DOS MALES, O MENOR

Palmeiras perde título menos importante do ano. Paulistinha ficou com quem mais o mereceu.

 

Meus amigos.

Se perder um jogo para “eles”, por mais insignificante que seja, já é uma dor quase que insuportável, perder um título para “eles”, por mais insignificante que seja, é algo que dilacera o peito, polui o coração e putrifica a alma. Por isso, sei exatamente como vocês se sentem neste momento, pois é exatamente da mesma forma que me sinto: parece até que perdemos a luta para uma doença incurável.

Mas a verdade é que não foi bem assim – pelo menos desta vez. Se analisarmos friamente toda a situação, veremos que sequer merecíamos ter chegado à decisão deste Paulistinha. Afinal, desde o começo da competição sabíamos que a diretoria e a comissão técnica haviam relegado o torneio estadual a segundo plano, tanto que em vários dos jogos atuamos com equipes mistas. Além disso, chegamos à última rodada da fase de classificação dependendo de terceiros, e só por uma grande sorte conseguimos a vaga nas quartas de final. Na semifinal, um erro de arbitragem nos garantiu a vitória. Por fim, o futebol que apresentamos nas duas partidas decisivas foi tão simplório que até mesmo este vice-campeonato chega a nos ser imerecido.

Por outro lado, nosso maior rival encarou o campeonato como se fosse uma Copa do Mundo de Clubes, exatamente a que iremos disputar no meio deste ano. A prova disso foi o quase compulsivo choro de um de seus jogadores instantes antes do fim do derby. Se alguém que nada entendesse de futebol visse aquela cena, certamente pensaria que o time “deles” estava bem próximo da conquista de uma taça em nível mundial, e não apenas de mais um Paulistinha da vida.

Como disse no título e na linha fina desta crônica pós-jogo, o Palmeiras perdeu o título menos importante de 2025 – ou seja: dos males, o menor. Não existe comparação entre a competição estadual e os quatro – ou até mesmo cinco – torneios que ainda teremos pela frente até dezembro: Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Copa do Mundo de Clubes, Copa Libertadores e, se desta conquistarmos o tetracampeonato, também a Copa Intercontinental. Não estou tentando diminuir este empate por 0 a 0 e a consequente conquista “deles”, mas a verdade é que se eu tivesse de escolher um título para perder nesta temporada este seria o que perdemos nesta noite.

Mesmo assim, claro que que todos nós gostaríamos de estar comemorando, e não chorando, neste momento. E isso até poderia ter acontecido não fossem quatro fatores fundamentais:

1 – Nossos dois principais jogadores, Estêvão e Raphael Veiga, foram completamente anulados em ambas as partidas.

2 – Nosso principal cobrador de pênaltis conseguiu desperdiçar uma cobrança aos 30 minutos do segundo tempo e se tornou o principal responsável pelo nosso fracasso (exatamente como já acontecera nas oitavas da Copa do Brasil de 2022, quando perdeu dois penais diante do São Paulo – um no tempo normal e outro na disputa).

3 – Nosso treinador simplesmente não soube como fazer o time jogar quando mais precisávamos de que isso acontecesse. E a prova disso é que, mesmo necessitando desesperadamente de pelo menos um gol, só foi mexer na equipe aos 32 da etapa final.

4 – Nosso maior rival, mais uma vez, não teve vergonha nenhuma de jogar fechado, e diante de mais de 48 mil de seus torcedores. Tal postura (para nós, palmeirenses, vergonhosa), para “eles” é quase que um DNA, já que historicamente muitas das taças que obtiveram foram obtidas desta forma. Desta vez, por sinal, com todos os méritos, já que desde a primeira rodada todos vimos a seriedade com a qual encararam este Paulistinha.

Por fim, prezado palmeirense, como dizia minha nona, “deixemos os mortos descansarem em paz e cuidemos dos vivos”. E é isso que teremos de fazer já a partir de domingo, quando mais uma vez iniciaremos nossa busca pelo tridecacampeonato brasileiro. E por mais que neste momento estejamos sangrando por dentro, em breve este sangue estancará.

