Internauta amigo, pense bem e responda: qual foi o título mais importante que o Palmeiras ganhou nestes mais de 103 anos de vida?
Certamente muitos de vocês dirão que foi a Libertadores de 1999; outros assegurarão que o título mundial de 1951 é indiscutivelmente a maior façanha alviverde; e, por fim, outros com certeza lembrarão o Paulistão de 1920, por ter sido o primeiro, ou então o Brasileirão de 1967, pela mesma razão.
Se há dúvidas e discussões sobre este assunto, há um outro em que a unanimidade parece reinar, absoluta e inconteste: qual o título mais gostoso que o Verdão já obteve? A esta pergunta, a resposta é invariavelmente a mesma: o do Campeonato Paulista de 1974.
Razões para isso não são muitas, mas são tão fortes que assim o determinaram. Em primeiro lugar, o adversário na grande decisão foi nosso maior rival, o Corinthians/SP. Além disso, contavam nossos costumeiros fregueses com mais de 20 anos sem a conquista de uma taça significativa, sendo então motivo de piada por parte de todos os torcedores rivais. Por fim, apesar de termos na época uma equipe muito superior, “eles” eram apontados como favoritos, pois o Palmeiras estava enfadado com tantas e seguidas conquistas (todas elas relembradas nos capítulos anteriores desta seção), enquanto a sede por um título saltava aos olhos de todos os corintianos.
Falava-se, aliás, que se o Corinthians/SP fosse o campeão paulista de 1974 seria benéfico para o futebol. Não sei quem foi o “gênio” que soltou uma imbecilidade deste tipo e nem em quais absurdos ele se baseou, mas de qualquer forma a ideia ganhou espaço e fez eco entre os jornalistas esportivos.
Os jogadores palmeirenses, porém, não estavam nem aí para as duas décadas de fila alvinegra e muito menos para o que pensavam ou diziam os meus colegas da época (embora eu, em 1974, contasse apenas seis aninhos…). Se havia uma taça em disputa, nossos craques tratariam de obtê-la. Já no primeiro jogo final, disputado no Pacaembu, o empate por1 a 1 mostrou que a disputa seria árdua, e que a tal história do favoritismo corintiano era, na verdade, muito mais um desejo de muitos do que a realidade dos fatos.
Mesmo assim, para o bem da verdade há de se ressaltar que os corintianos invadiram o Morumbi na finalíssima daquele Paulistão. Registros em jornais apontam que, dentre os 120.522 torcedores que lotaram as dependências do estádio, pelo menos 110 mil vestiam-se de preto e branco. Nossa torcida ficou espremida, num cantinho das arquibancadas e, de verde, mais parecendo bugrina do que palmeirense.
A partida foi equilibradíssima, mas desde o começo se notou uma diferença fundamental entre o Palmeiras e o Corinthians/SP: enquanto aquele se mostrava tranquilo e consciente de que, a qualquer momento, chegaria ao gol, este dava claros sinais de ansiedade e cometia erros comuns a quem se desespera por uma conquistas que havia mais de 20 anos que não obtinha.
Um outro detalhe que deve ser ressaltado é em relação à escalação do Verdão. Místico e supersticioso, o técnico Oswaldo Brandão resolveu tirar da equipe um titular absoluto – Eurico – e improvisar na lateral direita Jair Gonçalves. A explicação: tivera um sonho na noite anterior à decisão em que o meia e também zagueiro, deslocado para o setor, cruzava a bola para a área e originava o gol do título.
Coincidência ou não, foi exatamente isso o que aconteceu. Aos 24 minutos do segundo tempo, Jair Gonçalves cruzou na entrada da grande área, Leivinha ganhou a disputa pelo alto com Brito e, de cabeça, tocou para Ronaldo (que jogou no lugar de César, outro que Brandão deixou de fora da finalíssima). O atacante mineiro pegou de voleio, a bola ainda bateu nas mãos de Buttice e foi morrer no fundo das redes corintianas (veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=BcVpKaw-bJI).
Daí em diante, o que se viu foi o desespero do Corinthians/SP e o toque de bola, ainda mais calmo, do Palmeiras, que apenas esperou o apito final de Dulcídio Wanderley Boschillia para fazer algo que já era rotina – uma doce rotina, aliás. Os cerca de 10 mil palmeirenses roubaram o branco das arquibancadas, deixando apenas o preto: de luto. E o grito que ecoou por todo o Morumbi ficou eternamente gravado na memória de todos: “Zunzunzum: é 21!!!”.
Precisa explicar por quê?
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