Time ruim pode ganhar um jogo, dois jogos ou até mesmo, se der muita sorte, inclusive um título. Mas time desunido, por mais craques que possua, não ganha absolutamente nada. Por isso, foram inócuas as ações da diretoria do Palmeiras no sentido de montar uma grande equipe para a disputa do Campeonato Paulista de 1986, pois na verdade nós tínhamos eram três grupos dentro de um só grupo.
Antes, porém, de explicarmos tal situação, vale lembrar que o ano começou com uma notícia-bomba: após disputar três amistosos e falhar em todos, Émerson Leão perdeu a titularidade. Na reserva, é óbvio que o jogador criou um sem-número de problemas até ser recolocado na equipe. Só que durou pouco. No meio daquela temporada, depois de disputar apenas três partidas como titular, falhou feio em uma derrota para o São Bento/SP fora de casa e acabou dispensado pelos dirigentes. Manchetes como “Palmeiras manda embora herói de quatro Copas” chocaram a torcida que, apesar do tempergamento cada vez pior do goleiro, ainda o tinha como ídolo por ser, então, o único remanescente na Segunda Academia. Acreditava-se no clube que os jovens Martorelli e Ivan Izzo seriam capazes de repetir o feito de Gilmar, que herdara a camisa do craque das metas após sua primeira saída do clube.
O adeus a Leão só não causava mais incômodo do que os quase 10 anos sem a conquista de um título expressivo. Angustiada e humilhada a cada partida (os torcedores adversários iniciavam uma contagem de 1 a 10 e, ao final, cantavam ironicamente o “Parabéns Pra Você”), a torcida palmeirense ansiava de forma ensandecida pela aquisição de uma taça importante. Por isso, mais uma vez o clube abriu os cofres e saiu às compras, adquirindo importantes jogadores: os centroavantes Edmar (ao Guarani/SP) e Mirandinha (à Portuguesa Desp./SP), o segundo volante Lino (ao Santos/SP) e, sobretudo, o ponta-esquerda Éder (à Internacional de Limeira/SP). Além destes chegou também, mas apenas para um período de testes, aquele que até hoje é o único japonês a ter vestido a camisa do Verdão: Kazu, contratado ao XV de Jaú/SP.
Tais reforços se juntaram a nomes experientes e indiscutivelmente talentosos que permaneceram, como o lateral-direito Diogo, o zagueiro Vágner Bacharel, o meia-atacante Jorginho Putinatti e o meia-armador Edu Manga. Além destes, fixaram-se de vez na equipe principal dois pratas-da-casa que fariam história: o zagueiro Toninho Cecílio e o cabeça-de-área Gérson Caçapa. Sob o comando do experiente Carlos Castilho, o time-base do Palmeiras gerava muita expectativa: Martorelli; Diogo, Márcio Alcântara, Vágner Bacharel e Denys; Lino, Mendonça, Jorginho Putinatti e Edu Manga; Mirandinha e Éder.
Pronto: tínhamos um time para, enfim, sermos campeões outra vez. Mas, como dissemos no título deste capítulo e veremos no próximo de “Nossa História”, tínhamos na verdade três times dentro de um só.
Até lá!
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