O “PEDACINHO PRETO DE DEUS”, AGORA MAIS PERTO DELE

Passagem de Djalma Santos ao Plano Espiritual não será capaz de fazer o palmeirense esquecer seu talento e seu amor pelo Verdão. 

Ser jornalista esportivo tem algumas vantagens, e uma delas é poder conhecer de perto seus principais ídolos. Porém, neste caso existe também uma desvantagem: quando estes ídolos terminam suas trajetórias terrenas nós, os repórteres, sentimos na pele. 

Foi o que aconteceu há instantes, quando tomei conhecimento da passagem de Djalma Santos ao plano espiritual. Não uma, mas diversas vezes pude conversar com ele nos jantares em homenagem aos jogadores do passado, os quais o Palmeiras promove anualmente, e sempre vi um homem humilde, de sorriso fácil, que nem de longe lembrava aquilo que sempre foi: o melhor lateral-direito da história do futebol mundial. 

Um dos recordistas em longevidade no futebol – jogou profissionalmente de 1949 a 1970, totalizando, portanto, 21 anos – Djalma Santos já era um craque consagrado quando chegou ao Verdão. Durante 10 anos, defendera com enorme sucesso a Portuguesa Desp./SP, trazendo na bagagem duas Copas do Mundo – 1954 e 1958. Nesta, atuou apenas na última partida, contra a Suécia, mas jogou tanto que, mesmo assim, foi eleito o melhor de sua posição naquele Mundial. 

Djalma Santos foi o único jogador da história do Palmeiras a defender uma Seleção da Fifa, em 1963.

No Palmeiras, sua brilhante trajetória iniciada na Lusa teve sequência. Titular absoluto por anos seguidos, somente quando já se preparava para deixar o clube é que atuou, algumas vezes, como zagueiro central. Também, pudera: com quase 40 anos, seu fôlego já não era suficiente para acompanhar os então ágeis e velocistas pontas-esquerdas. As 498 partidas em que vestiu a nossa camisa o colocam na pra lá de honrosa 8ª colocação entre os jogadores que mais vezes atuaram pelo Verdão. 

O status de maior craque da lateral-direita em todos os tempos este simpático senhor manteve até hoje, quando se deu sua passagem ao Plano Espiritual, e manterá, muito provavelmente, para sempre, numa inconteste prova de seu gigantesco talento. 

Além de todos os títulos que conquistou jogando com a camisa alviverde – e foram 14!!! -, Djalma carregará para sempre o apelido que ganhou do saudoso locutor esportivo Fiori Gigliotti que, após vê-lo jogar um futebol tão refinado, com muita propriedade passou a chamá-lo de “Pedacinho preto de Deus”. 

Boa viagem, Djalma. 

Ficha Técnica no Palmeiras      

NOME: Dejalma dos Santos
DATA E LOCAL DE NASCIMENTO: 17.02.1929, em São Paulo/SP
DATA E LOCAL DE FALECIMENTO: 23/07/2013, em Uberaba/MG
POSIÇÃO: Lateral-direito
ESTRÉIA: 31.05.59 – Comercial da Capital/SP 1 x 6 Palmeiras
DESPEDIDA: 28.07.68 – Cianorte-PR 3 x 4 Palmeiras
JOGOS: 498
GOLS: 10
TÍTULOS: Paulista/59, Taça Brasil/60, Torn. Quadrang. de Lima-PER/62, Torn. Cid. de Manizales-COL/62, Paulista/63, Torn. de Firenze-ITA/63, Torn. de Guadalajara-MÉX/63, Rio-São Paulo/65, Torn. IV Centenário Rio de Janeiro/65, Torn. Inauguração do Mineirão/65, Paulista/66, Torn. Quadrang. João Havelange/66, Brasileirão/67 e Taça Brasil-Japão/67.

12 Responses to O “PEDACINHO PRETO DE DEUS”, AGORA MAIS PERTO DELE

  1. Salve Djalma! descanse em paz Eterno Campeão! não o vi jogar mas nas entrevistas me pareçeu e é um baita ser humano! Muito obrigado por defender nossas cores com honra e conquistar vários títulos para nosso Palestra! Valeu craque!

