todo o time foi ao ataque e, em uma jogada ensaiada de escanteio, Scarpa colocou a bola no segundo pau, Dudu mergulho de cabeça e Danilo, até então um dos piores em campo, tocou de joelho para o fundo das redes.

Mas atenção, prezado palmeirense: apesar deste empate ter sabor de vitória para nós, a verdade é que se quisermos ir às semifinais da Libertadores teremos de vencer o Atlético/MG na semana que vem (sim, porque se empatarmos e a vaga for decidida nos pênaltis vocês já sabem o que acontecerá, certo?). É possível que ganhemos? Claro, até porque atuaremos em uma Arena Palestra Itália certamente lotada. Mas, para tanto, teremos de jogar muito, mas muito mais do que jogamos no Mineirão. É que nem sempre apenas sorte, experiência e personalidade garantem um bom resultado.

Às vezes, há que jogar futebol também.

O MELHOR: GUSTAVO SCARPA
Excelente – Nota 8

Vou dizer algo que, sei, muitos poderão me criticar, mas a verdade é que se Scarpa continuar a jogar o que vem jogando deveria ser convocado para a Copa do Mundo. Hoje, ele brilhou como ponta-esquerda, como auxiliar de marcação de Piquerez, como meia de armação após a saída do horroroso Veiga e, claro, também nas bolas paradas. Ou seja: se não perdemos, devemos a ele.

MERECE DESTAQUE: MURILO
Ótimo – Nota 7

Dizer que merece destaque um jogador que marcou um gol contra, ainda que logo depois tenha feito um a favor, parece contraditório, mas a verdade é que Murilo não aparece por aqui nem por uma coisa, nem por outra. Na verdade, ele foi muito bem na marcação a Hulk, sobretudo no segundo tempo, e também não se deixou abater pela infelicidade que teve logo aos 2 minutos do segundo tempo. Tenho pra mim que Luan nunca mais será titular – graças a Deus!

PALMAS PRA ELE: GUSTAVO GÓMEZ
Muito Bom – Nota 6,5

Em mais de 45 anos de futebol, sendo quase 34 destes como profissional, não me lembro de um zagueiro que fosse tão competente no jogo aéreo quanto este paraguaio. Nem mesmo seu conterrâneo Gamarra, melhor jogador de sua posição em toda a história do Paraguai, era tão eficiente pelo alto quanto o nosso capitão. Isso sem que falemos das antecipações e da marcação firme sobre quem aparecesse à frente da nossa área.

Confira abaixo avaliações de todos os demais profissionais que participaram do jogo de hoje:

Abel Ferreira – Bom: nota 6
Gabriel Menino e Piquerez - Satisfatório: nota 5,5
Weverton, Danilo, Zé Rafael, Dudu, Mayke e Rafael Navarro - Regular: nota 5
López – Ruim: nota 4,5
Raphael Veiga – Muito Ruim: nota 4
Marcos Rocha – Péssimo: nota 3

FOTOS: CÉSAR GRECO/AG.PALMEIRAS