Ainda neste ano de 2025 todos nós iremos sorrir outra vez. Podem apostar.

 

WEVERTON
NOTA 5

MAYKE
NOTA 4,5

MURILO
NOTA 5,5

MICAEL
NOTA 5

PIQUEREZ
NOTA 5

EMI MARTINEZ
NOTA 5,5

ANÍBAL MORENO
NOTA 5

RAPHAEL VEIGA
NOTA 3

ESTÊVÃO
NOTA  4

VÍTOR ROQUE
NOTA 5

FACUNDO TORRES
NOTA 5


ABEL FERREIRA
NOTA 4,5

RICHARD RÍOS
NOTA 5,5

FLACO LÓPEZ
NOTA 5

NAVES
NOTA 5

FELIPE ÂNDERSON
NOTA 5

THALYS
NOTA 5 

IMAGENS: CÉSAR GRECO/AG. PALMEIRAS

12 Responses to DOS MALES, O MENOR

  1. roberto alfano

    Boa noite caro Trevisan, confesso como Palmeirense estou sem dormir, pois o Palmeiras não está demonstrando a mesma garra como sempre, agora é começar de novo os demais Campeonatos já no próximo Domingo e justo com quem “Botafogo”.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Só consegui pegar no sono, e ainda assim muito levemente, por volta das 6h00 desta sexta-feira.

      Recomeçar é inerente ao futebol. E após a perda do título, uma vitória sobre o atual campeão brasileiro será fundamental.

      Abs.

  2. Olha, o único motivo de ter acompanhado e torcido pelo Paulistinha deste ano era pela chance de se tornar o único tetracampeão entre os grandes! Não seria só mais um título, seria o Tetracampeonato Paulista! Isso sim seria glorioso! Mas enfim, paciência, né? Agradecimentos sinceros ao Raphael Veiga e ao Weverton, o “braço de crocodilo”.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Cassiano.

      Você está certo: só valeria, mesmo, pelo inédito tetra – o qual, aliás, acho que nunca acontecerá para time algum.

      Quanto a Raphael Veiga e Weverton, eles foram apenas dois que falharam em momentos decisivos. Há outros, meu amigo, muitos outros…

      Abs.

  3. Heitor Domingues Faílla Junior

    Bom dia Marcio e amigos palestrinos,algumas observações :

    time não mereceu ser campeão,não jogou para isso( aliás nesse ano qual partida jogamos bem ? que eu me lembre nenhuma);

    time foi desmontado( precisava ser ) e novo entrosamento deve demorar ;

    mesmo não jogando nada,não pode perder penalidade em decisão seu Veiga (me deixou a nítida impressão que estava se borrando todo prá bater o pênalti ;

    finalizando,patética entrevista de nosso treinador,que provou novamente não saber perder,e sua arrogãncia ( e falta de educação) se exarcebam nessas ocasiões.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Heitor.

      1 – Concordo: não merecíamos o título. Neste ano, jogamos relativamente bem contra o Guarani/SP e a Inter de Limeira/SP. E só.

      2 – Concordo: o entrosamento levará um tempo. Mas virá. É certo.

      3 – Concordo: um jogador como ele jamais poderia ter perdido um pênalti em uma decisão e, detalhe, a poucos minutos do fim da partida.

      4 – Discordo: ele falou pouco porque não tinha o que falar. Nosso time jogou mal e ele, no fundo, nem sabe por quê. Mas não vi – desta vez – arrogância e nem falta de educação.

      Abs.

  4. Bom dia, Márcio.

    Me permita discorrer sobre alguns pontos da sua crônica.

    “Se analisarmos friamente toda a situação, veremos que sequer merecíamos ter chegado à decisão deste Paulistinha”.

    É verdade, mas chegamos. E se chegamos poderíamos, pelo menos, ter tido o mínimo de ímpeto para brigar pelo título. O que vi em ambos os jogos me preocupa, pois o que esteve em campo foi um Palmeiras sem brilho, sem vontade de ser campeão e quando isso acontece não há remédio que cure esta doença. Perceba que o adversário jogou como uma final precisa ser jogada, com sangue nos olhos.

