Palmeiras garante “título” com antecedência. Mas façanha pode não ser tão simbólica assim.

Meus amigos.

Quem tem, pelo menos, 50 anos, certamente se lembra das dificuldades que o Palmeiras viveu nos anos 80. Por isso, não me sai da lembrança uma tarde de domingo, primeira rodada do returno do Paulistão de 1984, em que à chegada no saudoso Palestra Itália os jogadores foram recebidos com o grito de “É Campeão!!”, referindo-se à conquista simbólica do Primeiro Turno daquele torneio. Eram tempos muito complicados, e por isso qualquer conquista, por mais insignificante que pudesse ser, era comemorada de foram efusiva por todos os palmeirenses.

Pois bem: o tempo passou, o futebol mudou e eis que hoje, 38 anos após aquela tarde de domingo, eis que não apenas eu, mas todos nós podemos novamente comemorar a conquista simbólica de um turno, no caso o do Campeonato Brasileiro. Mas comemorar por quê, já que isso nada representa e nada garante? Explico, meus amigos: desde 2003, quando o Brasileirão passou a ser disputado no sistema de pontos corridos, foram disputados 19 torneios, e o campeão ao fim de todas as rodadas foi o mesmo em 14 oportunidades (ou em 73.6% das vezes). Apenas em 2008, 2009, 2012, 2018 e 2020 o time que ficou com a “taça” do Primeiro Turno – respectivamente Grêmio/RS, Inter/RS, Atlético/MG e São Paulo/SP, por duas vezes – não a levantou ao final do Returno, honra que coube a São Paulo/SP, Flamengo/RJ, Fluminense/RJ, Palmeiras e, novamente, Flamengo/RJ, também pela ordem.

Por isso, o resultado de 1 a 0 sobre o América/MG, nesta noite, na capital mineira, pode – ou talvez até mesmo deve – ser comemorado com muito mais entusiasmo do que se fosse apenas a soma de mais três pontos diante de um dos times mais fracos da competição. A vitória – que, como sempre, poderia ter sido bem mais tranquila não fossem as chances de gol que o Verdão desperdiçou, mas que por outro lado só não escapou por milagre com o inacreditável gol perdido por Juninho praticamente embaixo do travessão de Weverton – mantém o Palmeiras como um dos principais candidatos à conquista de mais um Brasileirão e a consequente ampliação de seu status de maior campeão do Brasil.

Podemos melhorar? Claro que sim. Mas pense bem e perceba: ainda que não melhoremos, mas que mantenhamos este índice de aproveitamento (66.6% dos pontos disputados) nos próximos 20 jogos que nos restam, somaremos mais 39 ou 40 pontos e terminaremos o Campeonato Brasileiro com 75 ou 76 pontos, quantia que neste ano, diante de tanto equilíbrio, será suficiente para garantirmos o hendeca.

E aí, bora comemorar?

O MELHOR: DUDU
Ótimo – Nota 7

Ótima atuação do nosso principal atacante. Além de realizar várias jogadas individuais com muita qualidade e criar boas chances de gol, ainda não se furtou em ajudar na marcação, recompondo o lado direito de nossa defesa. Tivesse apenas um pouco mais de qualidade nas finalizações e certamente teria nota e avaliação ainda melhores.

MERECE DESTAQUE: GUSTAVO SCARPA
Muito Bom – Nota 6,5

Ele saiu do banco para marcar mais um golaço e garantir mais uma vitória do Palmeiras. Mas resumir sua atuação a apenas isso seria injusto: na verdade, a partir do momento em que foi a campo nosso time passou a ter um organizador de jogadas, algo que com Raphael Veiga, mais uma vez, não aconteceu.

PALMAS PRA ELE: ABEL FERREIRA
Muito Bom – Nota 6,5

Hoje nosso treinador merece mesmo ser aplaudido. Além de poupar dois jogadores que estavam mais desgastados – Murilo e Scarpa -, montou a equipe inicial com três atacantes e um centroavante de ofício, o que logo de cara mostrou ao nosso adversário que o objetivo era vencê-lo. Além disso, e ao contrário do que costuma acontecer, não demorou para mexer no time e promover duas mudanças que foram essenciais à vitória palmeirense: Scarpa e López nos lugares de Veiga e Merentiel.

Confira abaixo avaliações de todos os demais profissionais que participaram do jogo de hoje:

Weverton, Gustavo Gómez, Danilo e López – Bom: nota 6
Marcos Rocha, Luan, Wesley, Mayke e Breno Lopes – Satisfatório: nota 5,5
Vanderlan – Regular: nota 5
Zé Rafael, Merentiel e Raphael Veiga – Ruim: nota 4,5
Gabriel Menino – Sem Avaliação: sem nota

FOTOS: CÉSAR GRECO /AG. PALMEIRAS