ACABOU A MOLEZA

Palmeiras chega com méritos à final da Libertadores. Mas para ir à decisão será outra história.

Meus amigos.

Dizem que a sorte está do lado de quem trabalha, e eu acredito piamente neste ditado popular. Até porque, muito embora aparentemente a classificação do Palmeiras às semifinais da Copa Libertadores da América tenha sido obtida de forma tranquila (afinal, no placar agregado vencemos o Libertad/PAR por 4 a 1), a verdade é que tanto no primeiro jogo, na semana passada, quando no desta terça-feira demos uma sorte muito grande.

Na partida de Assunción/PAR jogamos mal demais, levamos duas bolas nas traves (a segunda delas no último lance) e o placar final – 1 a 1 – meio que nos caiu do Céu, como bem frisei no título da crônica pós-jogo inserida neste site. Já no encontro de hoje creio que o acaso nos foi ainda mais efetivo. Senão, vejamos:

_ Os caras tiveram tudo para abrir o placar logo aos 13 minutos, quando perderam um gol inacreditável após ótima saída de Weverton.

_ De novo ficamos devendo um bom futebol, mesmo após abrirmos o placar. Somente começamos a jogar alguma coisa depois da infantil expulsão do ex-são-paulino Piris – que, por sinal, só o VAR viu (olha a sorte aí!).

_ Ainda que tivéssemos pela frente a equipe de pior campanha entre as 16 classificadas, nossa defesa várias vezes foi envolvida pelos atacantes paraguaios que, graças a Deus, pecam pela falta de qualidade.

_ Cometemos erros defensivos (onde já se viu Marcos Rocha tentar recuar uma bola de cabeça para o nosso goleiro estando na intermediária!!!???) e ofensivos (mesmo sendo ainda muito jovem, é imperdoável a um jogador com a qualidade de Gabriel Veron chutar duas vezes seguidas em cima do goleiro adversário e perder a chance de “matar” o jogo. Se algo similar acontece diante de um oponente mais qualificado, tchau classificação).

_ E até mesmo Abel Ferreira não viveu uma noite das melhores. Em minha visão, demorou demais para mandar a campo Willian Bigode e, desta forma, alterar tática e tecnicamente a equipe. Para piorar, ainda por cima errou ao escolher quem lhe cedeu o lugar.

Sei que vocês, agora, devem estar bravos comigo. Afinal, o Verdão já está classificado às semifinais e, também, a apenas três jogos – isso mesmo: somente três partidas! – do bicampeonato da Libertadores. Mas tudo isso só se tornou possível porque alguns jogadores compensaram todos os problemas acima descritos. Refiro-me, claro, a Rony (como em um passe de mágica, o cara começou a ser muito útil ao time) e, principalmente, a Gustavo Scarpa, que tanto no aspecto técnico (fez um dos gols e deu o passe para outro) quanto tático (percebeu rapidamente a fraca atuação de Raphael Veiga, abandonou a ponta esquerda e passou a jogar pelo meio, onde por sinal acertou o belo chute que abriu o placar) teve uma excelente atuação.

Mas não poderia terminar este texto sem falar, de novo, da sorte. Nesta Libertadores, ela está do nosso lado desde o início. Primeiro, nos deu três adversários fracos e sem expressão continental na Primeira Fase. Depois, nos brindou não só com o ridículo time do Delfín/EQ nas oitavas como, também, com os apenas esforçados (se tanto) Libertad/PAR ou Junior Barranquilla/COL nas quartas. E, como disse acima continuou nos premiando nas duas mais recentes partidas.

Só que, no mês que vem, seja diante do River Plate/ARG ou do Nacional/URU, teremos de apresentar um futebol muito melhor para conseguirmos decidir o título no Maracanã em 30 de janeiro próximo.

Até porque, prezado palmeirense, nesta Libertadores a moleza já acabou. E nunca se sabe até quando a sorte irá durar.

