Dentre todos os presidentes do Palmeiras, muitos dos quais vencedores em suas gestões, houve um que ficou marcado por não medir e nem poupar esforços quando o assunto era a montagem de grandes elencos. Refiro-me a Paschoal Walter Byron Giuliano, que comandou o clube em três épocas distintas: no biênio 1953/1954, no período entre 1971 e 1976 (portanto, quando tivemos a Segunda Academia) e, por último, entre 1983 e 1984. Neste, o “Bola 7”, como era chamado por seus adversários políticos no clube pelo fato de ter a cor da pele levemente escurecida – era filho de um italiano com uma mulata –, assumiu o comando disposto a fazer com que o Verdão voltasse à normalidade.
Assim, mesmo com os cofres não muito cheios (ou talvez até mesmo bem mais vazios do que deveriam estar), colocou em primeiro plano sua principal característica: onde houvesse um grande jogador disponível, o Palmeiras tentaria contratá-lo. Cientes do vencedor e ousado histórico do presidente, os palmeirenses vibraram de alegria logo após ouvirem seu primeiro discurso como presidente reeleito. “Chega de times que não condizem com a nossa gloriosa história. Neste ano, montaremos uma equipe que faça jus à grandeza deste clube e que possa nos fazer campeões novamente”, prometeu.
E cumpriu: sua primeira ação foi fazer uma limpa no elenco do ano anterior, mantendo apenas os poucos que haviam se salvado naquela terrível temporada. Assim, tiveram seus vínculos renovados somente o goleiro João Marcos, o zagueiro Luís Pereira, o cabeça-de-área Rocha, o meia Carlos Alberto Borges e os atacantes Jorginho Putinatti e Enéas.
A manutenção desta espinha dorsal já era algo elogiável, mas Giuliano prometera mais. Daí, por meio do excelente trabalho do diretor de futebol Márcio Papa, chegaram ao Palestra Itália nomes consagrados como o do volante Batista, do meia Cléo, do zagueiro Nenê Santana e do lateral-direito Perivaldo, todos com várias passagens pela Seleção Brasileira. De quebra, algumas apostas em jovens talentos que despontavam em pequenos clubes do País, como o zagueiro Vágner Bacharel, que veio do Joinville/SC, e o ponta-esquerda Carlos Henrique, contratado ao Londrina/PR e conhecido por sempre fazer gols lindos. A comandar esta verdadeira constelação, um dos mais importantes e vencedores técnicos do futebol brasileiro em todos os tempos: Rubens Minelli.
O começo da temporada de 1983 foi ótimo. Rapidamente, nosso time se encaixou e os resultados começaram a surgir. Só para se ter uma ideia, o Palmeiras terminou invicto nas Primeira e Segunda Fases do Brasileirão, com nove vitórias e cinco empates. A conquista do título era, segundo a Imprensa, apenas uma questão de tempo – afinal, time e elenco o Verdão tinha de sobra.
Porém, o futebol não é uma ciência exata, e o desempenho da equipe na Terceira Fase da competição caiu demais. Inserido em um grupo com Vasco da Gama/RJ, Náutico/PE e Santos/SP, o alviverde sofreu duas derrotas seguidas (para o Peixe, no Morumbi, por 1 a 0, e para o Timbu, no Recife/PE, por incríveis 3 a 0) e ficou em uma situação bastante complicada para obter pelo menos a segunda vaga da chave. Para tanto, teria de vencer dois dos três jogos que lhe restavam. Não deu: empatou com o time da Vila Belmiro por 2 a 2, goleou por 6 a 0 o representante de Pernambuco mas, na partida decisiva, mesmo com o apoio de mais de 80 mil palmeirenses, não conseguiu sair do zero com os cariocas e foi eliminado daquele Brasileirão.
Porém, ainda restava o Paulistão, no qual nossa campanha foi igualmente elogiável, com apenas sete derrotas em 42 partidas. O detalhe é que uma delas se deu justamente no segundo jogo da semifinal e, para piorar, ainda por cima para o Corinthians/SP. O resultado, claro, foi apenas e tão somente o terceiro lugar na classificação geral.
Restava-nos, apenas, esperar por 1984. Será que as coisas iriam melhorar? Isso é o que nós saberemos em nosso próximo encontro.
Esperarei por vocês.
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