Inesquecível Jajá, o “Coice-de-Mula”, foi um dos mais célebres meias de toda a história do Palmeiras.

Ao longo de 25 anos de futebol, o habilidoso e temperamental Jair Rosa mostrou uma personalidade tão marcante quanto o seu refinadíssimo futebol ou a bomba que tinha em seu pé esquerdo, responsável pelo apelido de “Coice-de-Mula”, que o acompanhou durante toda a carreira.

Apesar de ter jogado em oito equipes, sempre deixou clara a predileção pelo Verdão, clube que defendeu por quase sete anos. “Serei eternamente grato ao Palmeiras, pois foi o clube que me deu tudo o que precisei na minha vida”, dizia.

Foi no Parque Antártica que o ex-meia-esquerda viveu suas maiores alegrias no futebol: a primeira foi o título da Copa Rio de 51, o Mundial Interclubes da época. E o segundo foi a festa em comemoração aos 50 anos daquele título, realizada em julho de 2001 em nosso Salão de Festas. “Aquele evento foi sensacional e eu fico feliz pelo Palmeiras ter se lembrado de mim mesmo depois de tanto tempo”, comenta.

Apesar de ter nascido em Quatis/RJ, ele ficou conhecido como Jajá de Barra Mansa, outra cidade fluminense, na qual deu seus primeiros passos no futebol com somente 16 anos. Na sequência, ele se transferiu para o Madureira, time da periferia do Rio de Janeiro.

Depois, Jair foi para o Vasco, em 1943, time pelo qual participou do “Expresso da Vitória” e arrebatou dois títulos cariocas de maneira invicta. Mesmo assim, virou a casaca e, em 1948, transferiu-se para o Flamengo/RJ. E foi na Gávea que viveu a maior decepção de sua carreira. Acusado de ter feito corpo mole em uma goleada sofrida por 5 a 2 para o Vasco, Jajá foi expulso do clube.

Sem clima para permanecer no Rio, Jair aceitou a proposta do Palmeiras. Foi o período mais vitorioso de sua carreira. Com pouco tempo de futebol paulista, veio o título estadual de 1950. Logo depois, participou da Copa do Mundo em que a Seleção Brasileira foi derrotada pelo Uruguai na final em pleno Maracanã. “Foi uma tristeza muito grande, mas nós saímos com a certeza de que fizemos o melhor possível”, admitia, sempre que era instigado a falar sobre o assunto.

Mas, um ano depois, ele se sagraria campeão mundial de clubes defendendo o Verdão na Copa Rio. Líder nato, chegou a interferir na escalação da equipe durante o campeonato. “Eu fiz pressão para o Ventura Cambon (técnico do Verdão) tirar o Oberdan (goleiro) e o Waldemar Fiúme (zagueiro), colocando o Fábio e o Túlio no time. Se isso não acontecesse, eu não entraria em campo”, revelou, na época do Jubileu de Prata da conquista, provando que continuava a ser polêmico.

Além do título, Jair teve mais um motivo para comemorar: foi eleito o melhor jogador do torneio, o que lhe valeu um prêmio de 20 mil cruzeiros. A quantia era mais do que suficiente para que ele comprasse pelo menos uns três bons apartamentos, mas Jajá preferiu dividir o dinheiro com todos os demais jogadores campeões mundiais com o Verdão.

Jair Rosa Pinto deixou o Palmeiras em 1955 e, a partir de então, defendeu Santos, São Paulo e Ponte Preta, onde encerrou a carreira já aos 42 anos. Mas é no coração de cada palmeirense que ele terá, eternamente, um lugar reservado.

Ficha Técnica

Nome: Jair Rosa Pinto
Posição: Meia-esquerda
Data e Local de Nascimento: 21/03/1921, em Quatis/RJ
Data e Local de Falecimento: 28/07/2005, no Rio de Janeiro/RJ
Estreia: 01/09/1949 – Palmeiras 3 x 1 Portuguesa Desp./SP
Despedida: 06/11/1955 – XV de Jaú/SP 0 x 3 Palmeiras
Jogos: 251
Gols: 73
Títulos Expressivos: Paulistão/1950, Taça Cidade de São Paulo/1950 e 1951, Mundial Interclubes/1951, Torneio Rio-São Paulo/1951

Obs.: Esta seção será atualizada em 23/08/2011.