ANÁLISES INDIVIDUAIS

WEVERTON – 6
BOM

MARCOS ROCHA – 5,5
SATISFATÓRIO

LUAN – 6
BOM

GUSTAVO GÓMEZ – 5,5
  SATISFATÓRIO

VIÑA – 6,5
MUITO BOM

DANILO – 5,5
SATISFATÓRIO

GABRIEL MENINO – 6,5
MUITO BOM

RAPHAEL VEIGA – 4,5
RUIM

GABRIEL VERON – 3,5
PÉSSIMO

RONY – 7
ÓTIMO

GUSTAVO SCARPA – 8,5
EXCELENTE

ABEL FERREIRA – 5,5
SATISFATÓRIO

ÉMERSON SANTOS – 5,5
SATISFATÓRIO

ZÉ RAFAEL – 5,5
SATISFATÓRIO

WILIAN BIGODE – 5,5
SATISFATÓRIO

MAYKE – 5
REGULAR

BRENO LOPES – 6
BOM

CRÉDITO FOTOS: CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

10 – DIVINO
9,5 – PERFEITO
09 – QUASE PERFEITO

08 a 8,5 – EXCELENTE
07 a 7,5 – ÓTIMO
6,5 – MUITO BOM
06 – BOM
5,5 – SATISFATÓRIO
05 – REGULAR
4,5 – RUIM
04 – MUITO RUIM
00 a 3,5 – PÉSSIMO

20 Responses to ACABOU A MOLEZA

  1. Fábio P. R.

    Tenho certeza de que tanto a torcida do Nacional quanto do River estavam torcendo MUITO para que passasse o Libertad e não o Palmeiras. O pessoal lá fora nos respeita mais do que os daqui…

    • Márcio Trevisan

      Neste ponto você está coberto de razão.

      Da mesma forma, torci muito para que o Nacional/URU eliminasse o River Plate/ARG, mas como vimos isso ficou bem longe de acontecer.

      Agora, teremos um clássico pela frente. Ou seja: chegou a hora da verdade, e eu espero que ela seja verde.

      Abs.

  2. Fábio P. R.

    Acho que já está na hora de pararmos com essa história de que só pegamos baba, que tivemos sorte etc. Sorte é oportunidade com competência, e se essas “babas” estão aí é porque andaram tirando os supostos bons, não é? Então faltou competência a esses “bons”, e o Palmeiras está aproveitando muito bem as oportunidades que estão surgindo. Cadê o Flamengo? Cadê o SP? O badalado River classificou ganhando do Athletico de 1×0, o Nacional passou nos pênaltis, pra mim são dois cocôs.

    Poderíamos estar pegando essas “babas” e jogando mal, ganhando apertado, mas não é o que está acontecendo, pensem nisso. Isso sem mencionar todos os problemas de elenco enxuto e cheio de Covid…

    • Márcio Trevisan

      Fábio: uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa.

      Vc tem razão quando diz que chegamos às fases decisivas, ou quase, com méritos – e eu mesmo escrevi isso.

      Mas dizer que não foi sorte enfrentar os clubes que enfrentamos na Libertadores até aqui é fechar os olhos à realidade, amigo.

      De qualquer forma, o próximo adversário no torneio continental será bem mais complicado, e aí veremos se nossa competência será maior do que a nossa sorte.

      Aliás, torço para que isso aconteça.

      Abs.

      • Fábio P. R.

        Sim, mas eu tenho certeza que, se chegarmos à final, muitos de vocês ainda assim vão criticar. Parmerense é uma raça difícil, rs.

        • Márcio Trevisan

          Fábio: cuidado quando você diz algo como “muitos de vocês”.

          Este tipo de colocação coloca todos – ou quase todos – na mesma condição.

          E isso não é legal porque cada torcedor encara o futebol de uma maneira. Existem aqueles que, quando o time chega a uma fase decisiva, adotam o “Todos juntos vamos, pra frente Brasil”, e eu até respeito isso – só que minha profissão não me permite agir assim.

          É que além de torcedor eu sou também jornalista, e por isso é minha obrigação ser sincero quando escrevo. Posso até estar errado, claro, mas jamais mentirei para um leitor apenas para agradá-lo.

          Abs.

  3. José Aparecido-Mogi das cruzes

    Bom dia as todos!

    Márcio, me permita discordar.
    A defesa que o wewerton fez, que aliás importantíssima, não foi sorte e sim de muita competência.
    Sorte (ou seria azar) mesmo é termos MR no elenco, fazendo várias lambanças (erra passes na defesa, não ganha uma pelo alto, demora pra recompor) e não tomarmos gol.
    Não vou nem comentar os gols perdidos pelo GV e WB. Dependendo do jogo acho que infarta a.
    Mas tivemos muito mérito nessa importante vitória.
    Rumo ao bi da América.

    • Márcio Trevisan

      Zé: esteja sempre à vontade para discordar do que escrevo.

