CAP. 89 – CAMPEÃO DO MUNDO SIM, SENHOR (PARTE II)

Disputar a Copa Rio – ou o I Campeonato Mundial Interclubes, maneira pela qual a competição foi tratada por toda a Imprensa nacional e internacional – era uma forma de resgatar, como dissemos no capítulo anterior, a honra do futebol brasileiro, extremamente abalada após a perda do Mundial para o Uruguai, um ano antes. 

Para tanto, tinha o Palmeiras uma equipe muito forte, com destaque para nomes como Oberdan Cattani, Waldemar Fiúme, Lima, Liminha, Achilles, Canhotinho, Rodrigues Tatu e dois sobreviventes da maior tragédia da história da bola nacional – o zagueiro Juvenal e o meia Jair Rosa Pinto. Os dois, que na época da Copa do Mundo de 1950 defendiam o Flamengo/RJ, tiveram, naquela competição, a oportunidade de dar a volta por cima e mostrar a todos que ainda podiam ser vencedores.

Até que isso se tornasse realidade, contudo, uma longa trajetória teve de ser percorrida. Nossa estreia até que foi boa – 3 a 0 sobre o Olympique de Nice/FRA, em 30 de junho de 1951, no Pacaembu, com gols de Achilles (de pênalti), Ponce de León e do garoto Richard, o mais novo integrante daquele time, então com apenas 19 anos. Mas as dificuldades na partida seguinte, diante do Estrela Vermelha/IUG, mais uma vez no Paulo Machado de Carvalho, já apontavam que nossa vida na primeira fase do torneio não seria das mais fáceis: vencemos, é verdade, mas por apenas 2 a 1 (gols de Achilles e Liminha).

A prova irrefutável de que as coisas não estavam tão bem quanto pareciam veio na última partida da etapa classificatória, contra a Juventus de Turim. Mesmo com ambas as equipes já classificadas, estava em jogo o primeiro lugar da chave e quem teria o direito de disputar as semifinais em São Paulo/SP. Por isso, a partida foi aberta e, para nossa infelicidade, totalmente dominada por nosso adversário. No fim, uma impiedosa goleada por 4 a 0, com direito a show de bola, “olé” e muita bronca da torcida palmeirense, que lotara o Pacaembu.

O surpreendente resultado abalou todo o grupo e deixou uma pergunta no ar: como o Verdão faria para encarar o Vasco da Gama/RJ, que simplesmente esmagara seus três adversários iniciais – 5 a 1 no Sporting/POR e também no Austria Viena/ÁUS e 2 a 1 no Nacional/URU, base da seleção campeão do mundo no ano anterior? E com o detalhe de que, claro, o jogo aconteceria no Maracanã. Mudanças na equipe se faziam necessárias, e o técnico Ventura Cambon, “por livre e espontânea pressão”, não se eximiu de fazê-las.

Quem saiu do time, quem entrou no time e a participação palmeirense nas semifinais da Copa Rio todos nós, certamente com muita alegria, recordaremos no próximo capítulo de “Nossa História”.

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