PRA SE MANTER LÁ EM CIMA

Vitória sobre o Juventude/RS coloca Palmeiras próximo da ponta

Meus amigos.

Como se costuma dizer, um campeonato por pontos corridos se ganha nas dez últimas rodadas, mas pode ser perdido nas dez primeiras. Por isso, a vitória que o Palmeiras obteve na gelada Caxias do Sul/RS na noite desta quarta-feira deve, e muito, ser comemorada, pois os três pontos que somou o mantêm não só nas primeiras colocações mas, o que é ainda mais importante, bem próximo das equipes que momentaneamente ocupam a liderança do Brasileirão.

Daqui a alguns anos, quando alguém pesquisar o jogo de hoje, talvez chegue à conclusão de que o Verdão passeou no Alfredo Jaconi – afinal, um placar de 3 a 0 torna impossível questionar a melhor qualidade de quem o obteve, certo? Mais ou menos: embora o resultado tenha sido justo e premiado a equipe que mais o procurou, na verdade nosso time encontrou mais dificuldades do que talvez esperasse. No primeiro tempo, de fato, o jogo foi centralizado no meio-campo e, com exceção de um chute de Deyverson bem defendido por Marcelo Carné, sem nenhuma outra chance cara de gol. Porém, na etapa final, e sobretudo após o Palmeiras ter chegado ao segundo gol, sofremos uma pressão que, não fossem duas grandes defesas de Jaílson, poderiam ter resultado até mesmo no empate da equipe gaúcha.

Mas, como diria o Ennio Rodrigues, grande e saudoso locutor do rádio paulista, “o que vale é bola na rede”, e neste ponto, pelo menos desta vez, o Verdão foi mais competente e conseguiu o que mais precisava: manter-se lá em cima.

SETOR POR SETOR

A DEFESA


Dentro de pouco mais de um mês, Jaílson completará 40 anos e, como seu contrato terminará no fim deste ano, justamente devido à idade muito dificilmente será renovado. Mas se as análises se devessem estritamente ao que vem fazendo em campo, a diretoria poderia oferecer-lhe um novo vínculo desde já. Se no primeiro tempo ele foi um mero espectador do jogo, na etapa fina teve de trabalhar – e muito. Duas grandes defesas suas impediram que o Juventude/RS diminuísse o placar e ameaçasse nossa vitória, e nem mesmo a falha que teve no lance do gol anulado – muito bem, por sinal, já que Felipe Melo foi visivelmente empurrado – denigrem sua atuação (nota 6,5). Os demais integrantes do nosso sistema defensivo tiveram atuações semelhantes: os laterais Marcos Rocha (nota 5,5) e Victor Luís (nota 5) não comprometeram, assim como Luan (nota 5) e Renan (nota 6).

O MEIO-CAMPO

Não resta dúvida: Gustavo Scarpa vive a melhor fase desde que foi contratado pelo Palmeiras. Hoje, participou diretamente dos três gols do time e, se já não fosse o suficiente para ser elogiado, ainda armou algumas jogadas e até ajudou na marcação no meio-campo. Tal atuação o tornou o melhor do time e do jogo (nota 8). Felipe Melo vinha bem à frente da zaga, mas melhorou muito após ser deslocado para o miolo da zaga (nota 6). E Raphael Veiga, hoje mais participativo do que em partidas anteriores, também buscou preencher os espaços em nossa intermediária, o que fez com relativa qualidade (nota 5,5).

O ATAQUE

Assim como todos vocês, eu também sei que Deyverson não tem qualidade para jogar no Palmeiras. Porém, não se pode negar que, em campo, ele entrega tudo o que pode, muito embora este “tudo” muitas vezes seja muito pouco. Hoje, errou passes fáceis e lances bobos? Claro que sim. Afinal, ele é quem ele é. Porém, mesmo assim teve uma ótima atuação, não só pelo belo gol de cabeça que marcou mas também por ajudar a equipe durante todo o jogo, seja no campo ofensivo, seja na marcação (nota 7). Deslocado para a ponta direita, onde aliás nem sempre esteve, Gabriel Menino não conseguiu render o que rende quando joga em sua real posição, na meia (nota 5,5). Já Willian Bigode, que hoje chegou a 235 partidas pelo Verdão e se tornou o 60º jogador a mais vezes ter vestido nossa camisa, esteve muito abaixo, participou pouco do jogo e demorou demais para ser substituído (nota 4,5).

OS SUPLENTES

Dificilmente um jogador que entra já quase no fim do jogo consegue se destacar. Mas o golaço que Breno Lopes marcou em seu ex-clube foi tão bonito que ele merece aparecer aqui como o melhor dentre os reservas (nota 6). Zé Rafael, que entrou ainda no primeiro tempo, ficou mais preocupado em defender do que em sair para o jogo, tendo uma atuação simplória (nota 5). Mayke, por sua vez, que teoricamente foi a campo para ser uma válvula de escape pela ponta, nas verdade se limitou a ser uma espécie de auxiliar de Marcos Rocha na lateral direita (nota 5).

