Imputar a Eduardo Baptista peso suportado por Nelsinho Baptista é ilógico e injusto
Ao que tudo indica, Eduardo Baptista terá mesmo a honra de dirigir o atual campeão brasileiro a partir de 2017. A oficialização do nome do ex-treinador de equipes como Sport do Recife/PE, Fluminense/RJ e Ponte Preta/SP como o novo técnico do Palmeiras deverá acontecer logo após o término da partida contra o Vitória/BA ou, no máximo, nos primeiros dias da próxima semana.
Não vou, agora, me ater se esta foi ou não uma decisão correta por parte da diretoria, se era mesmo ele o nome mais indicado para substituir Cuca – isso deixarei um pouco mais pra frente, até porque quem de fato responderá a esta questão será o próprio Eduardo, mediante os resultados que obtiver no Campeonato Paulista, primeira competição do próximo ano. O que eu quero é rebater uma opinião amplamente compartilhadas em redes sociais e, muito pior, também propagada em alguns veículos de comunicação: Eduardo não dará certo no Verdão porque seu pai, Nelsinho, fracassou quando teve idêntica oportunidade.
Tal afirmação é ilógica e injusta, e por alguns motivos. O primeiro é que Nelsinho assumiu o comando palmeirense em uma época dificílima, em que enfrentávamos um período sem a conquista de um título que já durava, naquele junho de 1991, praticamente 15 anos. Se você é muito jovem e não se lembra desta época, posso dizer que a pressão era gigantesca, muito maior até do que a que vimos quando das quedas para a Série B. Além disso, o elenco não era lá grande coisa, com poucos jogadores que de fato merecem um destaque maior: o goleiro Carlos, o volante César Sampaio, os meias Betinho e Edu Marangon e o atacante Evair formavam a espinha dorsal da equipe que, no entanto, era bem frágil em quase todas as demais posições – imaginem, então, o nível dos suplentes.
Mesmo assim, Nelsinho Baptista resistiu bravamente a todas as pancadas que recebeu – de grande parte da torcida, da boa parte da Imprensa, da quase totalidade dos conselheiros e até de alguns atletas – e permaneceu no comando por 13 meses, abdicando do cargo (por decisão própria) apenas em agosto de 1992. Ah, sim, foi ele quem afastou quatro jogadores do elenco, sendo que um deles era “apenas” Evair.
Acontece, meus amigos, que o Evair afastado por Nelsinho não tinha absolutamente nada a ver com o Evair que, apenas meses mais atarde, seria um dos protagonistas dos bicampeonatos paulista e brasileiro. O eterno “matador” era, então, um jogador indolente, que marcara apenas 10 gols em 31 partidas e que reclamava de toda e qualquer decisão tomada pelo técnico, fosse ela tática, técnica ou física. Ele bateu de frente com o então preparador físico, Flávio Trevisan, de fato adepto de uma filosofia de trabalho muito rígida, o ambiente ficou insustentável e a única solução possível foi a que tomou o treinador. À época, o centroavante ficou muito irritado com o fato, e chegou a dizer a este jornalista, então um jovem repórter de apenas 23 anos do jornal A Gazeta Esportiva, que “jamais voltaria a vestir a camisa do Palmeiras”. Em síntese: se Evair se tornou o ídolo que sempre será, todos nós devemos isso, em parte, a Nelsinho Baptista, pois aquele afastamento fez com que o goleador também repensasse algumas de suas posturas e atitudes.
Em relação aos outros três jogadores também afastados – Andrei, Ivan Izzo e Jorginho Cantinflas –, cada um teve o seu motivo: o zagueiro forçou um terceiro cartão para poder “folgar” no domingo seguinte, Dia das Mães, e levar para ela um forno micro-ondas de presente; o goleiro, então reserva, era o que antigamente se chamava de “igrejeiro”, ou seja, criava grupos dentro do grupo para que estes se indispusessem com o técnico e, assim, enfraquecessem seu trabalho; e o ponta-direita vivia péssima fase técnica.
Contei toda esta história, que aconteceu já há tanto tempo, porque é dever de todo jornalista fazer com que fatos verídicos sempre prevaleçam. E, como sabemos, quando uma mentira é muitas vezes contada, acaba ganhando ares de verdade – ou, pior ainda, acaba compartilhada em redes sociais e propagada em alguns veículos de comunicação.
08/12/2016 at 18:08
Olá, Me recuso a acreditar que existam pessoas que façam um vínculo destes – postura do pai adotada no passado e que possa refletir nas atitudes do filho!!!!!
Isto não faz sentido. Mesmo jogando em posição totalmente diferente, o Edinho, filho de Pelé, teve problemas até com a justiça penal. Nem pensar então em comparar as carreiras.
Este assunto tem muito de achismo. Como não poderia deixar de ser.
Vou relatar duas “queimadas” de língua que cometi. Uma foi em novembro/14, quando estava feliz da vida por poder ir ao primeiro jogo no Allianz e a revolta com que fui embora naquela noite. Primeira pérola dita para os amigos que estavam comigo: Para o bem do Palmeiras o Paulo Nobre não pode ser reeleito.
