CAP. 152 – 1982: UM ANO PARA SE ESQUECER

Depois de obter seu retorno à Taça de Ouro de 1981 ainda durante sua participação na Taça de Prata, o Palmeiras passou a sonhar com voos mais altos. Afinal, esteva com a alma lavada, tinha recuperado sua autoestima e, principalmente, pelo menos parte do respeito que perdera com a péssima campanha de 1980. Ocorre, porém, que existe uma abismal distância entre a Primeira e a Segunda Divisões, ou seja: um time que brilha naquela não tem garantido o mesmo sucesso nesta. Daí que o Verdão foi um fracasso: inserido em um grupo ao lado de Goiás/GO, Sport do Recife/PE e Internacional/RS, foi eliminado após três vitórias e três derrotas, mas uma delas vexatória: 6 a 0 para os gaúchos, no Beira Rio. 

Assim, só restavam duas opções para que nossa equipe provasse, definitivamente, que a não classificação à elite do futebol nacional na temporada anterior fora apenas um acidente: o Campeonato Paulista e o tradicional Troféu Ramón de Carranza, de cuja competição já éramos tricampeões. Mas, que nada: no torneio regional, um pra lá de humilde 10º lugar, com incríveis 22 empates em 44 partidas disputadas. Com isso, de novo ficamos de fora da principal divisão do futebol brasileiro e, assim, mais uma vez fomos relegados à Taça de Prata do ano seguinte. Já na Espanha… Antes não tivéssemos ido: perdemos na semifinal para o Sevilha/ESP por 5 a 0, e na disputa do terceiro lugar para os húngaros do CSKA por 4 a 0. Não à toa, o goleiro Gilmar foi ironicamente apelidado pelos torcedores rivais de “Tomasnov”. 

Luís Pereira

A única notícia positiva daquele ano foi o retorno de Luís Pereira, melhor zagueiro-central de toda a história do futebol brasileiro, que voltara da Espanha e tivera uma breve passagem pelo Flamengo/RJ. Mas nem o inesquecível “Chevrolet” foi capaz de impedir que a fase ficasse ainda pior no ano seguinte. 

Nossa diretoria conseguiu piorar ainda mais a equipe para 1982. O time de 1981, que já era bem fraco, ficou ainda pior, pois perdeu seu, então, único jogador de Seleção Brasileira: o lateral-esquerdo Pedrinho foi vendido ao Vasco da Gama/RJ antes do início da temporada. Isso mesmo após Brício Pompeu de Toledo ter prometido, durante sua campanha à presidência, que o jogador não seria negociado. Desta forma, o Verdão se viu resumido a apenas cinco nomes de peso no início daquele ano: Luís Pereira, Jorginho Putinatti, o boliviano Aragonès (que sofreu para se adaptar ao futebol brasileiro), Enéas (que mais ficava no DM do que em campo) e Baroninho. 

Reforços? Gente, nem sei se é possível considerar estes nomes assim. Almir (centroavante), Suca (cabeça-de-área), Rodrigues (ponta-esquerda) foram alguns dos escolhidos, assim como Carlos Alberto Borges (que brilharia apenas no ano seguinte). Somente no decorrer do ano é que jogadores mais conhecidos foram chegando, como o volante Rocha, ex-Botafogo/RJ, e o centroavante Baltazar, o “Artilheiro de Deus”, que viera do Grêmio/RS. Já as “revelações” galgadas à equipe principal se resumiram ao lateral-esquerdo Vargas e ao ponta-esquerda Esquerdinha. 

Com um time neste nível, não se esperava muita coisa do Palmeiras na Taça de Prata, torneio que abriu a temporada. Mas também ninguém poderia imaginar que, figurando em um grupo que tinha Juventus/SP, Volta Redonda/RJ, Anápolis/GO, Vila Nova/GO e Operário/MT nosso time não conseguiria nem mesmo a segunda vaga à etapa seguinte. Terminamos em penúltimo, meus amigos, numa das campanhas mais ridículas de toda a nossa história. 

Depois de participar de uma competição pré-Copa, o Torneio dos Campeões, sem nenhum brilho, a equipe melhorou substancialmente durante a disputa do Paulistão. Sobretudo após Fedato ser substituído por Rubens Minelli, o Verdão passou a demonstrar força e chegou, até, a incomodar seus mais tradicionais rivais. Contudo, nada que fosse capaz de levá-lo além de um 3º lugar na classificação final. 

O ano acabava e, esperava a torcida palmeirense, que seu sofrimento também. De fato, 1983 seria uma outra história, a qual começaremos a contar a partir da semana que vem. 

Até lá!

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