Dez anos após ter sido campeão pela última vez, o Palmeiras enfim chegava a um nova decisão de Campeonato Paulista. E, para surpresa geral, seu adversário não foi nenhum dos seus mais tradicionais rivais, e sim a pequena e humilde Internacional de Limeira/SP. Dirigida por Pepe, ex-craque do Santos da Era Pelé, o time interiorano cumpria excelente campanha, terminando a fase de classificação em primeiro lugar e eliminando nas semifinais, com duas vitórias, a equipe da Vila Belmiro.
Decidiu a FPF que as partidas finais seriam em campo neutro, e que este seria o Morumbi. Ou seja: ainda que não atuasse no Palestra Itália, nossa equipe levava enorme vantagem, pois é óbvio que a presença de nossa torcida seria imensamente maior no estádio dos são-paulinos. E esse fator seria, claro, essencial para que pudéssemos passar por cima da vantagem de poder empatar os dois jogos o tempo normal e a prorrogação do segundo, que cabia à Inter.
Certos de que, enfim, seríamos campeões e acabaríamos com a fila de espera, que já durava uma década, lotamos o Morumbi no primeiro jogo final: 104.136 torcedores compareceram naquele gelado domingo, 31.08.1986, e viram uma partida equilibradíssima, cujo placar sem gols fez jus ao que ambas as equipes fizeram em campo. Ou seja: a decisão ficou para o último jogo, na quarta-feira seguinte.
Com transmissão ao vivo pela TV, a presença do público foi substancialmente menor: apenas 68.564 pessoas. Mesmo assim, a certeza de que o Palmeiras seria o campeão era total, já que seu oponente, embora um time muito bom e muito bem treinado, era apenas uma simplória equipe interiorana. Aliás, o lateral-direito daquele time, João Luís, que anos mais tarde defenderia o Verdão, confessou a este jornalista pouco depois de sua chegada ao nosso clube, em 1992, que nem mesmo os próprios jogadores da Inter/SP acreditavam na conquista.
“O professor Pepe reuniu todos os jogadores antes da nossa entrada em campo, agradeceu por tudo o tínhamos feito até ali e disse que mesmo que fôssemos derrotados já nos poderíamos considerar campeões, pois diante de nós estava uma equipe muito forte, cheia de craque e, claro, gigante do futebol brasileiro. Foi com este espírito que subimos ao gramado: queríamos ser campeões, claro, mas sabíamos que não tínhamos muitas chances”, confessou.
João Luís estava certo num ponto: seu time era o azarão daquela final. Mas errou em outro: sua equipe teria, sim, algumas chances, e boa parte delas propiciada pelo Palmeiras, conforme relembraremos (com multa dor no coração, admito) em nosso próximo encontro.
Até lá!
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