Às vezes me pego pensando por que gosto tanto do Verdão. E você, por que o ama?

Eu te amo, Palmeiras, porque quando nascestes, há 104 anos, fizestes com que um povo naturalmente desunido passasse a ter em ti algo com que se identificar, e desta forma enfrentasse brava e sabiamente os que tentavam subjugá-lo.

Eu te amo, Palmeiras, porque mesmo com apenas poucos meses de vida e mesmo sem o dinheiro que a colônia deixou de te entregar, dando a ele destino ainda mais nobre (foi à Cruz Vermelha italiana), conseguistes sobreviver à I Guerra Mundial.

Eu te amo, Palmeiras, porque teu crescimento foi espantoso, e porque com somente cinco anos de existência já dominavas o cenário esportivo paulista, obtendo graças a tuas vitórias cada vez mais admiração do público e inveja dos adversários. Fostes o sonho de alguns e te transformastes na paixão de milhões.

Eu te amo, Palmeiras, porque mesmo vilipendiado, falsamente acusado, soubestes provar a teus caluniadores que, mesmo sendo teu sangue italiano, era tua alma brasileira. Mudastes de nome, bem sei, mas e daí? Todos sabiam que então já eras muito mais do que apenas isso.

Eu te amo, Palmeiras, porque quando uma Nação ainda chorava a maior de todas as derrotas, quando um povo parecia propenso a relegar sua maior paixão a segundo plano, conquistastes o coração dos brasileiros e te tornastes o primeiro campeão mundial interclubes.

Eu te amo, Palmeiras, porque tivestes não uma, mas duas Academias, e com elas ensinastes a todos a arte de jogar futebol. E, assim, mais uma vez ganhastes simpatizantes à idêntica proporção que invejosos.

Eu te amo, Palmeiras, porque vestistes com teu manto verde não um, ou dez, ou cem craques, mas centenas destes, e desta forma formastes em tuas fileiras incríveis e inesquecíveis equipes, tornando-se estas a nata de teu talento nato.

Eu te amo, Palmeiras, porque mesmo quando muitos dos teus tentam te derrubar, consegues permanecer em pé, tornando nulos os esforços daqueles que, muitas vezes, não são dignos de te dirigir fora do campo.

Eu te amo, Palmeiras, porque mesmo quando aparentas estar cabisbaixo, quando disputas um torneio que te é absurdo, manténs inalteradas tua hombridade, tua soberania e tua dignidade, deixando ainda mais irados os que, sem ter a sorte de te amar, só podem mesmo te invejar.

Eu te amo, Palmeiras, por fim, porque a ti devo muito (quase tudo, na verdade) do que sou, como homem e como jornalista, mas principalmente porque sempre fostes, és e eternamente serás a maior paixão da minha vida.

Parabéns, meu amor.