Ganhar do Inter/RS no Beira Rio é tão raro que, quando acontece, preconiza promissor futuro
Meus amigos: voltei!!!
E vocês podem imaginar o quanto fico feliz por retornar ao contato com todos após mais uma vitória do Palmeiras. Contudo, considerar os 2 a 1 q1ue obtivemos na gelada Porto Alegre/RS nesta noite de quarta-feira apenas “mais uma vitória” seria desconhecer a história do confronto contra o Internacional/RS – na verdade, sobretudo por termos atuado com um homem a menos desde os 17 minutos do segundo tempo, foi um excelente resultado, daqueles que até nos fazem sonhar com algo muito bom no final deste ano.
Só para que que tenham uma ideia, basta dizer que esta foi a 47ª vez que encaramos a equipe gaúcha no estádio José Pinheiro Borda, mais conhecido por Beira Rio, e apenas a 8ª oportunidade que conseguimos sair de lá com uma vitória (foram, também 12 empates e 27 derrotas). Além disso, amargamos longos jejuns no local – cinco derrotas e um empate entre 1968 e 1976, seis derrotas e quatro empates entre 1978 e 1992 e incríveis 10 derrotas e quatro empates entre 1999 e 2015.
Mas há o outro lado desta história: das oito vezes em que vencemos, quatro delas foram válidas pelo Campeonato Brasileiro. E em três terminamos a competição como campeões – em 1967, 1994 e 2016 (na outra, em 1978, fomos vices).
Para quem gosta de superstição, eis aqui um prato cheio.
SETOR POR SETOR
A DEFESA
Sei que estou me tornando repetitivo, mas como não reconhecer em Jaílson o principal destaque do nosso sistema defensivo? Na partida de hoje, é verdade que não precisou praticar nenhum milagre, já que o Inter/RS não foi tão competente assim no aspecto ofensivo, mas ainda assim fez pelo menos duas ótimas defesas, uma delas cara a cara com o atacante adversário. Não fossem duas precipitadas saídas da meta, receberia uma avaliação ainda maior (nota 6,5). Os laterais não comprometeram: Marcos Rocha (nota 5) poderia ter apoiado um pouco mais, e o improvisado Renan, claro, limitou-se à marcação de Caio Vidal, que lhe deu um grande trabalho sobretudo no primeiro tempo (nota 5). No miolo da zaga, boa atuação de Luan (nota 6), que não deu espaços ao sempre perigoso Yuri Alberto, mas infelizmente uma partida ruim de Kuscevic que, lento, perdeu na corrida para Caio Vidal e cometeu o pênalti, sendo corretamente expulso (nota 4,5).
O MEIO-CAMPO
O que jogou este garoto no Beira Rio não era esperado por ninguém, já que a oscilação tem sido sua marca desde que foi promovido à equipe principal por Wanderley Luxemburgo. Hoje, no entanto, ele foi não só o melhor do Palmeiras, mas sim o melhor de todo o jogo – além de tomar conta da marcação à frente da zaga, fez diversos desarmes e iniciou várias jogadas ofensivas. Para completar, Danilo teve a felicidade – e a sorte, já que pegou ma demais na bola – de marcar o gol que garantiu a vitória (nota 8). Outro que jogou bem foi Zé Rafael, taticamente essencial tanto na defesa quanto na saída de bola, e que com um lindo passe ainda deixou Raphael Veiga na cara do gol na etapa final (nota 6). Gustavo Scarpa, mesmo sem brilhar como em partida anteriores, também merece elogios, até porque foi dele a cobrança do escanteio que terminou em nosso primeiro gol (nota 6). A lamentar, apenas, mais uma atuação abaixo do que dele se pode esperar de Raphael Veiga (nota 4,5). Sumido em campo, só apareceu de fato quando perdeu um gol feito e que, para piorar, originou o contra-ataque do Inter/RS e o pênalti cometido por Kuscevic.
O ATAQUE
Desnecessário mais uma vez salientar sua pouca qualidade técnica, até porque ela e fez presente quando, cara a cara com o goleiro, perdeu aquele que teria sido o segundo gol. Mas a verdade é que Deyverson (nota 6,5), apesar disso, continua com a mesma entrega e presença de área de antes, responsáveis por ter balançado as redes mais uma vez (aliás, a segunda desde que retornou ao Verdão). Além disso, foi dele o lançamento rasteiro para Danilo Barbosa cruzar e Danilo marcar. Breno Lopes também foi bem, tanto no ataque, setor em que jogou pela ponta esquerda e, algumas vezes, também no comando, quanto na defesa, quando retornou para ajudar Renan na marcação. Pena que, segundo nosso treinador, pediu para ser substituído no intervalo (nota 6).
