Hoje, 19 de julho, comemora-se no Brasil do Dia do Futebol     

Poucas vezes uma frase foi tão feliz quanto a que intitula este texto, dita pelo ex-presidente da Fifa, João Havelange, no dia em que começou a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Se lembrarmos que enquanto durou a II Grande Guerra não houve a realização de Campeonatos Mundiais de futebol, veremos que o ex-dirigente brasileiro tem mesmo razão.

Sim, futebol, fostes também tu vítima das impensadas atitudes dos homens de então. Como ter o prazer de te disputar pelos campos do mundo se a terra, por anos, trocou o azul dos céus pelo vermelho dos sangues? Mas vencestes a guerra, porque tua força provém não das armas, mas dos sonhos; porque tua estratégia visa à união das gentes, não a dispersão dos povos.

És tu, futebol, muito mais do que um esporte. Nenhuma outra modalidade envolve tanta paixão, tanto sofrimento e, paradoxalmente, tanta emoção, tanta alegria. É por isso que os sons que de ti surgem são para nós, os que te amam, os mais doces acordes da mais suave melodia.

Para o Brasil, Pátria que não te deu à luz mas que te adotou como filho mais querido, tens tu importância ainda maior: és o nosso cartão de visitas, e através de ti que todo o mundo conhece nossa face, que também pode ser competente e vencedora.

Charles Miller

Foi graças a ti, futebol, que uma gente de barriga quase sempre vazia pôde pelo menos encher de orgulho o peito. Mas não, não falo só das cinco Copas que nos ajudastes a ganhar – foram estas apenas consequências de um antigo e feliz caso de amor. Falo de todas as felizes tardes de Domingo que nos destes.

Este amor, por sinal, nasceu entre ti e nossa terra à primeira vista, exatamente no dia em que Charles Miller aqui retornou, trazendo sob os braços duas bolas de couro e no coração a certeza de que chegavas para seres o maior. Lá no Plano Espiritual, onde há tantos anos já está, hoje aquele paulista filho de ingleses certamente se orgulha de ter te dado de presente a nós.

Não sei quem te inventou, futebol – se os chineses, os italianos, os ingleses. Só sei que há mais de um século estás impregnado em nossa pele da mesma forma que o suor que dela escorre, seja num grito de Carnaval, seja num grito de gol.

Futebol… O suor de uma camisa, seja ela branca, verde, preta, não importa qual a cor. Importa apenas que o espírito da vitória seja o caminho mais curto para colocar em milhões de rostos o doce sorriso do triunfo.

Futebol… Basta apenas ter paixão, jogar com o coração e, especialmente, com amor. Porque, como já disse, não és somente um simples jogo: és a própria face de todo um povo, que muitas vezes só encontra em ti as mais amplas vias da felicidade.

Por tudo isso, futebol, benditos sejam os deuses que te criaram.