Perder a final do Campeonato Brasileiro para uma interiorana, ainda que superior tecnicamente, foi inaceitável para a diretoria do Palmeiras. Por isso, o presidente Brício Pompeu de Toledo não pensou duas vezes e, apenas dois dias após a derrota para o Guarani/SP, aceitou o pedido de demissão do técnico Jorge Vieira.
Sentindo-se desprestigiado havia já algum tempo, o treinador se desentendera dias antes das finais do Brasileirão com alguns dirigentes, que o acusaram de ter perdido o controle sobre o grupo, e a indisciplina (tanto dentro quanto fora de campo) envolvendo o goleiro Leão (relembrada em nosso último encontro) acabou se tornando a prova que eles precisavam para “fritar” o técnico vice-campeão nacional.
O problema é que a estreia no Campeonato Paulista de 1978 se daria apenas alguns duas mais tarde – aliás, exatamente uma semana depois da derrota no Brinco de Ouro. Por isso, nossos dirigentes saíram à busca de um novo treinador, mas só ouviram uma série de “nãos”: Diede Lameiro, Evaristo de Macedo, Zé Duarte, Carlos Froner e até mesmo Oswaldo Brandão não aceitaram a missão. A solução foi optar por Valdir Joaquim de Moraes, então auxiliar-técnico do clube, que assumiu o comando de forma interina.
No fundo, o que os dirigentes palmeirenses esperavam era que o goleiro da Primeira Academia desse certo e, de repente, a solução caseira se tornasse definitiva. Na estreia, uma vitória por 1 a 0 sobre a Ferroviária (gol do ponta-esquerda Baroninho) encheu de esperanças, mas depois disso… Foram seis jogos e nenhuma vitória, com derrotas vergonhosas, tipo para o Marília, em casa, por 2 a 0, e até para o Pirassununguense por 3 a 2, em um amistoso no Interior. É: não daria para WJM continuar e, assim, o jeito foi voltar no tempo e tentar um nome que dera certo no passado: Ernesto Filpo Nuñes.
O “El Bandoneón”, como era conhecido, assumiu a equipe numa crise danada. Só para se ter uma ideia, o Verdão ocupava a penúltima colocação de um grupo que contava, também, com XV de Jaú, América de Rio Preto, Botafogo de Ribeirão e Ferroviária.
Desempregado havia meses, morando em Mar del Plata/ARG e sem dirigir um grande clube desde 1976 (o último fora o Corinthians, o qual levou à penúltima colocação no Paulistão daquele ano), ele não era nem sombra do genial treinador que dirigira a Primeira Academia, mas aceitou o desafio de trazer de volta o seu pra lá de ofensivo esquema tático, jocosamente apelidado por ele mesmo de “pim-pam-pum”. E, em seu primeiro mês de trabalho, não foram poucos os que acreditaram que a magia estava de volta ao Parque Antártica, como poderemos recordar em nosso próximo encontro.
Até lá!
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09/12/2017 at 10:19
Bom dia, como sempre caro Trevisan, resgatando a rica história do Palmeiras com esta passagem que eu me lembro bem, pois já frequentava o Palestra Itália e ainda era mais fanático do que hoje, pois ficava muito nervoso quando perdia.
Parabéns pelo seu rico trabalho neste site.
Abraço.
12/12/2017 at 1:45
Olá, Alfano.
Fico muito feliz e envaidecido com seu reconhecimento.
De coração, muito obrigado.
Abs.