CAP. 35: PAULISTANO PUXA O CARRO. SORTE NOSSA.

Desde que passara a integrar a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), o Paulistano travara com a entidade uma guerra fria, porém incontestável. Mesmo quando o título do Campeonato Paulista lhe foi seu, o clube do Jardim América sempre procurou motivos para criar caso, fosse uma arbitragem que julgou lhe ter sido prejudicial, fosse qualquer benefício que acreditava ter o árbitro concedido a um adversário. 

Na verdade, o real objetivo do Paulistano era reinar, absoluto, no cenário futebolístico estadual. E, ainda que tivesse torcida, estrutura e time para tanto – basta lembrar que era em suas fileiras que atuava o “Pelé” da época, Arthur Friedenreich – o fato é que o surgimento e a consolidação de outras equipes, dentre estas o nosso Palestra Itália, não só o incomodava como também em muitas oportunidades impedia que a taça se tornasse sua. 

Por isso, não foi surpresa que às vésperas do início do Paulistão de 1926 a diretoria do tradicional clube do Jardim América solicitasse sua licença à APEA. Salientando, em comunicado oficial, se sentir preterido pela entidade em várias situações, usou como gota d’água a negativa do órgão de inscrever o goleiro Nestor de Almeida. O fato de o atleta não ter cumprido um tempo mínimo de dois anos no clube anterior, algo que exigia a legislação então em vigor, não foi aceito como explicação por parte dos paulistanos, que decidiram firmemente pela saída, ainda que temporária, da entidade. 

Mas, na verdade, o que o clube queria era criar uma nova entidade e organizar seus próprios campeonatos. Seu objetivo, claro, era ser o todo-poderoso das competições de que participasse, e que nenhum outro clube pudesse lhe fazer sombra. Contando com o apoio de clubes tradicionais, como o Germânia e a A. A. Palmeiras, que também deixaram a APEA, e diversos outros times inexpressivos que não tinham conquistado o direito de disputar o Paulistão, a diretoria do clube criou a LAF – Liga de Amadores de Futebol – e também um campeonato particular que, ao todo, contou com oito equipes. 

Até aqui, o internauta deve estar se perguntando: e o que nosso time teve com isso? O raciocínio é simples: sem o Paulistano e contando com uma fase ruim do Corinthians, o Palestra passeou em campo. Favorecido também pelo fato de o torneio ser realizado em apenas um turno devido à disputa do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, o alviverde venceu todas as partidas que disputou. Isso mesmo: eu disse todas! 

E será sobre elas e, claro, também sobre o segundo título paulista de nossa história, que falaremos em nosso próximo encontro. Até lá.    

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