Erros do treinador quase impedem vitória do Palmeiras na estreia da Libertadores

Meus amigos.

Abel Ferreira já está na história do Palmeiras. Ao conquistar os títulos da Copa Libertadores da América e da Copa do Brasil de 2020, ele será para sempre considerado um dos treinadores mais importantes de nossa mais do que centenária trajetória, sobretudo se levarmos em consideração o exíguo tempo em que conseguiu tais façanhas – exatos 85 dias em relação ao torneio continental e 121 no que se refere à competição nacional.

Ocorre, porém, que tamanho sucesso fez mal ao treinador. Mesmo com as derrotas no Mundial Interclubes, na Supercopa e na Recopa, ele manteve seus tamancos de altíssimos saltos, mudando completamente a sua imagem – da extrema simpatia em sua chegada à quase insuportável arrogância desde que retornou do período de férias. Também, pudera: de um ilustre desconhecido até mesmo em seu País à capa de revista de luxo no Brasil e à personalidade condecorada pelo governo português, seu ego não aguentou – e explodiu. E ainda que tenha razão ao reclamar do calendário e da falta de reforços (culpa exclusiva de uma administração frouxa e incompetente como a nossa), tais detalhes não justificam os equívocos quase que constantes que tem cometido desde o início desta temporada.

Nesta quarta-feira, por exemplo, sua atuação beirou ao ridículo, e por muito pouco (na verdade, por muita sorte) não fez com que o Palmeiras empatasse uma partida a qual poderia, tranquilamente, ter goleado. Querem ver? Vamos lá.

1 – Nada tenho contra o esquema 3-5-2. Na verdade, ele pode ser muito útil e até mesmo bastante ofensivo desde que a equipe tenha dois laterais (que, no caso, se tornam “alas”) que apoiem constantemente. E qualquer imbecil sabe que nem Marcos Rocha e muito menos Victor Luís atendem a tais exigências – o destro até, vez ou outra, aparece no ataque, mas o canhoto (do qual achei que já estávamos livres mas, infelizmente, sempre volta) acredita que lhe é proibido avançar além da linha de meio-campo. E quando Abel se deu conta disso? Apenas após termos sofrido o empate, quando sacou ambos e colocou Scarpa e Lucas Esteves – este limitadíssimo, mas pelo menos um pouco menos defensivo do que o outro.

2 – Nosso técnico não tem culpa se perdemos gols feitos em todos os jogos e nem se o centroavante do nosso time passa o jogo quase inteiro sem dar um único chute a gol, mas é o único culpado por escalar Luiz Adriano. E já que a b…. da nossa diretoria não tem capacidade para contratar um centroavante (aliás, nem mesmo um Ademir da vida conseguiram trazer), ele deveria manter Rony deslocado para o comando do ataque só para deixar bem clara a necessidade que temos de um camisa 9 de verdade, e não esta mentira que ora ocupa a vaga.

3 – O técnico do Palmeiras já disputou a Libertadores uma vez, certo? Então, já deveria saber que as arbitragens nesta competição são, quase sempre, caseiras, e invariavelmente contrárias a equipes brasileiras. Então, meus amigos, é simples: se Empereur recebeu, imerecidamente, é verdade, o amarelo no primeiro tempo, era mais do que óbvio que ele deveria ser substituído no intervalo, pois o árbitro não pensaria duas vezes em expulsá-lo na primeira oportunidade. Assim, se Abel não tem culpa que o idiota do zagueiro cometeu uma falta desnecessária e recebeu o cartão vermelho, ele é o único culpado por tê-lo deixado em campo.

4 – Desde os primeiros minutos de jogo ficou claro que o Universitário/PER é uma equipe ridícula, desprovida de qualquer qualidade que lhe permitisse sonhar com algo mais do que uma derrota perante ao atual campeão continental. E, mesmo após ter encerrado a etapa inicial com 1 a 0 no placar e ampliado a vantagem já aos 6 minutos o segundo tempo, o técnico do Verdão insiste no mesmo esquema com três zagueiros, quando o mais correto seria sacar um deles (e nem preciso dizer qual, certo?) e colocar um atacante agudo – Wesley – ou, se não tivesse coragem para tanto, ao menos um parceiro para Luiz Adriano – Willian Bigode. E se preferisse continuar medroso, que optasse por um zagueiro, mesmo.

5 – Somente quando nossa equipe conseguiu a proeza de levar dois gols em três minutos de um time horroroso, numa prova indiscutível que qualquer contratempo, por menor que seja, faz desmoronar o psicológico de todo o time, é que o comandante resolve agir, e às pencas. O que ele pensou quando tirou Raphael Veiga e colocou Danilo Barbosa? Será que queria aumentar a marcação no meio-campo para evitar uma virada que nos seria vexatória? Ao promover tal substituição, ele acabou com qualquer chance de criação de jogadas pelo setor. Tanto que o terceiro gol saiu de um chutão de Luan.

Para a sorte do treinador palmeirense – e de todos nós, claro –, os peruanos são tão ruins, mas tão ruins, que o zagueiro dos caras consegue cabecear uma bola em seu próprio travessão, num lance que gera o escanteio que, graças à perfeita cobrança de Scarpa, o exímio cabeceio de Renan e à patética marcação do adversário, terminou no gol que garantiu a vitória e, assim, mais algum tempo de Abel Ferreira na Academia de Futebol.

E antes que alguém me acuse de pertencer à “Turma do Amendoim”, de ser “corneteiro” e, principalmente, de querer a demissão do técnico português, deixo bem claro que jamais fiz parte deste tipo de torcedor e que, em minha opinião, ele deve permanecer à frente do nosso elenco, desde que entenda que suas conquistas foram em 2020, que 2021 já começou e que a humildade de reconhecer erros é qualidade indispensável para que se consiga corrigi-los.

Abel: sei bem que tem torcedor por aí que adora ganhar no último minuto, mas este jamais foi e nem será o palmeirense.  

ANÁLISES INDIVIDUAIS

WEVERTON – 4,5
RUIM

LUAN – 5,5
SATISFATÓRIO

GUSTAVO GÓMEZ – 5
REGULAR

EMPEREUR – 4,5
RUIM

MARCOS ROCHA – 4,5
RUIM

DANILO – 6
BOM

PATRICK DE PAULA – 6
BOM

RAPHAEL VEIGA – 7
ÓTIMO

VICTOR LUÍS – 5
REGULAR

RONY – 6
BOM

LUIZ ADRIANO – 4,5
RUIM

ABEL FERREIRA – 3,5
PÉSSIMO

DANILO BARNOSA – 4,5
RUIM

LUCAS ESTEVES – 4,5
  RUIM

GUSTAVO SCARPA – 5,5
SATISFATÓRIO

RENAN – 6
BOM

WESLEY – 4,5
RUIM

CRÉDITO FOTOS: 

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

10 – DIVINO
9,5 – PERFEITO
09 – QUASE PERFEITO
08 a 8,5 – EXCELENTE
07 a 7,5 – ÓTIMO
6,5 – MUITO BOM
06 – BOM
5,5 – SATISFATÓRIO
05 – REGULAR
4,5 – RUIM
04 – MUITO RUIM
00 a 3,5 – PÉSSIMO