CAP. 34: INDEPENDÊNCIA OU MORTE. E A PRIMEIRA EXCURSÃO.

Como dissemos no capítulo anterior, a APEA resolveu dar um puxão de orelhas no Palestra Itália devido a mais um abandono no Campeonato Paulista, este na edição de 1924. Para tanto, exigiu que nossa equipe disputasse uma partida classificatória ao certame do ano seguinte. 

O objetivo, claro, não era alijar o alviverde (à época ainda chamado de tricolor devido aos detalhes em vermelho que existiam em nossa camisa), fato que seria uma grande estupidez. Afinal, mesmo com apenas 10 anos de vida, já éramos grandes, tínhamos uma enorme torcida e nos ombreávamos com os demais clubes de ponta da época. Por todas estas razões, a entidade que comandava o futebol bandeirante definiu que o jogo seria contra o Independência, apenas o campeão varzeano da Cidade de São Paulo/SP. 

Símbolo do Independência/SP

Evidentemente, o Palestra passeou no Campo do Floresta naquela tarde de domingo, 8 de fevereiro de 1925. O placar final – 8 a 1 – espelhou bem a diferença técnica entre ambas as equipes. Sob arbitragem de Karl Ströebel, nossa equipe assim atuou: Primo; Fabbi e Berti; Valle, Cassarini e Mion; Angelino, Loschiavo, Azzi, Antônio Imparato e Martinelli. Os gols foram de Loschiavo (4), Azzi (2), Antônio Imparato e Angelino – Felizatti descontou para o Independência. 

Antes, porém, de disputar o Paulistão, o Verdão viveu momentos de muita expectativa e ansiedade: pela primeira vez, nossa equipe se apresentaria fora do território nacional. A primeira excursão teve jogos no Uruguai e na Argentina e, visando fazer um bom papel, nossa diretoria conseguiu alguns jogadores por empréstimo. Ao todo, cinco atletas reforçaram a equipe: o goleiro Tuffy, do Sírio; o médio-direito Brasileiro, do Brás Atlético; os pontas-esquerdas Tatu, do Taubaté, e Tito, da A. A. Palmeiras; e o já sensacional atacante Feitiço, do São Bento da Capital/SP. 

Em campos latinos, porém, o desempenho alviverde não foi nada bom. Na estreia, em 8 de março daquele ano, perdemos para a Seleção Uruguaia, em Montevidéu/URU, por 3 a 2. De qualquer forma, vale lembrar os jogadores que participaram do primeiro jogo do Palestra Itália fora do Brasil: Primo; Bianco e Nigro; Brasileiro, Amílcar e Serafini; Coe, Feitiço, Heitor, Tatu e Tito.  

O craque Feitiço

O mesmo Uruguai nos venceu uma semana depois, novamente em sua capital, por 1 a 0. A terceira partida já foi em Buenos Aires/ARG, diante da Seleção da Argentina, e sofremos mais uma derrota: 3 a 1. Nosso único resultado positivo, se é que podemos considerá-lo desta forma, foi o empate no quarto e último jogo da excursão, novamente contra o selecionado argentino, em 0 a 0.

Para se ter uma ideia da qualidade técnica de Feitiço, basta dizer que, mesmo contando com o maravilhoso Heitor, o Palestra Itália teve todos os três gols que marcou nestes quatro jogos anotados pelo centroavante que, anos mais tarde e já em fim de carreira, retornaria ao nosso clube. 

De volta ao Brasil, o sentimento era de tristeza, claro, mas não de total frustração. Afinal, aquelas tinham sido apenas as quatro primeiras partidas do time no estrangeiro, e haviam se tornado um grande aprendizado para todos. 

No Paulistão, que foi disputado em apenas um turno devido à realização do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, a campanha palestrina foi bastante aquém da esperada e o time terminou o torneio apenas na 5ª colocação.  

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