AOS TRANCOS E BARRANCOS

Veja as análises tática e técnica de todos os profissionais do Palmeiras que, mesmo no sufoco, garantiu a vaga na próxima fase do Paulistão.  

EM SÍNTESE - Vou começar sendo muito claro e direto: o Palmeiras foi muito prejudicado pelo árbitro Vinícius Dias Araújo neste domingo. Talvez por ter corretamente anotado o pênalti para o Mogi Mirim/SP, o apitador sentiu-se acuado no restante da partida e não marcou três penalidades, duas delas claríssimas, para o Verdão. Tais erros não nos atrapalharam, mas não podem simplesmente deixar de serem citados porque o campeonato continua e, se formos eliminados em fases futuras, espero que isso não se dê por erros ou covardias da arbitragem. Dito isso, falemos um pouco do jogo. Não se poderia esperar muita coisa da equipe neste domingo, e por três razões bem claras:
1ª: Jogamos muito, mas muito desfalcados;
2ª: Temos uma partida decisiva na próxima quinta-feira;
3ª: Somente uma improvável combinação de resultados nos eliminaria do Paulistão.
Assim, o que vimos em campo nesta 15ª partida do torneio foi um Palmeiras muito parecido com o das outras 14 – ou seja, um Palmeiras apenas razoável. Os jogadores fizeram o mínimo do mínimo, e somente o suficiente para garantirem a vitória, a vaga e a vantagem de enfrentar o São Bernardo/SP, domingo que vem, na Arena Palestra Itália. Objetivo alcançado, classificação garantida, chance viva de ser campeão paulista mais uma vez… Porém (e infelizmente sempre há de ter um “porém”), que todos nós – torcedores, jogadores, dirigentes – estejamos cientes de que, se o objetivo for mesmo ir pras cabeças e buscar mais uma taça, a equipe terá de obter as vitórias de formas bem mais convincentes. Afinal, aos trancos e barrancos nem sempre se chega aonde se quer.  
 

FERNANDO PRASS – 5
REGULAR 

O Mogi Mirim/SP tem um time tão horrível que o único chute de perigo que deu a gol em todo o jogo foi o pênalti cobrado por Lulinha, o qual nosso goleiro quase pegou, diga-se de passagem. No mais, foi o amigo aí da foto apenas um espectador da partida.

JEAN – 6
BOM 

Defensivamente, é verdade, mostrou as mesmas deficiências já vistas anteriormente. Mas ofensivamente aproveitou bem o espaço que teve e se mandou para o apoio, sendo muito eficaz em quase todos os lances de ataque de que participou.  Quando passou a atuar no meio-campo, manteve o bom futebol e quase fez um lindo gol de fora da área.

THIAGO MARTINS – 4,5
RUIM 

Vou começar a análise deste jogador com as mesmas palavras que utilizei no pós-jogo contra o Rosário Central/ARG: “Cuca pode insistir o quanto quiser com este menino, mas dificilmente ele se tornará um zagueiro confiável”. Sua média é de um erro grave por partida, e neste domingo ele não fugiu à regra, pois Matheus Sales só cometeu o pênalti porque o garoto não conseguiu dominar uma bola fácil, perdendo-a para o adversário. Sei que é muito jovem e que ainda poderá se tornar um bom jogador, mas o problema é que a nossa necessidade é para hoje, não para amanhã.

 VÍTOR HUGO – 6
BOM 

Recuperou-se da má partida do meio de semana com um futebol prático, ou seja, sem altos mas também sem baixos. Foi bem nas antecipações e, ainda no primeiro tempo, impediu com uma falta (que lhe rendeu o cartão amarelo) que o Mogi fizesse um gol.

VICTOR LUÍS – 5
REGULAR

Se alguém esperava que ele tivesse uma atuação melhor do que teve é porque não entende muito de bola. Era óbvio que, hoje, ele no máximo daria conta do recado, sem se destacar em nenhum fundamento. Assim, errou cruzamentos, acertou desarmes, quase fez um lindo gol de falta – a bola se chocou ao travessão de Mauro -, cometeu faltas desnecessárias. Nada anormal para quem não disputava uma partida oficial havia quatro meses.  

