Craque dos anos 50 e 60, nosso melhor lateral-esquerdo disputou 356 partidas em quase 10 anos de clube.
Sempre que um ex-jogador do Palmeiras parte rumo ao Plano Espiritual, abre-se uma nova lacuna no coração de todos os torcedores que o viram jogar ou, como no caso deste jornalista e historiador, conhece sua trajetória graças a anos e anos de estudo e pesquisa. E foi exatamente isso o que se deu ontem, quando nos chegou a notícia da viagem final de Geraldo Scotto.
Para aqueles que tiveram a sorte de vê-lo jogar, nem mesmo a possibilidade de não o considerar o melhor lateral-esquerdo da história do Palmeiras já soa como afronta e heresia. Geraldo Scotto, brilhante profissional que vestiu nossa camisa por quase 10 anos ininterruptos, tornou-se uma lenda, e figura em todas as seleções dos melhores do Verdão feitas pelos mais antigos ou por aqueles que estudam e conhecem a nossa história.
Para que fosse perfeito, porém, faltou apenas um item a Scotto: uma maior ambição ofensiva. Era, isso sim, um exímio marcador, e driblá-lo não era tarefa fácil para ninguém. Nem mesmo para Garrincha, com quem travou inesquecíveis batalhas em vários jogos contra o Botafogo/RJ. Foi o próprio Mané quem, por sinal, disse um dia ter sido o jogador palmeirense o seu mais difícil obstáculo.
Geraldo Scotto começou no XV de Piracicaba/SP no início dos anos 50 e, antes de chegar ao alviverde, teve rápidas e discretíssimas passagens por empréstimo tanto no São Paulo/SP quanto no Santos/SP. Os dois rivais, porém, acharam que não valeria a pena pagar o que a equipe piracicabana exigia para liberá-lo em definitivo. O Palmeiras, por sua vez, pagou par ver: e se deu muito bem.
Faltou muito pouco para que Scotto estendesse sua fama e inserisse seu nome também na história da Seleção Brasileira. Nome certo para a Copa do Mundo de 1962, foi cortado na última hora por ter sofrido uma séria contusão. Sem ir ao Chile, não se sagrou bicampeão do mundo com o Brasil. O prêmio de consolação lhe foi dado após o Mundial pela diretoria palmeirense, que lhe outorgou um diploma e uma medalha, onde se lê: “A Geraldo Scotto, digno campeão mundial de 1962, o reconhecimento da S. E. Palmeiras”.
Vivendo na Vila Mariana, bairro da Zona Sudeste da Capital paulista desde que encerrou a carreira, Geraldo Scotto sofreu uma parada cardíaca no fim da manhã de ontem, quarta-feira. Viveu 76 anos de intenso amor pelo Verdão, e é também em nome deste sentimento que a torcida palmeirense jamais o esquecerá.
29/07/2011 at 21:01
Adoro ler os comentários do Penna Filho, com toda sua experiência e conhecimento nos brindando com o melhor da história do Palmeiras.
Grande abraço.
28/07/2011 at 14:14
Prezado Márcio,
eu fui um dos felizardos por ter visto Geraldo Scotto a partir do meu inesquecível e primeiro campeonato que ganhei como torcedor do Palmeiras, em 1959. É triste saber que ele já não está entre nós, mas certamente consola saber que ele ficará nos corações palmeirenses.
Uma observação: na época, eram poucos os chamados zagueiros-laterais que apoiavam com freqüência. No mesmo time de 59, tínhamos Djalma Santos, no lado direito, que sabia apoiar. No Botafogo, sobressaia-se o notável canhoto Newton Santos.
Enfim, naqueles tempos não havia tanto essa necessidade do zagueiro apoiar o ataque. No nosso Palmeiras a tradição era jogar com 6 atuando do meio para a frente. Eu vi, reportei e guardei na memória.
Sim, algumas vêzes éramos surpreendidos, como no 7×3 que o Santos nos impôs na Vila Belmiro, no fim do primeiro turno de 59. Mas tinha volta, sempre tinha volta com o Santos, Botafogo e quem mais aparecesse. A volta com o Santos no returno de 59 foi 5×1, com a mesma diferença de gols.
Enquanto isso, atualmente, testemunhamos com perplexidade a história do Palmeiras ser atirada no lixo. Embora materialista, vou rezar para que dezembro de 2012 chegue logo.
Abraço do
Penna Filho