    “Nosso maior rival, mais uma vez, não teve vergonha nenhuma de jogar fechado, e diante de mais de 48 mil de seus torcedores”.

    Eu me importo em levantar o troféu, seja jogando ofensiva ou defensivamente. Uma equipe vitoriosa precisa entender o adversário e se adaptar ao melhor método que conquiste o resultado.

    “Ainda neste ano de 2025 todos nós iremos sorrir outra vez. Podem apostar.”

    Quero estar enganado, mas não vejo o Palmeiras de hoje com o mesmo nível de competitividade de antes. Abel e sua comissão precisam se reinventar, buscar novos métodos e encaixar as novas peças. Do contrário, seremos saudosistas e vivendo de otimismos.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Vamos às suas colocações:

      1 – O que vi em ambos os jogos me preocupa, pois o que esteve em campo foi um Palmeiras sem brilho, sem vontade de ser campeão e quando isso acontece não há remédio que cure esta doença. Perceba que o adversário jogou como uma final precisa ser jogada, com sangue nos olhos.
      R – Eu também senti o mesmo. Nossos jogadores, mesmo os recém-chegados, meio quer “andaram” para a competição, como se soubessem que ela pouco valia (pelo menos para eles, claro). Quanto ao time “deles” ter jogado as finais como elas precisam ser jogadas, nada mais natural: quem estava na fila havia 5 anos eram “eles”.

      2 – Eu me importo em levantar o troféu, seja jogando ofensiva ou defensivamente.
      R – Entendo e respeito seu ponto de vista. Mas nem quando tivemos os piores times de nossa história jogamos defensivamente. E se o tivéssemos feito, nossa torcida jamais aceitaria. Lembro-me do técnico argentino Ricardo Gareca, que tinha aquele horrendo grupo em 2014. Certa vez, ao ser questionado por que o Palmeiras não jogava de uma forma mais defensiva, ele respondeu ao jornalista: “O Palmeiras jogar fechado? Não, jamais. Se jogasse, não seria o Palmeiras”.

      3 – Quero estar enganado, mas não vejo o Palmeiras de hoje com o mesmo nível de competitividade de antes. Abel e sua comissão precisam se reinventar…
      R – Também vejo desta forma, mas neste momento. Nada impede que tudo mude rapidamente, e o Palmeiras tem elenco e comissão técnica suficientemente capazes de fazer isso acontecer. É por isso que acredito que ainba seremos felizes em 2025.

      Abs.

  5. Bom dia a todos,
    Ainda tenho comigo a opinião de que salário alto demais, tira um pouco a importância do bicho. A vontade de vencer vem também,um pouco da nescessidade de cada um.
    Grato pelo espaço !

    • Márcio Trevisan

      Olá, Eduardo.

      Antigamente, mas bem antigamente, mesmo, o bicho era definido antes de cada jogo.

      Mas já há muito tempo isso mudou: antes do início de cada temporada, representantes dos atletas se sentam com a diretoria e acertam os valores. Assim, o elenco ganhará 50% do valor estipulado pela conquista do Paulistinha, por exemplo.

      Ou seja: sua tese pode estar correta…

      Abs.

      P.S.: Não precisa agradecer pelo espaço. O site é nosso.

  6. Bom dia. Acho que como pré temporada foi até bom esse paulistinha. Prá nós tá bom demais, ganhamos três e perdemos um. Mas dá prá tirar algumas lições, por exemplo, Mayke e Veiga podem dar adeus, não vão falta nenhuma.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Tadeu.

      Estes dois jogadores – assim como outros – caminham para o fim da carreira (pelo menos em clubes de ponta).

      Chegará uma hora em que terá de ser feito com eles o que se fez com Rony e Dudu, por exemplo.

      Quanto à “pré-temporada”, vamos ver se pelo menos pra isso o Paulistinha servirá.

      Abs.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>