  2. Boa noite Marcio, temos a limitação intelectual presente, quando analisamos os atuais jogadores como craques, visto que a atual competição nacional , projeta times medíocres, com jogadores limitados, em caráter e técnica, bem diferente do Senhor Djalma Santos, que não pode ser comparado a qualquer “atleta´´, que a mídia predatória, rotula ser uma dominador de técnica e honra, pois estamos em crise de valores por diversos aspectos, já que não mais teremos os espetáculos de futebol, que meu Pai e tios, bem como seu Pai e parentes viram na decada de 60 e inicio de 70, o futebol perdeu muito em qualidade, mas ganhou dinheiro e mentiras na era do Marketing barato!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Cláudio.

      É verdade. Hoje, bastam três ou quatro boas partidas e o jogador já é considerado craque.

      Quer um exemplo bem recente? Neílton, do Santos/SP. Parece, mesmo, ter futuro, mas não é e nem será um novo Neymar, como alguns dos meus colegas jornalistas sonham e começam a prever.

      Abs e escreva sempre.

  3. Roberto Alfano

    Justa e emocionante a sua despedida deste já saudoso craque,humilde e de um talento jamais visto e raros nos dias de hoje.

    Que Deus lhe receba e merecidas graças ao grande Djalma Santos por ter servido ao Palmeiras e Seleção Brasileira como o melhor lateral do Mundo,

    Abs.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Obrigado pelo elogio.

      Nosso time no Céu está ficando cada vez mais forte.

      Abs.

  4. Saudade de quem era um menino no começo dos anos 60 e levado por seu saudoso Pai pra ver em Taubaté pela 1ª vez um jogo do Palmeiras, equipe formado pelos inesquecíveis jogadores da 1ª Academia.
    Até hoje não me sai da memória 2 ou 3 embaixadas feita por este extraordinário jogador (recebia a bola de Valdir de Moraes na boca da área da defesa do Palmeiras e atravessava a intermediaria dando toques atras de toques, não deixando a bola tocar no chão, atravessava o campo e ai sim colocava a bola no chão e dava um lançamento pro Vavá ou para outros companheiros tentar a finalização no gol do Taubaté).
    Apesar dos jogadores adversários virem no seu corpo, Djalma muito forte, recebia os trancos e no corpo a corpo levava sempre a melhor.
    Lateral com técnica inigualável, com força suficiente para lançar todas as bolas de cobrança de lateral dentro da pequena área dos times adversários, jogador digno e honrado que não dava pontapés nos adversários, jamais deu cotoveladas, voadoras pelas costas, zagueiro que não cometia nenhum tipo de agressão, o que falar mais deste VERDADEIRO CRAQUE.
    Descanse em Paz Djalma e muito obrigado por tudo que você fez para o nosso querido Palmeiras.

  5. Boa tarde Márcio.

    Tudo bem?

    Eu VI Djalma Santos jogar e te asseguro, na minha humilde opinião, que ele foi o MAIOR lateral direito do mundo em todos os tempos.Tudo o mais que eu poderia dizer seria somente redundância ao que todos já disseram.

    Apenas lembro que o Djalma foi um dos raríssimos jogadores que ganhou o troféu Belfort Duarte, que, para quem não sabe, era um troféu dado pela antiga CBD (hoje CBF) ao jogador que ficasse 10 anos SEM ser expulso de campo. Isso diz muito sobre o craque que se foi.

    Cabe aqui um comentário muito inspirado de um torcedor palmeirense que li de madrugada em outro blog: “O time celestial do Palmeiras acaba de receber mais um craque”

    Um abraço do amigo

    Roberval

  6. Marcio,

    Classificam jogadores como Kaká, Cafu, Dunga, Rai, Careca, e até mesmo o gambá Paulinho de craques, então como classificar um cara desses?

    • Pseudo-craques. Depois de Enéas e Dener, ambos da Portuguesa, não vi mais nenhum craque.

    • Márcio Trevisan

      Heber: isso acontece porque o grau de exigência é inversamente proporcional à necessidade do surgimento de novos ídolos.

      abs.

  7. Gleimar Rubio Luciano

    Márcio, bom dia.

    Perdemos mais um excelente ser humano,
    além de excepcional jogador.

    As novas gerações tanto de torcedores
    como principalmente de jogadores deveriam
    conhecer a história deste craque que por
    tantos anos defendeu a nossa equipe e a
    seleção brasileira.

    É pena que daqui a uma semana ninguém
    se lembra mais dele.

    Um abraço.

    • Márcio Trevisan

      Oi, Gleimar.

      Justamente por esta razão sempre reservo espaço à história dos nosso craques neste site.

      Abs.

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