GABRIEL – 5,5
SATISFATÓRIO 

Mesmo longe de suas melhores formas física e técnica, já deu ao nosso sistema defensivo uma proteção bem mais efetiva de quando não pudemos contar com seu futebol. O problema é que, hoje, foi mal em uma de suas principais qualidades – o passe. Por isso, comprometeu nossa defesa em duas oportunidades. No fim do jogo, arriscou um chutaço de fora da área e só não marcou um golaço porque Mauro brilhou.

MATHEUS SALES – 5
REGULAR

A função de um segundo volante é, principalmente, dar a saída de jogo para o meio-campo. E isso ele não fez nesta modorrenta tarde de outono que mais se pareceu com a de um verão escaldante. Não teve culpa ao cometer o penal, até porque não percebeu a aproximação do adversário, mas deixou a desejar. Sua substituição já no intervalo foi um dos acertos de Cuca.

ROBINHO – 5,5
SATISFATÓRIO

Pode ser apenas uma má fase, acredito que seja apenas uma má fase, mas e fato que não está jogando em 2016 nem a metade do que jogou em 2015. Parece cansado demais, apático demais, e mesmo acertando um ou outro passe, um ou outro lançamento, a verdade é que mais uma vez esteve muito aquém do articulador do qual nosso time precisa.

ALLIONE – 7
ÓTIMO

O melhor do Palmeiras. Apesar de errado alguns passes fáceis, a verdade é que participou diretamente das jogadas de nossos dois gols, fez um ótimo trabalho pela meia esquerda – ou, algumas vezes, até mesmo pela ponta esquerda – e foi de seus pés que saíram as melhores bolas da nossa equipe. Um dia, haverá de ter um treinador no Palmeiras que lhe escale na função na qual sempre jogou e sempre rendeu mais: a meia. Ou eu não disse aqui, várias vezes, que deveria ser ele o substituto de Valdivia?

ALECSANDRO – 6,5
MUITO BOM 

É inegável que a chegada de Cuca, com quem trabalhou e foi campeão do Atlético/MG, fez com que ganhasse mais confiança e com isso que seu futebol melhorasse muito em relação ao que vimos no ano passado. Hoje, não teve uma grande atuação, mas cumpriu bem as duas funções que lhe foram impostas: estava no lugar onde deve estar um centroavante quando marcou o nosso primeiro gol e, após a saída de Robinho, recuou para o meio, ajudando na armação das jogadas.

RAFAEL MARQUES – 6
BOM 

Gostei do espinguelado no jogo de hoje. No primeiro tempo, apareceu pelos lados do campo e, principalmente, em nossa intermediária ofensiva, tentando criar jogadas. E uma delas foi o ótimo lançamento que fez a Allione, o qual culminou em nosso primeiro gol. O seu problema é que sai tanto da área que acaba se esquecendo de que, na verdade, é um atacante, e por isso quase sempre é substituído – corretamente, por sinal – na etapa final. 

CUCA – 6,5
MUITO BOM 

Nosso treinador está fazendo o que pode dentro das condições que lhe são impostas. Com uma incrível sequência de jogos seguidos e decisivos, o tempo para treinamentos se torna cada vez mais exíguo, e a pressão por resultados positivos, como sempre, é cada vez intensa. O jeito é ele ir arrumando o time a cada partida, e escalando a equipe titular de acordo com as características do adversário e da própria partida. Isso tem feito Palmeiras jogar o fino da bola? Claro que não. Aliás, ainda apresentamos alguns problemas, principalmente o espaço que damos aos nossos oponentes durante todas as partidas. Além disso, o time não tem estabilidade emocional para segurar um resultado positivo, quase sempre cedendo o gol minutos após ter feito o seu – como hoje, por exemplo. Por outro lado, o Verdão melhorou, sim. Já praticamente não vemos os chutões, constantes na época de Marcelo Oliveira, existe uma maior presença ofensiva da equipe, a bola fica muito mais tempo no nosso campo de ataque. Tudo isso já é fruto do trabalho de Cuca que, mesmo diante de tantas dificuldades, melhorou – ao menos parcialmente – a nossa equipe. No jogo deste domingo, o trabalho do nosso treinador foi muito bom: com nada menos do que sete desfalques (Edu Dracena, Egídio, Arouca, Zé Roberto, Gabriel Jesus, Cristaldo e Dudu), ele fez o que pôde – e o fez muito bem. Montou a equipe no 4-4-2, mas com um dos atacantes, no caso Rafael Marques, voltando para ajudar na armação – e desta decisão saiu o passe a Allione, que terminou no primeiro gol da tarde. Com um cabeça-de-área (Gabriel) e um segundo volante (Matheus Sales), protegeu bem a nossa zaga e, com isso, liberou os laterais, principalmente Jean. Por fim, em nenhum momento permitiu que a equipe fosse dominada pelo adversário, sempre orientando à beira do gramado o correto posicionamento de todos os jogadores. Nas substituições, acertou em cheio ao mandar a campo, já durante o intervalo, o atacante Erik, que deu mais velocidade ao time pela esquerda. Também acertou na mosca quando optou pela entrada de Lucas Barrios no lugar de Rafael Marques, pois o paraguaio, mesmo ainda fora de forma, é muito melhor finalizador. Por fim, também acertou quando sacou Robinho e, para que não fizesse o famoso “seis por meia dúzia”, optou pela entrada de Lucas e o deslocamento de Jean para o meio, e não ela entrada pura e simples de outro meia – Régis.

