Dois dias antes de oficialmente se tornar dono do Parque Antártica, o Palestra Itália estreou no Campeonato Paulista de 1920. O resultado não poderia ter sido mais positivo e, ao mesmo tempo, mais indicativo do que estava por vir: jogando no Campo da Ponte Grande (portanto, fora de casa), goleamos o Corinthians por 3 a 0, com dois gols de Heitor e outro de Ministro.
De fato, a diretoria havia se empenhado muito na aquisição do campo de jogo, mas não menos na manutenção da equipe que no ano anterior havia se sagrado vice-campeã estadual. O ótimo desempenho do time no Paulistão de 1919 era um bom indício de que a política do clube estava correta também no que se referia ao futebol. Assim, a única mudança que aconteceu entre os titulares se deveu a uma aposta feita pelo zagueiro Bianco, capitão e também técnico do grupo: foi ele quem determinou que o goleiro titular do alviverde não seria mais Flosi, e sim Primo.
Assim, com um novo titular na meta, os palestrinos deram o pontapé inicial naquele Campeonato Paulista. Aliás, foi um começo pra lá de arrasador: oito vitórias em oito jogos! Algumas delas, aliás, obtidas com resultados históricos, como o 7 a 0 sobre o Mackenzie, em 26/05, ou os 11 a 0 diante do Internacional da Capital/SP, em 08/08 (por sinal, até hoje a maior goleada da história do clube em jogos oficiais).
Tudo caminhava bem, mas por muito pouco aquele não foi mais um ano de muita frustração para o Palestra. É que de nada adiantaram o protesto e a saída do Campeonato Paulista de 1918, pois os equívocos da arbitragem continuaram de forma acintosa. Houve uma partida no segundo turno na qual, todavia, todos os limites foram extrapolados. Enfrentávamos o Corinthians no Parque Antártica naquele domingo, 5 de maio. Após um primeiro tempo de muito equilíbrio, Heitor colocou nosso time à frente do placar logo aos 5 minutos. Amílcar, porém, empatou aos 18, através de um pênalti muito discutível. Para piorar, Américo virou o clássico para os corintianos.
O pior, contudo, estava por vir. Num novo ataque do time alvinegro, o craque Neco desferiu vários pontapés em Primo após uma defesa. Fechou o tempo: o que se viu a seguir foi uma verdadeira batalha campal, que só terminou com a intervenção dos policiais e de alguns dirigentes menos exaltados de ambos os times. Esperava-se uma enérgica ação por parte do árbitro Odylon Penteado do Amaral que, todavia, alegou nada ter visto de irregular e não expulsou Neco.
Por pouco os jogadores do Palestra Itália não repetiram o que haviam feito dois anos antes e abandonaram o gramado. Ao final do jogo, porém, tanto o árbitro quanto os corintianos precisaram de escolta policial para deixarem o Parque Antártica, já que a torcida palestrina ficou indignada com a forma pela qual o time perdeu a partida.
Mais indignados ainda ficaram nossos dirigentes, que logo no dia seguinte resolveram, após reunião com cúpula do clube, mais uma vez solicitar à APEA a saída da competição. “Se é para ser prejudicado, então nosso clube se despede novamente do campeonato”, disse o então presidente palestrino, Menotti Falchi.
A entidade que comandava o futebol bandeirante já nos havia concedido tal licença em 1918 e, temendo que isso se tornasse prática toda vez que um time se julgasse prejudicado pela arbitragem, negou a solicitação. Para tanto, contou com o apoio das outras associações. E fez mais: em nota oficial publicada nos principais jornais da época, disse, textualmente: “Se o Palestra Itália se retirar do Campeonato Paulista deste ano, não terá seu lugar respeitado no torneio do ano que vem”. Não houve outro jeito senão continuar na competição. Mas então nossos jogadores se reuniram e juraram que, contra tudo e contra todos, o Palestra Itália seria campeão.
Em nosso próximo encontro, saberemos como se saiu o Palestra Itália no restante da competição.
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01/08/2015 at 11:40
Isso é realmente a história do Palmeiras!
Desde sempre foi assim, contra tudo e contra todos, contra arbitragens, confederações, emissoras de tv, circo do stjd. É assim que seremos campeões novamente em 2015!
Avanti Palestra!!!
01/08/2015 at 14:31
É verdade, Tiago: sempre tivemos de brigar, inclusive contra os “paulistas quatrocentões”, como contei anteriormente.
Abração.