PEQUENA BOLA, GRANDE RESULTADO

Palmeiras não joga bem, mas vence no Chile e fica perto das quartas da Libertadores

Meus amigos.

Todo mundo que entende um pouquinho que seja de futebol sabe que em jogos válidos por torneios eliminatórios vencer fora de casa é sempre um grande resultado. Por isso, todos nós devemos estar felizes da vida com o 1 a 0 que o Verdão aplicou nesta noite sobre o Universidad Católica/CHI em jogo disputado na capital chilena. Afinal, na semana que vem, na Arena Palestra Itália, qualquer empate garantirá nossa presença na próxima fase da Copa Libertadores da América.

Mas é justamente aí que mora o perigo, prezado palmeirense. Como todos devem se lembrar, foi exatamente isso o que aconteceu na disputa da Recopa Sul-Americana: também ganhamos o primeiro jogo do Defensa y Justicia/ARG, mas quando o recebemos no jogo de volta fomos surpreendidos e acabamos perdendo a taça nos penais. E para quem disser que aquela partida não foi em casa, mas sim em Brasília/DF, lembro que mais recentemente ainda, diante do fraquíssimo CRB/AL, pagamos um dos maiores micos de nossa história na Copa do Brasil jogando em nossa estádio.

No encontro desta quarta na gelada Santiago/CHI, o Palmeiras mudou sua forma de jogar. Na etapa inicial, esperou em demasia o adversário em seu campo de defesa, não criou absolutamente nada em termos ofensivos, viu o representante chileno criar as melhores oportunidades, com direito à bola no travessão e em seguida salva em cima da linha por Zé Rafael e só abriu o placar graças a um pênalti pra lá de discutível que o VAR, e não o árbitro, marcou (e que em minha opinião não aconteceu, porque após o cruzamento de Deyverson a bola só toca na mão do zagueiro chileno após desviar em sua própria perna). Já na etapa final, como era esperado, até conseguiu alguns rápidos contra-ataques, mas novamente esbarrou na pouca qualidade de finalização de nossos atacantes e, vale lembrar, também só não sofreu o gol de empate graças a Weverton.

Por tudo isso, fica claro que se o Verdão levar a partida da semana que vem a sério, sua classificação à sequência do torneio poderá ser obtida quase que na brincadeira. Mas se levar o jogo na brincadeira e repetir os mesmos erros cometidos contra argentinos e alagoanos, a vaga poderá se tornar algo muito sério. 

O MELHOR

Bastante criticado, e não sem motivo, pela torcida, já que quase sempre joga menos do que pode e sabe, hoje Zé Rafael foi extremamente importante para o Palmeiras. Taticamente, desempenhou com maestria a função de segundo volante, marcando firma à frente da área e iniciando, quando pôde, algumas de nossas jogadas ofensivas. Tecnicamente, marcou um golaço ao salvar, de cabeça e já em cima da linha, aquele que seria o gol de empate do Universidad Catolica/CHI (nota 7,5).


MERECE DESTAQUE

Em quase todos os jogos nos quais não pôde contar com Weverton, o Palmeiras teve em seu reserva imediato, Jaílson, um de seus destaques. Mas é inegável que a presença do titular da posição e um dos goleiros que certamente irão à Copa do Mundo no ano que vem gera uma segurança ainda maior ao nosso time. Hoje, logo em seu primeiro jogo pelo time após mais de um mês, ele apareceu quando precisou aparecer, praticando duas excelentes defesas que garantiram nossa vitória (nota 7).

PALMAS PRA ELE

Wesley foi uma grande sacada de Abel Ferreira nesta noite. Entrou quando o adversário mais pressionava em busca do gol de empate e, a partir de então, pelo menos o lateral-direito do time chileno não ficou tão à vontade quando antes. Rápido e habilidoso, puxou dois contra-ataques, errou em um deles mas no outro quase marcou nosso segundo gol (nota 6,5).

OS DEMAIS

Bater pênalti é com ele, mesmo. Hoje, nem cobrou tão bem o quanto sabe, já que chutou no meio do gol, mas a força que impôs à bola impediu qualquer chance de defesa. Meio que deslocado pela direita, mas sem ser um ponta do setor, às vezes ficou sumido do jogo. Porém, ainda assim foi importante para mais uma vitória do Palmeiras (nota 6).