ERIK – 6
BOM

Entrou para dar mais velocidade e maior posse de bola ao lado esquerdo do nosso ataque, e cumpriu muito bem a sua missão. É verdade que errou alguns lances individuais e que por enquanto nem em sonho jogou no Palmeiras o que jogou no Goiás/GO, mas também é verdade que sofreu um pênalti claro, sendo empurrado dentro da área, em lance que poderia ter nos garantido uma vitória mais tranquila.

LUCAS BARRIOS – 6
BOM

É um excelente finalizador, e o gol da vitória que marcou neste domingo é mais uma prova disso. Só não consigo entender porque está tão mal fisicamente, e isso desde o começo deste ano. Em razão de tal deficiência, perdeu a chance de marcar mais uma vez em Mogi, permitindo que o adversário (que estava a anos-luz de distância) chegasse à frente e o desarmasse.

 LUCAS – 6
BOM

Entrou com vontade de jogar e de provar a Cuca que merece ter a posição de volta (o que, na opinião deste jornalista, ainda não deve acontecer). Foi muito bem no apoio e cruzou duas bolas com muito perigo, que por pouco não se transformaram em nosso terceiro gol.

FOTOS DA CAPA: César Grecco/Ag. Palmeiras

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

10 – DIVINO
9,5 – PERFEITO
09 – QUASE PERFEITO

8,5 – EXCELENTE
08 – EXCELENTE
7,5 – ÓTIMO
07 – ÓTIMO
6,5 – MUITO BOM
06 – BOM
5,5 – SATISFATÓRIO
05 – REGULAR
4,5 – RUIM
04 – MUITO RUIM
3,5 – PÉSSIMO
03 – PÉSSIMO
2,5 – VERGONHOSO
02 – VERGONHOSO
1,5 – MEDONHO
1,0 – MEDONHO
0,5 – ENOJANTE
00 – ENOJANTE 

16 Responses to AOS TRANCOS E BARRANCOS

  1. Márcio estou confiante na classificação quinta feira, só não estamos melhores porque demoraram muito para dar linha no Marcelo Oliveira e sua corja de incompetentes, com relação ao jogo de ontem não assisti e por isso não vou comentar nada porque não fez mais que a obrigação. abs.

    • Márcio Trevisan

      Deus te ouça, Maciel.

      Ma sempre que esta situação acontece me recordo de um velho amigo, que frisa: “Toda vez que surge o ‘se’ é porque as coisas já foram pro buraco’.

      E como a gente só leva a vaga SE o Nacional/URU vencer…

      Abs.

  2. JORGE FARANI

    Marcio,

    Na observação nr 01 voce diz: jogamos muito, mas muito desfalcados, sinceramente não entendi o que você quer dizer, pois faz tempo que não sei dizer qual o time titular desse bagunçado time do Palmeiras. Por mais que goste do Cuca, acho que vai dificil acertar esse time com tantos jogadores mediocres no plantel. Ele mesmo já teve a oportunidade de declarar que precisa de uma sequencia de jogos e ficar disputando campeonatos e torneios intercalados como Paulistão, Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão, e ficar poupando jogadores, aí é que não vai funcionar mesmo!

    • Márcio Trevisan

      Farani: quantos times brasileiros têm um elenco tecnicamente superior ao do Palmeiras? Eu disse “elenco”, não “time”.