      Mas vc tocou em um ponto importante: em jogos contra grandes equipes ou mesmo decisivos, chances como estas que citadas por você não podem ser desperdiçadas.

      Abs.

  4. Ótima Vitória.
    A imprensa esportiva e a mídia palmeirense deveriam entrevistar o Luxemburgo quando ele tiver alta hospitalar e saber dele por que ele fez de tudo pra vendere o Scarpa pelo valor de 2 pares de chuteiras.
    Que crime que iam cometer contra o Palmeiras.
    Abçs

    • Márcio Trevisan

      Jair: ele não fez nada para vender o Scarpa.

      O jogador quase saiu no fim do ano passado, antes mesmo da chegada de WL.

      O que acontece é que cada treinador tem seu estilo e suas manias.

      Abs.

  5. Bom dia, Márcio.

    Excelente a sua crônica e reflete o que eu também penso. Como você já disse tudo, eu gostaria de escrever um pouco sobre a impressão muito positiva que tive de Abel Ferreira na entrevista pós jogo.

    Ele se comunica muito bem e é muito eloquente. Às vezes é um pouco prolixo, mas suas respostas possuem um conteúdo muito interessante e trazem conceitos muito positivos para a equipe que ele lidera. Humilde, procurou elevar a participação dos times que enfrentou na Libertadores e se posicionou em uma condição muito simples nesse bom momento que o time tem vivido. Elevou a moral do jogadores e equipe técnica para a condição que “nunca trabalhou com pessoas tão qualificadas”.

    Percebe-se que é um profissional que se preparou para ser técnico. Estudou conceitos e tem inteligências emocional para trabalhar com grupos de alto rendimento.

    Não sei se ele terá o mesmo posicionamento quando as adversidades chegarem (e chegarão), mas fiquei muito otimista com o que ouvi. A princípio, me parece ser competente naquilo que se propõe a fazer.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Olá, Valter.

      Abel Ferreira é mais preparado do que eu imaginava para alguém muito jovem e, até por isso, sem currículo para dirigir uma equipe como a do Palmeiras.

      Ele me parece ser um excelente gestor de grupo, pois faz questão de se definir apenas como um coadjuvante e não como uma estrela, como normalmente fazem os técnicos brasileiros.

      Nesta partida, como eu disse, creio que ele errou, mas até entendo por quê: preferiu não responsabiliza Veron pelos lances perdidos pois sabe que se trata de um jogador com muito potencial.

      Abs.

  6. roberto alfano

    Bom dia, muito boa a sua crônica caro Trevisan, agora estamos classificados, e vamos ter páreo duro pela frente.

    Parabéns Palmeiras, temos que analisar e estudar os próximos adversários pois nos detalhes é que vão fazer a diferença afim de chegarmos a tão sonhada decisão.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Agradeço o elogio.

      Na maré de sorte em que estamos, talvez encaremos o Nacional/URU na semifinal e o Racing/ARG na decisão.

      Abs.

  7. JORGE FARANI

    Caro Márcio,

    Concordo com tudo que você comentou.

  8. António Manara

    Sobre a expulsão do Paraguaio, na minha opinião houve duas agressões simultâneas, uma no Roger Guedes e outra no Roni, na beirada do campo. Cartão vermelho aplicado corretamente. Como diz o portuga, nossos adversários merecem respeito, se perderam por goleadas, o mérito é do Palmeiras que os respeitou e jogou pra frente fazendo gols.

    • Márcio Trevisan

      Manara: creio que você quis dizer Raphael Veiga, e não Róger Guedes.

      Também concordei com a expulsão do Piris. Apenas salientei que ela só aconteceu graças ao VAR, e isso também é sorte.

      Abs.

  9. António Manara

    Desculpe Márcio, mas defesas degoleis não minha opinião não é sorte e sim trabalho. No jogo passado com duas bolas na trave, que podemos dizer tivemos sorte. Outro lance de sorte , foi o exelenta passe do Marcos Rocha, onde o jogador Paraguaio chuto mal. Defesas semelhantes a Wevertom o goleiro teve no mínimo quatro.infelizmente eu não estou mais concordando com suas notas, na minha opinião sem sentido.

    • Márcio Trevisan

      Manara, salve.

      Não precisa se desculpar. Fique à vontade para discordar do que eu escrevo.

      Você sabe muito bem que o espaço, aqui, é democrático.

      Abs.

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