OPÇÃO PELA “SOFRÊNCIA”

Não fosse a incrível capacidade de perder gols, Palmeiras teria goleado mais uma vez.

Meus amigos.

Todos nós sabíamos que, provavelmente, a partida desta noite, diante do Emelec/EQ (acrônimo de Empresa Eléctrica del Ecuador), seria a mais difícil – ou a menos fácil – de todas as seis da Primeira Fase da Copa Libertadores da América. Afinal, se comparado aos nossos outros dois adversários, o time equatoriano é o que tem mais camisa, mais torcida e mais tradição no torneio continental.

Por isso, a vitória por 3 a 1 que o Palmeiras obteve no Estádio George Capwell deve, sim, ser comemorada, não apenas porque nos manteve e quase nos garantiu definitivamente na primeira colocação da chave, mas também porque a tendência é que o time vença todos os jogos do returno e termine esta etapa da competição na liderança geral, o que lhe garantirá a vantagem de jogar em casa até as semifinais caso, claro, chegue até lá.

Então, eu me pergunto: por que estou tão irritado? E a resposta é simples: toda equipe tem o direito de, num jogo ou noutro, perder um ou alguns gols, pois isso faz parte do futebol. O que equipe nenhuma tem é o direito de perder um caminhão de gols em todos os jogos, que é exatamente o que acontece com o Verdão. Como já é conhecido por todos, falta-nos um camisa 9 de verdade, e por esta razão somos obrigados a ver, por exemplo, Rony perder quatro – eu disse isso mesmo: quatro! – chances claríssimas, sendo que uma delas chegou a ser ridícula, pois tentou cabecear uma bola que estava rolando pelo gramado.

O atacante, meus amigos (que fez, sim, um lindo gol de cabeça, extrapola o direito de ser burro. E para jogador ruim, às vezes, se tem remédio, mas para quem é desprovido de inteligência e quase sempre toma a decisão errada não tem jeito. Sei que ele alcançou uma importante marca nesta partida, sei que ele é um exemplo de dedicação, de entrega em campo, mas a verdade é que, de bola, ele sabe pouco. E como está jogando fora de sua posição, acaba sujeito a errar ainda mais do que erraria se atuasse onde sempre rendeu mais – ou seja, pela ponta-esquerda.

Rony, claro, não foi o único a perder gols. Breno Lopes, que fez – sem querer – um golaço, também perdeu outro, quase no último lance do jogo. Além disso, várias foram as oportunidades, na maior parte delas no primeiro tempo, em que ficou visível a ausência de um centroavante. Mas, pelo menos até julho, quando Endrick completará 16 anos e poderá ser promovido ao elenco principal ou, então, o clube possa ir às compras de novo, teremos de suportar este tipo de situação. Graças a Deus nosso time é muito bom e, por enquanto, tal deficiência não tem sido tão prejudicial, mas jogos mais difíceis estão por vir em todas as competições e, se não pararmos de perder tantas chances, tal problema poderá nos causar grandes estragos.

O jogo – Infinitamente superior ao Emelec/EQ mesmo começando a partida com apenas seis titulares (isso se considerarmos Scarpa um deles), o Palmeiras dominou todas as ações no primeiro tempo, e poderia ter aberto o placar por duas vezes antes de chegar ao seu primeiro gol. Nosso meio-campo, aproveitando-se da fragilidade adversária, passeava em campo, e nossos atacantes, sobretudo Gabriel Veron, ganhavam todas as disputas contra a defesa adversária.

Todo este panorama mudou, porém, no segundo tempo. Ciente de que uma derrota do deixaria muito distante da classificação, a equipe do Equador melhorou sua marcação, acertou seu meio-campo e começou a dar um calor inesperado ao Palmeiras. Por sua vez, nossa equipe passou a dar claríssimos sinais de cansaço (jogadores como Piquerez, Danilo e Wesley sumiram nos segundo tempo), e a queda física foi o empurrão que os caras precisaram para aumentar a pressão. Para piorar tudo, exatamente na sequência do lance em que Rony consegue perder o gola mais feito de sua carreira, uma desatenção de Mayke proporciona o gol do Emelec, aos 17 da etapa final.

E onde estava Abel Ferreira durante todo este tempo. Ali, no banco, como se fosse um mero espectador da partida. Mesmo presenciando o quadro acima e vendo Weverton ter de trabalhar com boas defesas, nosso hoje dorminhoco treinador demorou inacreditáveis 33 minutos (!!!) para promover as primeiras alterações. As entradas de Rafael Navarro e Breno Lopes melhoraram um pouco o Verdão pois, com eles, a bola começou a ficar menos tempo em nosso campo e, aos poucos, bem aos poucos, a situação foi se acalmando até que o terceiro gol acontecesse.

Em síntese, prezado palmeirense: sofremos demais em um jogo de menos. E esta vem sendo uma arte na qual o Palmeiras tem se especializado ultimamente.

O MELHOR: GABRIEL VERON
Ótimo – Nota 7,5


fico muito feliz por poder falar deste jovem talento neste espaço. Aos poucos, ele crescendo muito de produção e começando a lembrar o jogador que foi em nossas categorias de base. Hoje, além do golaço que marcou, deixou Rony duas vezes na cara do gol e, de longe, foi o melhor jogador não só do Verdão, mas de toda a partida.

MERECE ELOGIOS: GUSTAVO SCARPA
Muito Bom – Nota 6,5

Jogando na meia de armação, posição em que mais gosta (mas não necessariamente na qual mais rende), Gustavo Scarpa teve uma atuação bastante elogiável. Além de quase ter feito um lindo gol – acertou a trave -, foi de seus pés que partiu um excelente lançamento para Wesley, de primeira, cruzar para Rony marcar nosso primeiro gol.

