CAP. 68: CRESCE A RIVALIDADE COM O SPFC (PARTE I)

A rivalidade entre dois clubes de futebol muitas vezes é algo nato, ou seja, faz parte da natureza de ambos. Um bom exemplo disso é a eterna rixa existente entre o Palmeiras e o Corinthians. Desde 1917, quando ambos se enfrentaram pela primeira (vitória alviverde por3 a0, com três gols de Caetano – nunca é demais lembrar, certo?), sempre que se veem frente a frente faíscas surgem de ambos os lados. Outras animosidades, contudo, são acalentadas pouco a pouco. Uma atitude aqui, outra ali e… Pronto: está plantado o “de mal” para sempre.

Talvez o maior exemplo deste caso esteja na história entre Palmeiras e São Paulo. Historicamente, coube à equipe que hoje é do Morumbi ser a vilã principal de grande parte de nossos problemas. Basta lembrar, por exemplo, o que já contamos em capítulos passados, quando da obrigatoriedade da mudança do nome de Palestra Itália para Palestra de São Paulo e, por fim, Palmeiras, em 1942. Naquele episódio, coube aos tricolores capitanearem o interesseiro movimento, que tinha como objetivo real, como se sabe, a apropriação indébita de todo o patrimônio palestrino/palmeirense.

Bianco

Mas se enganam aqueles que pensam que os dirigentes são-paulinos haviam aprendido a lição, principalmente após, vergonhosamente, terem abandonado o gramado do Pacaembu na partida que garantiu ao alviverde a conquista do título regional daquele ano. Ao contrário, até: justamente devido à humilhação que sofreram, o sentimento de vingança ainda brotava em cada peito são-paulino e, assim, eles não perderiam a oportunidade de dar o troco. Não dentro de campo, algo que graças a uma ótima equipe já haviam conseguido um ano depois, como também já lembramos; mas parecia ter o São Paulo uma predisposição para os bastidores, para o jogo que não se ganha colocando a bola na rede, mas sim aquele que se vence graças à perfeita tática utilizada nos tapetes das salas da Federação Paulista de Futebol.

Eis que em 1944 estão, novamente, os dois grandes rivais disputam, jogo a jogo, a ponta da tabela do Paulistão. A Imprensa, claro, monopoliza sua cobertura entre Palmeiras e São Paulo, como se fosse aquele Campeonato Paulista a definitiva prova de quem era melhor – afinal, ganhara o Verdão em 1942 e vestira as faixas de campeão o São Paulo em 1943.

Ventura Cambon

Um dos destaques da nossa equipe era ninguém menos do que Bianco. Isso mesmo: aquele inesquecível zagueiro que por vários anos envergou nossa camisa era então o nosso treinador. No meio do torneio, Del Debbio – outro ex-craque – deixou o comando da equipe e os dirigentes convidaram não só Bianco, mas também Ventura Cambon, que havia defendido o time nos anos 30, para ser seu auxiliar. Mas a verdade é que ambos decidiam os rumos da equipe, e assim entraram para a história do clube: aquela foi a única vez em que o Verdão teve dois treinadores em seu comando. Ao todo, a dupla trabalhou em 25 partidas.

Mas voltemos a 1943. Para provar não só o equilíbrio entre palmeirenses e são-paulinos (ou “sampaulinos”, como se escrevia na época), vale uma pequena recordação sobre o clássico válido pelo primeiro turno. Ele aconteceu em 4 de junho e os que foram ao Pacaembu puderam viver momentos de grande emoção também antes do jogo. É que naquela data foram homenageados craques brasileiros que, 24 anos antes – ou seja, em 1919 -, haviam se sagrado campeões sul-americanos com a Seleção Brasileira. Dentre eles, Ettore Marcelino Domingues, o Heitor, até hoje o maior artilheiro da história verde e branca, com mais de 300 gols. A acompanhá-lo, estavam nomes inesquecíveis como Artur Friedenreich, o “Mago”, do Paulistano, e o eterno ídolo corintiano Neco.

Em nosso próximo encontro, você recordará todas as emoções daquele primeiro e inesquecível Choque-Rei do Paulistão/43.

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