      De pronto, eu me lembro apenas de um: Atlético/MG.

      Então, acho que o nosso grupo é, sim, muito bom, e com a chegada de dois ou três reforços poderá ficar bem perto de ser suficiente para disputar os títulos do segundo semestre.

      Abs.

      • JORGE FARANI

        Permita discordar de você com essa de dois ou três reforços, pois já estamos caminhando para dois anos que essa politica que foi implantada no clube com contratações e dispensas a cada semestre e os resultados não estão aparecendo. Continuo a dizer que quantidade nunca foi e nunca será qualidade, pois se assim fosse não estariamos nessa situação de apenas participar das competições. O plantel é grande e fraco, tanto que o proprio Cuca já declarou que “sem essa de dizer que temos um excelente plantel, o que nós temos é um bom time”. Concordo com ele em tudo, pois está sendo realista e franco com o torcedor.

        • Márcio Trevisan

          Olá, Farani.

          Vc pode discordar o quanto quiser de mim ou de outros internautas – o espaço aqui é sempre democrático.

          É uma questão de opinião: considero, sim, o nosso elenco de bom nível e, no mínimo, equivalente ao de vários outros grandes times brasileiros.

          Mas não é verdade que estamos apenas participando dos torneios: fomos vice-campeões paulistas e campeões da Copa do Brasil/2015. Ou seja: chegamos à final de dois dos três torneios que disputamos no ano passado.

          Abs.

  3. Agora é ter calma para quinta feira. Esquecer o jogo do Nacional, apenas vencer o River. E daí se der deu, se não der paciência. Não vai ser nenhum fim do mundo não se classificar na libertadores. O mais importante é o Cuca nos dar um time de verdade que tenha condições de vencer o brasileiro.

    • Márcio Trevisan

      Ed: faço minhas as suas palavras.

      Erramos muito nos primeiros jogos da Libertadores e por isso ficamos nesta situação. De qualquer forma, mesmo que consigamos nos classificar, o mais provável é que não cheguemos muito longe, pois é quase certo que decidiremos sepre fora de casa e, cá entre nós, há alguns times em melhor momento do que o nosso.

      Em relação a Cuca, acho que ele poderá dar um jeito no time, sobretudo se uns dois ou três reforços de peso forem contratados.

      Abs.

  4. emiio maranga

    Ja podemos por na conta do Paulo-Agiota mais duas eliminações –LIBERTADORES e PAULISTA e Talvez mais 2 Copa do Brasil e sétimo colocado no Brasileirão !!! Quem sabe oPaulo Agiota ,não consiga nem eleger seu sucessor !!!!!!!!!!!!!!!!

    • Márcio Trevisan

      Olha, Maranga, realmente não acredito que seremos campeões paulistas e da Libertadores, pois erramos muito e talvez não tenhamos forças para chegar.

      Mas projetar insucesso do Palmeiras na Copa do Brasil e no Brasileirão, competições que sequer começaram, me parece ser algo mais esperado de corintianos do que de palmeirenses. Quanto ao sucessor de PN, de fato dependerá de como o futebol do time se sair neste segundo semestre e, claro, também de quais serão os candidatos oposicionistas.

      Abs.

  5. Paulo Eduardo Michelotto

    Olá Márcio . Estamos há quatro jogos invictos. A imprensa gambática não vai falar nada ?

    • Márcio Trevisan

      Não, Paulo, não vão falar.

      Aliás, no programa matinal esportivo das manhãs de domingo de uma certa emissora a chamada foi “O Palmeiras pode ser eliminado hoje”.

      Só por aí a gente já percebe o quanto os caras gostam da gente.

      Abs.

  6. Roberto Alfano

    Bom dia, valeu Verdão pela classificação no Paulista aos trancos e barrancos, muitos nem acreditavam.

    Porém temos que acreditar em Milagre na próxima Quinta-Feira, força Verdão vamos lutar até o fim, quem sabe os Deuses do Futebol apareçam….

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Alfano: vamos ganhar do RP uruguaio, creio até que com certa facilidade.

      E espero que Nobre repita o que fez em 2014 com o Flamengo e o Vitória e mande um “agrado” a Victorino, Eguen e seus amigos.

      Abs.

  7. Opa primeirão aqui ó. Vamos lá Verdão, rumo ao título do Paulista.

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