PALMAS PRA ELE: GUSTAVO GÓMEZ
Muito Bom – Nota 6,5

A importância de Gustavo Gómez é tão grande que ele é o único jogador que raramente é poupado. Hoje, por exemplo, fez sua 10ª partida consecutiva, e o “pior” é que mais uma vez se destacou. Não perdeu uma bola pelo alto e ainda evitou um gol certo do Emelec/EQ ao travar a bola no exato instante do chute do atacante equatoriano.

Os demais profissionais ficam com as seguintes avaliações:


Weverton: Muito Bom - nota 6,5
Kuscevic e Wesley: Bom – nota 6
Mayke, Piquerez, Danilo, Breno Lopes, Rafael Navarro e Abel Ferreira: Satisfatório - nota 5,5
Atuesta e Rony: Ruim – nota 4,5
Fabinho: Sem Avaliação – sem nota

 

FOTOS: CESAR GRECCO/AG. PALMEIRAS

10 Responses to OPÇÃO PELA “SOFRÊNCIA”

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, muito boa sua crônica, mesmo com Time modificado, a quantidade de Gols perdidos é demais.

    Valeu está vitória fora é importante, agora está na hora do Gustavo Gomes descansar, pois joga muito.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Agradeço as palavras.

      Um time perder a quantidade de gols que o Palmeiras perde quase todo jogo é inadmissível. Algo já deveria ter sido feito, pois como se diz há muito tempo, uma hora “a bola pune”.

      Por fim, quanto ao GG, relamente ele precisa descansar, pois joga muito – tanto quantiva quanto qualitativamente.

      Abs.

  2. Bom dia, Márcio.

    Eu gostaria de ser provocativo em um parágrafo da sua crônica:

    “O atacante, meus amigos (que fez, sim, um lindo gol de cabeça) extrapola o direito de ser burro. E para jogador ruim, às vezes, se tem remédio, mas para quem é desprovido de inteligência e quase sempre toma a decisão errada não tem jeito. Sei que ele alcançou uma importante marca nesta partida, sei que ele é um exemplo de dedicação, de entrega em campo, mas a verdade é que, de bola, ele sabe pouco”.

    Se ele é tudo isso, como conseguiu chegar à marca de 13 gols em Libertadores pelo Verdão, se isolando como o principal artilheiro do time na competição? Por que ele é titular em 99,9% das partidas e não perde a posição para outros que, na minha opinião, são mais habilidosos do que ele (Wesley, por exemplo)? Por que o Palmeiras continua a vencer com a presença dele em campo, sendo que ele vem balançando as redes?

    Eu concordo com tudo o que você disse sobre ele, mas contra fatos, não há argumentos. Gostemos ou não, apesar das limitações do Rony, ele entrega resultados e o Abel percebeu isso.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Em hipótese nenhuma você foi provocativo – apenas colocou (como sempre muitíssimo bem) a sua opinião.

      Mas vamos às suas respostas:

      1 – Como conseguiu chegar à marca de 13 gols em Libertadores pelo Verdão, se isolando como o principal artilheiro do time na competição?
      R – Ele deu a sorte de atuar em uma equipe que vive uma das melhores fases de toda a história da S. E. Palmeiras.

      2 – Por que ele é titular em 99,9% das partidas e não perde a posição para outros que, na minha opinião, são mais habilidosos do que ele (Wesley, por exemplo)?
      R – Porque, como disse, ele é um exemplo de profissional, de dedicação e de amor à camisa, algo raríssimo no futebol atual. E ele dificilmente perderia a posição para Wesley como centroavante porque o ponta-esquerda não leva jeito nenhum para ser o “9″ de que tanto precisamos.

      3 – Por que o Palmeiras continua a vencer com a presença dele em campo, sendo que ele vem balançando as redes?
      R – Porque, graças a Deus, temos um baita time, que mesmo quando ele consegue perder quatro gols feitos em uma mesma partida ainda consegue vencê-la.

      Abs.

  3. JORGE MARCOS TEIXEIRA FARANI

    O torcedor que enxerga um pouco de futebol, consegue facilmente ver qual é o maior problema do Palmeiras. No jogo como o de ontem e outros mais perdemos muitas chances de matar o jogo ainda no primeiro tempo, não matamos, e com isso levamos o problema para o segundo tempo e ter que passar um sufoco desnecessário.

    • Márcio Trevisan

      Farani: é exatamente isso.

      E o problema é que esta é uma situação que se arrasta já há algum tempo, mas que a conquistas dos títulos tem mascarado.

      Espero que não cometamos este erro em jogos decisivos.

      Abs.

  4. Jota Ferreira

    O Rony é muito esforçado, mas é ruim demais, parece jogador de sítio entra na bola tudo torto perde os gols fáceis e faz o impossível.

    • Márcio Trevisan

      Boas, Jota.

      Pois é: se ele fizesse o simples, teria pelo menos 50% a mais de gols.

      Mas o cara é burro de dar ódio e por isso perde tantos gols. Quatro em uma mesma partida seria inadmissível até para um zagueiro.

      Abs.

  5. Marcio você não deu nota pro atuesta !
    Ele esteve em campo quase que o jogo inteiro !
    Abçs.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Jair.

      Apliquei, sim, nota ao infeliz. Mas sei lá porque ela sumiu.

      Já corrigi. E, só para você saber, a avaliação foi “Ruim” e a nota “4,5″.

      Mas você gosta tanto do cara que nem percebeu que faltaram, também, a nota e a avaliação do Rony (que, por sinal, são idênticas às do colombiano).

      Muito obrigado por avisar.

      Abs.

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