Nem sempre os grandes heróis de um time são jogadores ou treinadores. Às vezes, pessoas comuns, simples torcedores, se tornam figuras de destaque na história dos clubes, e o nosso não fugiu à regra.
Adalberto Mendes foi um sergipano capitão do Exército, muito ligado ao clube e autor intelectual da brilhante estratégia que acabou com o clima de hostilidade criado pelo São Paulo/SP às vésperas da partida que, por ironia do destino, praticamente definiria qual dois dos clubes seria o campeão paulista de 1942.
Se a torcida são-paulina se preparava para tratar os palmeirenses como se fôssemos italianos, então provaríamos que nossos corações eram brasileiros. Visando não expor o elenco a um estado psicológico terrível, Adalberto Mendes orientou os jogadores do Verdão a entrarem no Pacaembu naquele 20 de setembro de 1942 carregando uma enorme bandeira do Brasil. Ele, claro, estaria à frente dos atletas.
Assim se fez. Guiados pelo militar, os craques do Verdão calaram o estádio por alguns instantes assim que pisaram no campo. Embora surpresos diante de tal quadro, os torcedores demoraram apenas alguns instantes para entender que, à sua frente, estava uma equipe de origem italiana, sim, porém carregando o Brasil no peito não apenas naquele momento, mas desde que fora fundada, havia então já 28 anos. E as vaias tão esperadas se transformaram, como num passe de mágica, numa calorosa e extensa salva de palmas.
Mais uma vez, os planos tricolores caíram por terra. Agora, só lhes restavam ganhar, esportivamente, dentro do campo. Seria a única maneira de arranhar aqueles momentos de tamanha soberania alviverde. Mas teria o tradicional adversário, após ver naufragar mais uma estratégia, força emocional para conseguir tão expressivo feito?
Em nosso próximo encontro, você vai ver que a maior e mais vexatória de todas as derrotas são-paulinas ainda estava por vir.
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25/04/2016 at 9:13
Olá Márcio.
Bom dia.
Na Segunda Guerra Mundial, além do heroísmo do nosso Palestra, muito bem descrito no texto, houve outros casos inesquecíveis envolvendo o futebol, como no famoso jogo do Dinamo de Kiev contra o time do Exército Alemão em agosto de 1942, Em um torneio organizado pelos ocupantes nazistas (desde 22/06/1941) em Kiev, capital da Ucrânia, a decisão coube entre o time tedesco contra um time organizado por prisioneiros de guerra soviéticos, cujos jogadores haviam jogado no Dinamo antes da Grande Guerra Pátria (1941-1945).
Antes do jogo começar, o time soviético foi ameaçado a perder a partida para não constranger os alemães com aquela mania de arianismo contra eslavismo. Pois, mesmo sabendo das consequências, o time ucraniano não se curvou e deu um vareio nos tais “arianos superiores” terminando a partida em 5 X 3 para o representante do Dinamo. Logo depois esses jogadores, prisioneiros de guerra, foram torturados e a maioria morta pelos mal-tratos.
Este meu comentário mostra que o futebol apaixona em quaisquer atividades do ser humano e esse heroísmo de Kiev foi mais uma representação de uma tragédia, que ao invés de paz, foi trazida ao esporte, em um país que teve no total mais de 21 milhões de mortos ao fim de 4 anos de guerra insana.
Um abraço
Roberval