Início de março/15. MO havia saído e aventaram dois nomes. Levir e Cuca. Segunda pérola: Se eu fosse o responsável pela contratação do novo técnico, ele seria o Levir Culpi.
Mero achismo nas duas opiniões e o tempo mostrou que as decisões nos dois eventos foram acertadas. Quem poderia imaginar? E se tivesse sido diferente nos dois casos?
Se for ele mesmo, boa sorte ao Eduardo. Que tenha muito sucesso e comece conquistando o Paulistinha, que não conquistamos desde 2008 e para mim é um título muito importante.
Abraços a todos.
08/12/2016 at 23:41
Oi, Marcelo.
Torcedor é assim mesmo: sempre faz comparações, mas nem sempre elas se aplicam.
Em relação aos seus achismos, nada mais natural: o tempo, algumas vezes, derruba todas as nossas certezas.
Obrigado pelo seu post e escreva sempre!
Abs.
08/12/2016 at 10:15
Bom dia, Márcio e Colegas.
Sou sincero em dizer que não gostei da escolha e, novamente, reforço que estou absolutamente indignado e decepcionado com a atitude do Cuca. Para mim, Cuca amarelou e vou explicar o porquê abaixo.
Eduardo Baptista é tudo aquilo que eu não gostaria de ter para 2017: uma tremenda incógnita. Pode ser que vá muito bem, que faça o Palmeiras “voar” em campo e que nos dê muitas alegrias. Pode ser que não consiga fazer nada disso. O que o Eduardo Baptista conseguiu até o momento em sua carreira como treinador para dirigir o atual campeão Brasileiro e levar esse time à conquista do maior objetivo do clube na próxima temporada, que é a conquista da Libertadores e do Mundial de Clubes? Eduardo Baptista é uma aposta e não precisaríamos estar passando por isso se o Cuca não tivesse feito o que fez.
Nas entrevistas de Cuca, ouço exatamente aquilo que escrevi há alguns dias. “Entrego o Palmeiras com a sensação do dever cumprido e saio de bem com a torcida e com a diretoria. Deixo o clube pela porta da frente”. Para mim, é um arregão! Sabe que a cobrança vai ser forte e que vão ser títulos muito mais difíceis de serem conquistados do que esse Brasileiro. Quer sair por cima. Qualquer profissional competente gostaria de dar sequencia a um trabalho que considera bem sucedido, mesmo sabendo que dificuldades virão.
Cuca, para mim, perdeu todos os créditos e se o Palmeiras não for bem nos primeiros meses de 2017 imputo a ele boa parte da culpa, pois está sendo responsável direto pela reformulação da equipe técnica do clube, algo que, com um pouco mais de vontade e ambição, poderia ter sido evitado.
Um abraço.
Valter
08/12/2016 at 11:53
Só mais um comentário, que me lembrei agora.
Como se não bastasse a reformulação da equipe técnica devido a saída de Cuca, ainda perdemos Alberto Valentim que, corretamente, optou por treinar o RB Brasil, após anos esperando uma oportunidade no Verdão. Era uma opção onde a aceitação por parte do elenco tenderia a ser mais positiva do que a de Eduardo Baptista, o que já é meio caminho andado.
Por essas e outras que acredito que não teremos um início de ano promissor em 2017.
08/12/2016 at 14:43
Neste ponto estamos de acordo, Valter.
Se a ideia era apostar, que se apostasse em quem já estava há anos no clube.
Abs.
08/12/2016 at 14:42
Oi, Valter.
Respeito seu ponto de vista, mas a verdade é que não sabemos o quão grave é o problema particular que Cuca vem enfrentado.
Por isso, fica difícil julgar.
Abs.
08/12/2016 at 8:06
Eu já comentei com você que a versão que chegou aos meus ouvidos foi a que você chama de “mentira”, e que você bem sabe que é impossível de escrever aqui qualquer palavra a respeito. Ponto final nessa questão !
Com relação ao Eduardo Batista, do fundo do coração, eu quero quebrar a cara pessoalmente no meu sentimento sobre a contratação desse jovem técnico, da mesma forma que FELIZMENTE, eu quebrei a cara quando previ que “com estes zagueiros medíocres o Palmeiras ficará entre a 8ª e 12ª colocação no campeonato brasileiro de 2.016″.
Tomara que mais uma vez eu quebre a cara nesse meu sentimento atual !
Pergunta fora do post:-
Você tem explicação pros CARÍSSIMOS, IMPRODUTIVOS, verdadeiros “arrastadores de sandálias” dentro e fora de campo SRS. Allione, Lucas Barrios e Rafael Marques, terem sido liberados pra férias e não terem sido relacionados pro jogo contra o Vitória ?
Na minha modéstia opinião foi um agrado, uma politica de boa vizinhança, pois estes jogadores estão com os SEGUNDOS contados no Palmeiras !
08/12/2016 at 14:40
Olá, Jair.
Não “chamo” de mentira a versão que chegou aos seus ouvidos; garanto que ela seja mentirosa.
Em relação à sua pergunta, estes três e todos os demais, com exceção de Gabriel Jesus, já haviam adquirido passagens aéreas ou pacotes de viagem de férias antes da alteração da data da última rodada, e por isso foram dispensados.
Abs.