Atualmente, quando uma equipe fica alguns poucos anos sem a conquista de um título, geralmente entram crise. Mas nem sempre foi assim. No passado, ficar um pequeno período sem levantar uma taça não era um grande problema. Até porque se disputavam, no máximo, dois ou três campeonatos por temporada – no caso dos clubes de São Paulo o próprio Campeonato Paulista, a Taça Cidade de São Paulo (nem sempre disputada por todas as equipes) e o Torneio Início.
Hoje extinta, esta competição era, na época, cercada de muita expectativa e amplamente divulgada pelos órgãos de Imprensa. Para aqueles que são mais jovens e não sabem, ao certo, o que foi o Torneio Início, segue uma pequena explicação: todas as equipes que participariam do campeonato daquele ano se reuniam, num único dia e num único estádio, e disputavam uma competição eliminatória. A fim de que houvesse tempo suficiente para que todos os times pudessem jogar, as partidas duravam apenas 20 minutos, divididas em dois tempos de vinte minutos cada.
Caso não houvesse um vencedor, o clube classificado à etapa seguinte (que acontecia pouco depois) seria aquele que tivesse obtido o maior número de escanteios. Daí a torcida comemorar, naqueles jogos, um tiro de canto como se fosse um gol. Mas, se ainda assim a igualdade permanecesse, a vaga era decidida nos pênaltis. O vencedor ganhava uma taça e esta tinha status de grande conquista.
O Verdão é um dos maiores ganhadores da história do Torneio Início paulista, com oito conquistas: 1927, 1930, 1935, 1939, 1942, 1946 e 1969 (naquele ano por duas vezes, já que venceu a edição disputada apenas por equipes da Capital e de Santos e, em seguida, a que reuniu também todos os times do Interior).
Eram os bons e velhos tempos do futebol romântico. Época em que torcedores de todas as equipes se sentavam lado a lado e torciam sem que uma única confusão, por mais simples que fosse, se notasse nas arquibancadas do sempre simpático Pacaembu, palco exclusivo para o Torneio Início. Hoje em dia, organizar algo neste sentido seria utopia e, acima de tudo, um gesto de total irresponsabilidade. Em resumo: a violência das torcidas, independentemente das cores que elas vestem, acabou com uma grande festa do nosso futebol.
Pois bem: após ganhar de forma inquestionável o Paulistão de 1944, nossa equipe não cumpriu grandes campanhas nos dois anos seguintes: em 1945, não passou de um 3º lugar no Campeonato Paulista, sete pontos atrás do campeão, o São Paulo; em 1946, fomos ainda piores: após o término da competição, ficamos apenas na 5ª colocação, atrás de São Paulo, Corinthians, Portuguesa de Desportos e Santos, pela ordem.
Embora longe da festa em âmbito estadual naquele biênio, o mesmo não se pode dizer do Palmeiras na esfera municipal. Tanto em 1945 quanto em 1946 nossa equipe faturou a Taça Cidade de São Paulo. Mas este é um assunto do qual trataremos em nosso próximo encontro.
Até lá.
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