De um lado, o gigante Paulistano, tetracampeão estadual, com Friedenreich e outras feras; do outro, aqueles italianos contra os quais tanto se tentara e tanto se fizera para que não estivessem ali, disputando a condição de melhor time do Estado. Assim que Herman Friese apitou o início do jogo, o que se viu foram duas equipes aguerridas e voluntariosas, lutando de maneira impressionante pela posse da bola. Talvez por isso se explique o justo empate sem gols, que perdurou até o fim do primeiro tempo.
Na etapa final, porém, o jogo começou quente. Logo aos 5 minutos, o ponta-esquerda Martinelli colocou o Palestra Itália em vantagem, levando à loucura os seus torcedores, maioria absoluta nas dependências do estádio. Mas nossa alegria não duraria muito: aos 14 minutos, Mário se aproveitou de um cochilo da defesa palestrina e empatou a partida. O alviverde não se deixou abater. Mesmo num jogo equilibrado, conseguiu se impor e, aos 29, outro ponta, o destro Forte, mais uma vez deixou o Palestra Itália em vantagem.
Daí em diante, meus amigos, conta a história que todo o time palestrino se fixou no campo de defesa. Até o goleador Heitor abriu mão do que melhor sabia fazer – gols – para dar uma força na marcação. Foi uma pressão incrível do Paulistano, que durou exatos 16 minutos, quando se expirou o tempo regulamentar e o árbitro deu o jogo por encerrado.
Explosão de alegria, que se materializou em verde, branco e vermelho. O verde, cor da esperança daqueles italianos que, por mais difíceis que foram as situações, jamais haviam deixado morrer o sonho de ter um time de futebol. O branco, cor da pele daqueles imigrantes, que tiraram do próprio bolso os recursos para manter vivo o clube que tanto amavam. O vermelho, do sangue que corre nas veias de um povo tão apaixonado por tudo o que faz. Enfim, o Palestra Itália era campeão paulista.
Naquela São Paulo/SP às vésperas do Natal de 1920, faltou vinho tinto para tanta festa.
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15/08/2015 at 9:38
Parabéns pelas matérias, todas ótimas.
Como é bom ler sobre nosso passado, com jogadores maravilhosos, dirigentes que sabiam o que faziam mesmo com toda dificuldade, e PRINCIPALMENTE com torcedores que amavam o clube e davam valor pra jogadores que além de bons técnicamente suavam sangue pelo Palestra-Palmeiras.
Hoje os torcedores adoram e são cegos por chinelinhos VAGABUNDOS !
16/08/2015 at 20:19
Obrigado, Jair.
A culpa, porém, não é apenas do torcedor, mas sim do nível do futebol – hoje ele é bem pior do que antigamente, o que faz com que qualquer jogador que marque meia dúzia de gols se torne ídolo.
Abs.