O TREINADOR

Demorou, e muito, mas enfim Abel Ferreira conseguiu não só mandar a campo uma equipe ao mesmo tempo ofensiva e bem postada em seu campo de defesa mas também promover substituições que não se limitaram ao “seis por meia dúzia”. Na escalação inicial, foi coerente com o que vinha acontecendo e sacou do time titular Luiz Adriano e Rony. É verdade que sem o ponta o Palmeiras perdeu velocidade, mas sem o centroavante, quase sempre apático, ganhou presença mais constante na área devido à entrada de Deyverson. A presença de Gabriel Menino como um falso ponta direita foi uma tentativa de dar maior poder de marcação ao meio-campo e, ao mesmo tempo, também jogadas mais agudas pelo setor. Não deu certo, até porque o jovem jogador esteve mais no meio-campo e até mesmo na marcação. Nas substituições, ele poderia simplesmente ter colocado Kuscevic no lugar do contundido Luan, mas por temer a falta de ritmo do chileno, resolveu recuar Felipe Melo para a zaga e mandar a campo Zé Rafael. Com isso, o Palmeiras ganhou na defesa e não perdeu no meio-campo. Mayke e, sobretudo, Breno Lopes poderiam ter entrado mais cedo, porém ainda assim a decisão de escolhê-los foi acertada (nota 6,5).

12 Responses to PRA SE MANTER LÁ EM CIMA

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, muito boa está vitória e fora, é na ponta da Tabela que o Palmeiras tem que brigar.

    Força Palmeiras vamos em frente.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Exato, Alfano.

      Não podemos nos distanciar do bloco de cima porque é o bloco de cima que consegue as vagas na Libertadores e a taça do Brasileirão.

      Abs.

  2. Bom dia.
    Boa vitória. Os pontos são importantes para manter o foco.
    Como diz o ditado ” de grão em grão a galinha enche o papo”.
    Que seja sempre assim.
    Até a próxima.

  3. Bom dia, Márcio.

    Vitória boa, com certeza, mas que também serve para botar alguns panos quentes na real situação do time. A verdade, é que essas vitórias escondem a nossa fragilidade e faz com que o torcedor se esqueça rapidamente de decepções que não deveriam ser esquecidas.

    Se tivesse empatado com o Juventude eu já estaria torcendo a boca. Esse tipo de vitória, me desculpem os mais otimistas, não me anima. Quero ver o desempenho quando jogar com times de ponta e candidatos ao título. Até agora, no primeiro teste do Brasileirão realizado na primeira rodada, nos demos mal.

    Por fim, penso que os contratos que o Palmeiras fez com determinados jogadores foram muito bem amarrados para os jogadores. Alguém realmente acredita que clubes como Vasco, Botafogo, Sport, Cruzeiro, Fluminense, Bahia, Fortaleza entre outros, não estariam interessados em Lucas Lima, Zé Rafael, Marcos Rocha, Scarpa e outros “craques” que temos no elenco?

    Deve haver alguma cláusula que dá poderes aos jogadores de negar equipes desse tipo e escolher em que situações gostariam de ser negociados e essa diretoria incompetente e passiva não atua para mudar essa condição.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Crio que vc foi bastante injusto com Gustavo Scarpa. Concordo que ele não joga no Palmeiras o que jogava no Fluminense/RJ, mas neste momento ele é, de longe, o cara que mais cria chances de gol para o nosso time.

      Em relação aos demais clubes que vc citou, todos eles aceitariam os jogadores que vc citou – desde que o Palmeiras pagasse integralmente os salários ou eles aceitassem ganhar bem menos.

      Abs.

  4. Opa. Ó eu aqui ó. Caro amigo Trevisan, eu continuo um pouco pessimista/realista, acho que esse bando de malandros ainda vão conseguir derrubar o portuga. Ganhamos ontem de um time frágil, mas como diz o velho ditado, é melhor bater em bêbado do que apanhar de bêbado. Quero ver na hora que pegar o embalado galo de MG, se formos bem aí retiro tudo o que eu disse. Abraços.

    • Márcio Trevisan

      Tadeu, olá.

      Vi o jogo dos caras com o Inter/RS. Na boa? Eles jogaram bem 15 minutos e, depois, se fechara, tanto que até parecia o time da Marginal s/nº – fundos.

      Mesmo desfalcados de alguns titulares, esperava mais deles.

      Então, creio que quando jogarmos contra o Galo, vai dar jogo.

      Abs.

  5. RODRIGO MIRANDA

    Bom dia Marcio e Amigos,

    Primeiramente, deixo claro que nunca fui a favor da volta do Deyverson “parafuso solto”, pois pra mim, além de perna de pau, ele é louco mesmo, e coloca tudo a perder em questão de segundos.
    Dito isto, afirmo que a taça de 2018 tem as digitais dele, pois muito mais importante da função de pivô e da chamada “casquinha” nas ligações direta, a principal qualidade dele, na minha opinião, é infernizar a zaga adversária.
    Quem sabe, ele consiga jogar muitos jogos e demonstrar seu descontrole somente em um o outro momento?! Pois assim ele conseguiria ajudar o Palmeiras em momentos de apatia de nosso “matador com sono” LA.
    Mas como não acredito em papai noel, ainda acho que precisaríamos contratar um 9 de verdade.

    Abs

    • Márcio Trevisan

      Olá, Rodrigo.

      Sério que você ainda acha que precisamos de um 9 de verdade?

      Pois eu não acho, não. Eu tenho é certeza.

      Abs.

  6. Será que deyverson ficou emocionado com a presença do Felipão na concentração e resolveu tentar caprichar um pouco mais?
    Afinal foi Felipão que botou minhoca na cabeça dele pra não ir jogar na China, e com isso o Palmeiras deixou de receber R$ 85 milhões de reais.
    Tomara que Felipão inspire outras partidas para deyverson
    Abçs

    • Márcio Trevisan

      Jair, salve.

      Sabe por que não acredito nesta possibilidade? Porque milagres não existem.

      Deyverson foi ótimo, é verdade, mas infelizmente todos nós sabemos que atuações como esta serão raríssimas.

      Abs.

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