Os demais jogadores ficam com as seguintes avaliações:

Gustavo Gómez – nota 6
Kuscevic, Gustavo Scarpa e Danilo – nota 5,5
Marcos Rocha, Victor Luís, Patric de Paula, Dudu, Deyverson e Breno Lopes  – nota 5
Viña – nota 4,5
Willian Bigode – sem nota

O TREINADOR

Nosso treinador foi muito bem nesta noite. É verdade que não explicou a presença de Kuscevic entre os titulares, já que Felipe Melo foi muito bem na posição e Luan estava à disposição, mas me parece claro que o fato de ser chileno, de conhecer o gramado e o adversário foram os três fatores que mais pesaram em tal decisão. E, para sua sorte, o zagueiro não foi mal. Também não gostei da postura, a meu ver desnecessária, demasiadamente defensiva da equipe no primeiro tempo, mas é preciso entender que cada treinador tem lá a sua forma de pensar, e a de Abel Ferreira é exatamente esta: em jogos fora de casa, mesmo que o adversário não seja tão qualificado sua estratégia é mais cautelosa, e foi desta maneira que ele venceu a Libertadores e a Copa do Brasil do ano passado. Nas substituições, poderia ter sacado Viña, de novo mal, mais cedo, mas talvez por seu seu reserva Victor Luís ele só o fez já nos últimos minutos (é aquela tal história: ruim com ele, pior sem ele). Mas nas demais o português acertou em cheio: Patrick de Paula diminuiu o espaço em nossa intermediária defensiva, Wesley foi fundamental aos nossos contra-ataques e Dudu precisa  – e como! – de ritmo de jogo. Já Bigode entrou apenas para parar o jogo e ganhar tempo, mas ainda assim foi importante. Por sua atuação nesta quarta, nosso técnico fica com a nota 6,5.

CRÉDITO FOTOS: CESAR GRECO (AG. PALMEIRAS)

10 Responses to PEQUENA BOLA, GRANDE RESULTADO

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, não tem jogo fácil, vitória importante está, mais no jogo de volta temos que jogar com seriedade e buscar a classificação.

    Abraço.

  2. Bom dia.
    Jogo difícil mas provando que campeonato se ganha jogando bem ou mal.
    De preferência jogando bem mas se joga mal e ganha está ótimo.
    E de quebra batemos o recorde de invencibilidade fora.
    Quartas de final, estamos aí!!
    ABs

    • Márcio Trevisan

      Edson: muita calma nessa hora.

      Estamos perto, mas precisamos ter atenção para que a vergonha como as que passamos diante de argentinos e alagoanos não se repita.

      Abs.

  3. Bom dia, Márcio.

    Realmente, o jogo foi fraquinho para o Verdão. Achamos um pênalti que foi convertido e mais nada. Esse, para mim, é o resumo do jogo. Você, eloquente que é, conseguiu discorrer melhor sobre o tema.

    Achei que o Universidad Católica jogou muito bem (ou será que o Palmeiras jogou muito mal?). Não acredito que será um jogo fácil o da volta. Aliás, tenho a mesma preocupação que você escreveu: se não abrir o olho, o Verdão dança.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Não é possível que o Palmeiras cometerá o mesmo erro pela terceira vez.

      Se o fizer, pode até pedir música no Fantástico.

      Abs.

  4. Caro amigo Trevisan, por acaso o campo de jogo de ontem teria dimensões maiores ou era o Palmeiras que estava dispersivo? Sinceramente, deu a impressão que o campo dos caras é um pouco grande. Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Tadeu: todos os gramados têm dimensões permitidas pela FIFA.

      O que mudou neste jogo foi a forma de jogarmos, de fato mais defensiva do que de costume.

      Abs.

  5. JORGE FARANI

    Quando o Palmeiras foi eliminado da Copa do Brasil eu tive a oportunidade de deixar um comentário que gostaria de ver o que o “Treinel Português” ia falar, pois ele teria mais de um mês para treinar a equipe só para jogar o Brasileirão, uma vez que a Libertadores só voltaria em julho, e pelo visto esse tempo não serviu para nada, pois o Palmeiras continua jogando “pedra em santo”. É lastimável ver esse time Bipolar não jogar nada!

    • Márcio Trevisan

      Farani: creio que vc exagera um pouco.

      O futebol do Palmeiras, muitas vezes, deixa a desejar, mas dizer que não estamos jogando nada é uma distância gigantesca.

      O time pode e precisa melhorar, mas também tem pontos positivos.

      Abs.

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