Escrever a história de um clube é, também, escrever a história de seus melhores jogadores. Neste caso, inúmeros foram os atletas que merecem ser lembrados, mas um deles é ainda mais especial: Ettore Marcelino Dominguez, o Heitor.
Paulistano do Brás, ele despontou nos campos de várzea e no Paulistão de 1916 defendeu o Americano. Mas, palestrino doente, ainda naquele ano estrearia pelo Verdão e começaria a escrever a sua história dentro do nosso clube, história esta que o transformou no maior artilheiro do Palestra/Palmeiras em todos os tempos. Heitor tinha uma facilidade inacreditável para marcar gols. Mesmo numa época em que os placares eram elásticos em quase todas as partidas, chega a ser impressionante a média que ele conseguiu durante os 15 anos em que defendeu o Verdão (0.89 por jogo).
A estreia deste excepcional atacante se deu num amistoso com o Guarani/SP, disputado no Campo do Hipódromo Campineiro, no dia 12 de novembro de 1916. Aliás, aquela foi também a primeira partida entre ambas as equipes. O resultado final, contudo, foi um paradoxo àquela que viria a ser a história deste artilheiro: um magro empate por 0 a 0. Ou seja: o maior goleador da história palestrina/palmeirense passou em branco em seu primeiro jogo. Talvez por isso tenha sido sacado pelo capitão – e, naquela época, consequentemente também técnico do time -, Bianco, dos quatro últimos jogos daquele ano.
Um dos primeiros ídolos dos palestrinos ao lado do próprio Bianco, Heitor foi também o primeiro jogador do clube a ser convocado para a Seleção Brasileira e o primeiro a marcar um gol – em 13 de maio de 1917, na vitória por 2 a 1 sobre o Barracas/ARG.
Outro dado relevante é que coube ao centroavante ser o autor do primeiro gol do Verdão no estádio que hoje se chama Arena Palestra Itália. O fato se deu em 21 de abril de 1917, dia em que goleamos o Internacional da Capital/SP por 5 a 1. Aliás, o maravilhoso centroavante fez quatro dos cinco gols palestrinos no jogo – o outro foi do ponta-direita Caetano.
Heitor, de fato, foi sinônimo de gols. Para comprovar isso, basta analisarmos seus números com a camisa verde e branca. Das 337 partidas que disputou, marcou pelo menos um gol em 187, ou 55.8% delas. Em outras palavras: dificilmente ele passava um jogo sem balançar as redes ao menos uma vez. E mais: o centroavante fez dois gols em 35 partidas, três gols em 19 jogos, quatro gols em oito oportunidades, cinco gols em três compromissos e, acreditem, seis gols num só encontro – no dia 8 de agosto de 1920, na vitória por 11 a 0 sobre o Internacional da Capital, válida pelo Paulistão e até hoje a maior em jogos oficiais de toda a história alviverde. No fim das contas, um total de 301 gols!
Outro dado elogiável sobre o grande atacante é o tempo em que permaneceu no Palestra Itália. Até a disputa de sua última partida, em 6 de dezembro de 1931, foram 15 anos, um mês e 24 dias de ininterruptos serviços prestados ao clube. Como curiosidade, vale lembrar que em 1928, portanto ainda em plena atividade no futebol, Heitor fez parte também da equipe de basquete do Verdão.
Após deixar o nosso time, o inesquecível artilheiro teve uma rápida passagem pelo SC Americano e, logo em seguida, tornou-se árbitro de futebol. Aliás, apitou seis jogos do alviverde e, curiosamente, com ele no apito saímos invictos: foram dois empates (24/09/1939, 2 a 2 com o Santos/SP, e 28/09/1941, 2 a 2 com a Portuguesa Desp./SP) e quatro vitórias (25/08/1935, 2 a 0 no Comb. Atlético Madrid-Espanyol/ESP, 08/04/1939, 4 a 3 na Port. Santista/SP, 27/04/1940, 6 a 2 no Coritiba/PR e 05/05/1940, 2 a 1 no Corinthians/SP.
Confira a ficha técnica deste memorável craque:
Nome: Ettore Marcelino Dominguez
Data e Local de Nascimento: 20/12/1898, em São Paulo-SP
Data e Local de Falecimento: 21/09/1972, em São Paulo/SP
Posição: Centroavante
Estreia: 12.11.16 – Guarani-SP 0 x 0 Palestra Itália
Despedida: 06.12.31 – São Paulo da Floresta-SP 4 x 0 Palestra Itália
Jogos: 337
Gols: 301
Títulos: Paulista/20, Paulista/26, Paulista Extra/26, Campeão Honorário do Brasil/26, Paulista/27.
Como se vê, não foi à toa que decidimos dedicar este capítulo de “Nossa História” a um único jogador.
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26/11/2015 at 14:24
Marcio.
Mesmo que não se fizessem um museu de cera, o Palmeiras poderia criar um museu como é o do futebol, no Pacaembu. No caso, só com imagens e fotos do Paletra/Palmeiras, claro! Além dos troféus e quadros, poderia ter interatividade, mídia, jogos, filmes, narrações de gols históricos, amostras de camisas antigas, bolas, etc. Uma atração que durasse pelo menos umas 3 horas. Além do museu, haveria um passeio pelo Allianz (isso eu acredito que já exista). Enfim, qualquer ser humano com um mínimo de inteligência faria algo do gênero.
21/11/2015 at 9:46
Será que este maravilhoso jogador não merece uma estátua no Allianz Parque?
21/11/2015 at 17:23
Jair: é claro que sim. até porque eu tenho certeza de que nunca mais haverá um artilheiro como Heitor no Palmeiras.
O detalhe é que se todos os nossos maiores craques forem homenageados com uma estátua, não haverá espaço suficiente no clube.
O que eu já sugeria, aliás há muitos anos, é que fosse criado um Museu de Cera, como o que existe em Londres, com a imagem de nossos maiores ídolos.
Mas me pergunta se me deram ouvidos…
Abs.