Assim que terminou o jogo contra o XV de Piracicaba/SP e o gol de Jorge Mendonça nos garantiu a conquista do 18º título paulista, nem o mais pessimista dentre todos os palmeirenses poderia imaginar os terríveis anos que teríamos pela frente. E, de fato, nem poderiam, pois além de toda a história que a equipe já possuía os primeiros resultados pós conquista do Paulistão foram animadores.
Dez dias após o título, o Verdão foi a Cadiz/ESP para a disputa de mais um Troféu Ramón de Carranza, competição da qual era o detentor do título. Contudo, uma derrota para o Atlético de Bilbao/ESP por2 a1 nos relegou apenas à disputa pelo terceiro lugar, o qual obtivemos após golearmos o Nacional/URU por4 a1. De volta, tivemos o Campeonato Brasileiro de 1976, cuja campanha foi razoável: com 10 vitórias, sete empates e quatro derrotas – números que deram ao Verdão a 7ª colocação dentre 54 clubes.
Com Dudu mantido no comando, a temporada seguinte começou surpreendentemente muito bem. No pra lá de longo Campeonato Paulista, a campanha indicava que o bi estava próximo: nos primeiros 33 jogos, foram 21 vitórias, 10 empates e apenas duas derrotas. Mas após a perda de um título amistoso (o do Torneio Governador do Estado de São Paulo) ocorreu uma brusca queda de qualidade – daí em diante, o time disputou outras 11 partidas e não ganhou nenhuma – foram sete empates e quatro derrotas. Resultado: tão somente um 6º lugar.
Contudo, não seria um simples tropeço como este capaz de fazer um time desmoronar. Obviamente, havia outro motivo, e ele tinha nome: Ademir da Guia. Vítima de constantes e cada vez mais fortes problemas respiratórios, o Divino sofreu uma forte crise justamente após um jogo daquele quadrangular e caiu demais de rendimento. Até suportou atuar nos três jogos seguintes, mas os sintomas só aumentavam. Submetido a uma cirurgia, desfalcou o time por um mês.
De volta à equipe titular no clássico contra o Corinthians/SP em 18 de setembro de 1977, Ademir não suportou os 90 minutos. Sem conseguir respirar, foi substituído por Picolé naquela que seria sua última partida oficial pelo clube que aprendeu a amar. “Tentei voltar logo depois, mas não consegui. No começo do ano seguinte, me submeti a uma segunda operação, mas nada adiantou. Se eu ficasse exposto algum tempo ao sol ou à chuva, a crise respiratória voltava. Ficava sem ar. Aí, veio o medo e decidi parar oficialmente assim que terminou o meu contrato com o Palmeiras, em fevereiro de 1978”, resume o Divino em sua biografia, escrita por Kléber Mazziero de Souza. Simples como ele, mágico como seu futebol.
Em nosso próximo encontro, começaremos a contar como ficou a vida do nosso time sem o craque que se tornou seu próprio sinônimo.
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