Logo após o afastamento de Ademir da Guia devido a problemas respiratórios, um clima de suspense tomou conta de todos: o Divino havia, de fato, encerrado sua brilhante carreira? Tendo contrato em vigência até fevereiro de 1978, atleta e diretoria asseguravam que não, mas no fundo este era mais uma desejo do que uma certeza. Afinal, eram evidentes os sinais de que o Palmeiras já estava, sim, definitivamente órfão do maior dentre todos os craques que já haviam vestido a sua camisa.
Tanto isso é verdade que o clube já havia se preparado para encontrar o substituto de seu eterno camisa 10. Depois de apostar em Vasconcelos, que chegara ainda em 1976 mas não conseguira repetir no Palestra Itália o ótimo futebol que apresentara no Náutico/PE, as esperanças se voltaram a Zé Mário.
Revelado pelas categorias de base palmeirenses, ele estreou entre os profissionais em 1975, mas sem grandes oportunidades, foi emprestado ao Santos/SP logo na temporada seguinte. De volta em 1977, parecia estar pronto para ser o herdeiro divinal. Aliás, números positivos não lhe faltaram: afinal, não é qualquer jogador que disputa 118 partidas, marca 20 gols e fatura um título por uma grande equipe. Da mesma forma, porém, não se pode deixar de admitir que, diante das qualidades técnicas que possuía, ele bem que poderia ter obtido um sucesso maior.
Porém, talvez incomodado com as constantes comparações que faziam entre ele e o eterno dono da camisa 10 palmeirense, talvez por se tratar de um garoto que então contava então pouco mais de 20 anos, o fato é que Zé Mário não conseguiu render o que dele esperavam em seus primeiros tempos de Verdão.
Aproximadamente três semanas depois de disputar sua última partida pelo Campeonato Paulista de 1977, o Palmeiras estreava no Brasileirão com uma apertadíssima vitória sobre o CSA/AL, no Palestra:1 a0, gol de Ivo que, mesmo sendo volante e não meia, foi o escolhido pelo técnico Dudu para substituir Ademir da Guia nos primeiros jogos daquela competição – Zé Mário só ganharia a posição a partir da 5ª rodada.
E não é que nossa campanha no início do Campeonato Brasileiro foi ótima? Nas 13 primeiras partidas, foram três empates e incríveis 10 vitórias, sendo seis delas consecutivas, campanha que colocou o Verdão como um dos favoritos ao título nacional. E não foram poucos os que acreditaram que Ademir da Guia não nos faria tanta falta assim.
Contudo, vieram as férias de fim de ano e quando o Brasileirão/1977 foi reiniciado, já no fim de janeiro de 1978, o time caiu bastante de produção. Mesmo inserido em um grupo que contava com equipes inexpressivas como Operário/MS, Desportiva/ES e Remo/PA, ou apenas médias, casos de Santa Cruz/PE e América/RJ, o Verdão terminou em quarto lugar e se viu alijado das semifinais. E foi então que a falta de Ademir da Guia, então oficialmente já um ex-jogador (sua aposentadoria se tornou pública em fevereiro de 1978), começou a ser sentida de forma bastante dolorosa.
Entretanto, a vida continua, certo? Assim, o Palmeiras teve de seguirem frente. Em nosso próximo encontro, relembraremos a campanha cumprida do Brasileirão de 1978, quando por muito pouco não faturamos mais um caneco.
Até lá.
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