Simultaneamente à fundação do Palestra Itália, o mundo fervia. Se não no Brasil, localizado na à época ainda distante América do Sul, ao menos na Europa. O Velho Mundo estava em franco estado de beligerância.
Vários problemas atingiam as principais nações européias no início do século XX. O anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora do processo neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das causas da I Grande Guerra.
Todo este relato parece estar fora de tom, já que neste espaço falamos sobre a história de um clube de futebol. Mas o fato é que a I Guerra Mundial quase colocou fim ao sonho dos três rapazes do bairro do Brás porque, em primeiro lugar, propiciou a renúncia do segundo presidente do nosso clube.
Imerso na guerra, o governo italiano resolveu requisitar o alistamento de todos os seus patrícios espalhados pelo mundo. Augusto Vaccaro – italiano nato – decidiu atender ao pedido do seu governo. Poucos meses após ter assumido, optou por abrir mão de seu mandato em 16 de junho de 1915.
De novo sem comandante, tratou o Palestra Itália de eleger um novo sucessor. Mais uma vez, Vincenzo Ragognetti, Luigi Emanuelle Marzo e Luigi Cervo não aceitaram concorrer ao posto, ao qual foi eleito, então, Leonardo Paseto. Apenas mais um integrante do grupo de fundadores, ele tinha, contudo, uma grande vantagem sobre muitos dos demais: tino administrativo. Foi com seu terceiro presidente que o Palestra Itália começou a se ajeitar financeira e administrativamente.
Ocorre, porém, que a I Guerra Mundial causou mais um problema ao clube além de ter levado embora o seu mandatário supremo. Duas entidades ligadas à Itália, a Cruz Vermelha Italiana e a Pró-Pátria, passaram a solicitar que todos os italianos, residentes ou não no país, contribuíssem com o envio de dinheiro. Este, claro, seria totalmente utilizado na manutenção do corpo de soldados e oficiais que lutavam em campos europeus.
Praticamente todos os “oriundis” deixaram de contribuir com o Palestra Itália. Os parcos trocados que pingavam nos cofres do clube passaram, então, a embarcar em navios rumo a Roma. E para uma associação pobre, até mesmo ínfimas quantias se tornam vitais. O resultado disso foi que Paseto se viu sem saída e sem fundos sequer para honrar os mais simples compromissos. E foi então que ele optou por uma decisão drástica: o Palestra Itália teria de morrer.
Evidentemente, isso não aconteceu. Mas em nosso próximo encontro, todos saberemos qual a solução para que a intenção de Leonardo Paseto não se concretizasse.
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Obs.: Esta seção será atualizada em 26/03/2011.