OS SUPLENTES
Muitos torcedores têm aumentado suas críticas a Felipe Melo ultimamente, mas como não sei se tal postura se deve a seu desempenho dentro de campo ou à sua posição política, nem levo este fato em consideração. Para mim, ele deveria ser o titular da zaga ao lado de Gustavo Gómez. Hoje, assim que entrou – mais uma vez atuando no setor – acabou com a festa colorada nas bolas altas em nossa área (nota 6). Gabriel Menino melhorou o lado direito tanto no apoio quanto na marcação (nota 5,5), e Danilo Barbosa teria uma atuação discreta não tivesse sido o autor da assistência final para o gol da vitória (nota 5,5). Victor Luís (que entrou sabe-se lá por que) não comprometeu (nota 5), enquanto Patrick de Paula jogou por apenas três minutos e nem tocou na bola (sem nota)
O TREINADOR
Abel Ferreira (nota 5,5) tem prometido mudar seu comportamento à beira do gramado e sua postura nas entrevistas coletivas, mas pelo menos até agora não tem cumprido nem uma coisa, nem outra. Hoje, por exemplo, teve um chilique quando Kuscevic foi expulso, provando total desconhecimento das regras e das recomendações da FIFA, e ao responder às perguntas dos jornalistas de novo irônico e evasivo. Seu pior momento foi quando explicou a opção por Victor Luís e não por um outro atacante quando teve de sacar Breno Lopes, limitando-se a dizer que se tratou de uma “estratégia”. Talvez o treinador tenha usado esta palavra para não ter de admitir que errou, e muito, pois com tal alteração chamou o adversário, que naturalmente já nos iria atacar, ainda mais para o nosso campo. De qualquer forma, as três mudanças que fez de uma única vez (Felipe Melo, Danilo Barbosa e Gabriel Menino) melhoraram o Palmeiras no aspecto defensivo e propiciaram uma melhor qualidade no início das jogadas de contra-ataque, já que a partir de então Danilo se viu com maior liberdade para ir ao ataque – não à toa, foi dele o gol da vitória.
CRÉDITO FOTOS: CESAR GRECO (AG. PALMEIRAS)
01/07/2021 at 15:56
Ótimo comentário.
Marcio, você além de ótimo jornalista é um maravilhoso historiador !
Depois de tudo que você já pesquisou, leu, entrevistando personagens importantíssimos da história do Palmeiras, recebendo informações preciosas, etc., será que o Palmeiras já teve algum técnico mais PREPOTENTE, EGOCENTRICO, beirando o ridículo do que o Abel ?
Não só trocou o Breno pelo catastrófico Vitor Luiz, mas afirmou depois de dezenas de perguntas feitas à assessoria do Palmeiras, que fez a troca por que é um estudioso, e não alguém que simplesmente senta num sofá e faz críticas absurdas…
Oh cara super hiper PREPOTENTE !
Abçs.
02/07/2021 at 0:43
Olá, Jair.
Agradeço muito os seus elogios.
De fato, Abel Ferreira se mostra cada vez mais arrogante, seja quando vence, seja quando perde.
Não quero legislar em causa própria, mas parece que lhe falta uma boa conversar com a equipe de assessores de Imprensa.
Abs.
01/07/2021 at 13:02
Boa tarde caro Trevisan, muito boa a sua crônica no seu retorno, não é fácil ganhar do Inter lá no Sul, a história bem contada nos mostra.
Agora temos condições de brigarmos pela ponta da Tabela do Brasileirão que não é fácil.
Abraço.
02/07/2021 at 0:42
Obrigado, Alfano.
O campeonato está muito no começo, mas como o nível é baixo a gente pode, de repente, chegar bem longe se mantiver estes bons resultados.
Abs.
01/07/2021 at 12:11
Bom dia,
Realmente, quem conhece a história do Palmeiras sabe o quão difícil é ganharmos lá na casa do Internacional, e como podemos ver no texto do Márcio, mesmo a Academia sofreu em seus domínios. Certa vez vi uma entrevista do Divino comentando que, quando começaram a enfrentar times de fora do eixo Rio-SP, tiveram grande dificuldade pois era um futebol diferente do que conheciam e estavam acostumados. Entretanto, curiosamente, o Grêmio é uma das nossas maiores vítimas.
Mas o futebol tem essa característica de formar tabus inexplicáveis, e o Palmeiras acabou se tornando um freguês do Inter, aliás um dos poucos times com mais vitórias que o nosso Verdão no confronto direto.
De qualquer forma, embora eu não seja supersticioso de maneira geral, acho que no futebol isso se aplica, então vejo como muito positivo o fato de que ganhamos deles em momentos que resultaram em títulos, mas por outro lado melhor não falar muito mais, já que podemos acordar a dona “zica”, que está sempre à espreita.
02/07/2021 at 0:41
Olá, Fábio.
Já que vc citou o Divino, veja seus números contra o Inter/RS no Beira Rio: 10 jogos, 3 vitórias (mas apenas uma em jogo oficial), 2 empates, cinco derrotas e apenas um gol marcado.
E em relação ao confronto com os caras, eis os números: 96 jogos, 32 vitórias, 25 empates e 39 derrotas; 99 gols marcados e 121 sofridos.
Abs.
01/07/2021 at 11:48
Bom dia Trevisan
Que retorno hein! Grande vitória!
Que sigamos assim.
ABs
02/07/2021 at 0:35
Olá, Edson.
Se eu perceber que quando me afasto o Palmeiras ganha, sairei do ar todo dia – rs.
Abs.
01/07/2021 at 7:58
Caro Márcio,
Concordo plenamente que quando nosso querido Luxemburgo colocou o Felipe Melo ao lado de Gustavo Gomes não foi por acaso, pois ele sabe tudo de bola e mais ainda que os zagueiros encontrados por ele quando ai esteve, não são jogadores do nível que queremos e não são de confiança do próprio torcedor.
Feliz retorno!!!!
02/07/2021 at 0:35
Obrigado,Farani.
Contudo, o português parece apaixonado pelo Luan.
Abs.