Ainda abalado, Palmeiras faz o suficiente para vencer em Araraquara/SP

Meus amigos.

O discurso dos jogadores, do treinador e até mesmo de parte da torcida do Palmeiras pode tentar convencer, seja lá quem for, que a perda do bicampeonato mundial interclubes já foi deixada para trás, mas eu lhes garanto: isso ainda está bem longe de acontecer. Talvez se vier o título da Recopa Sul-Americana, no começo do mês que vem, o trauma poderá começar a ser superado, mas antes disso, nada feito.

Daí que, independentemente dos jogadores que estiverem em campo, durante um tempo o que todos nós veremos é um Verdão bem parecido como o que vimos hoje: sem brilho, sem muita imposição de jogo e, sobretudo, sem muita vontade de mostrar um futebol que seja minimamente condizente com um time que é o atual bicampeão da América do Sul. Em outras palavras: espero estar errado, mas creio que nos próximos jogos nossa equipe será o que foi nesta noite – única e tão somente protocolar.

Interessante salientar que, apesar de tudo o que foi relatado nos dois parágrafos acima, conseguimos vencer a Ferroviária/SP em seu estádio sem que em nenhum momento tivéssemos corrido risco algum de deixar a Fonte Luminosa sem os três pontos. Isso é para que todos tenhamos a noção exata do quão limitado é o nível técnico do Paulistinha. De qualquer forma, se o que vale é a vitória, beleza: já temos mais uma em nossa história.

Mas o que os jogadores, o treinador e até mesmo parte da torcida do Palmeiras precisam entender o mais rapidamente possível é algo muito simples mas, paradoxalmente, também muito importante: a vida sempre segue.

O MELHOR: MURILO

Murilo poderia aparecer como o melhor do nosso time porque fez o primeiro gol da noite, mas não é só por isso que ele está aqui. Na verdade, o zagueiro vem até mesmo surpreendendo, e hoje teve mais uma atuação segura: foi perfeito nas bolas altas, não deu espaços a Bruno Mezenga e ainda começou algumas jogadas com qualidade (nota 7).

MERECE DESTAQUE: JORGE

Ele ainda está longe, bem longe daquele lateral-esquerdo que brilhou no Flamengo/RJ e no Santos/SP, mas aos poucos, bem aos poucos, mesmo, começa a ter lampejos daquilo que um dia já foi. Hoje, por exemplo, ainda que tenha errado um ou outro lance, um ou outro cruzamento, destacou-se pela boa marcação, sobretudo na etapa final, e pelo constante apoio ao ataque. Parece-me claro que precisa apenas de uma sequência para mandar o horrível Piquerez para o banco de reservas (nota 6,5).

PALMAS PRA ELE: RONY

A atuação do Palmeiras nesta quarta-feira pode ser separada em duas partes: uma antes de ter Rony em campo e outra após a entrada do atacante. Não à toa, apenas dois minutos após substituir o mais uma vez apenas esforçado Gabriel Veron, iniciou e deu o passe para o segundo gol, marcado por Breno Lopes. Como sabemos, não possui muita qualidade técnica, mas independentemente do jogo mostra sempre muita vontade de jogar (nota 6).

Os demais jogadores ficam com as seguintes avaliações:

Mayke, Patrick de Paula e Breno Lopes – nota 6
Weverton, Kuscevic, Jaílson, Wesley e Raphael Veiga – nota 5,5
Gabriel Veron, Rafael Navarro e Deyverson – nota 5
Atuesta – nota 4,5
Gabriel Menino – sem nota

O TREINADOR: ABEL FERREIRA

Nosso treinador, a meu ver, acertou em dar um descanso a 10 dos 11 titulares da equipe. Ao manter apenas Weverton, ele pôde aliviar psicologicamente quase todos os jogadores que perderam para o Chelsea/ING e, simultaneamente, dar um descanso, tanto físico quanto mental, para os atletas que, já na próxima quarta-feira, iniciarão a disputa da Recopa Sul-Americana. Em relação à opção tática, considerei correto o 4-3-3 que ele adotou, já que mesmo atuando fora de casa e com o time praticamente suplente é evidente a superioridade técnica que temos em relação à simpática AFE e, portanto, teríamos a obrigação de jogar pra vencer, mesmo sem ter o ataque como nossa principal meta nesta noite. Abel Ferreira foi bem também nas substituições, pois deu sorte e apenas dois minutos após ter mandado Rony e Breno Lopes a campo ambos protagonizaram a jogada do nosso segundo gol. Por fim, outro acerto do portuga se deu inclusive ao manter Atuesta até o final, pois mais uma vez ele – e todos nós – vimos o quanto o colombiano ainda está longe de ser um candidato a um lugar no time titular (nota 6,5).

FOTOS: CESAR GRECCO/AG. PALMEIRAS