CAP. 90 – CAMPEÃO DO MUNDO SIM, SENHOR (PARTE III)

Jair Rosa Pinto, como já contamos nesta seção, tinha um espírito de liderança tão grande quanto o talento para jogar futebol. Inquestionavelmente o dono daquele time, foi dele que partiu a iniciativa de exigir – o termo é este mesmo: exigir – do técnico Ventura Cambon mudanças na equipe após o vexame vivido diante da Juventus/ITA, no Pacaembu. Como contaria exatos 50 anos mais tarde, em 2001, a este jornalista, em entrevista concedida durante as comemorações do Jubileu de Ouro da conquista da Copa Rio. 

“Após aquela derrota vergonhosa, nosso time parecia morto. Precisei gritar muito com todos para lembrar que éramos fortes e que poderíamos reverter a situação. Afinal, estávamos classificados. Também disse ao nosso treinador que três jogadores estavam muito aquém do que podiam render: Oberdan, Túlio e Lima eram ídolos da torcida, atletas com um passado glorioso no clube, mas viviam uma má fase – e isso acontece com todo atleta. Por isso, exigi que o Cambon fizesse alterações na equipe. Ele me atendeu e, graças a Deus, deu certo”, relembrou o extraordinário meia.

Até hoje não se sabe se dois dos três jogadores que entraram – o médio central Luís Villa e o centroavante Richard – foram também exigências de Jair Rosa Pinto, mas o substituo de Oberdan não foi uma escolha do nosso capitão. O reserva imediato daquele que se tornaria uma lenda palmeirense ere Inocêncio, mas já nos vestiários do Maracanã o jovem goleiro, então com apenas 20 anos, sentiu-se mal e a solução, então, foi colocar em campo o terceiro nome para a posição: Fábio Crippa. Além disso, Liminha fora deslocado para a ponta direita, antes pertencente a Lima.

JRP: talento e personalidade na mesma proporção

Por ironia do destino, foi justamente Fábio Crippa o grande herói daquele jogo. Diante de um Maracanã lotado de vascaínos, o Verdão se impôs frente àquele que então era o melhor time da América do Sul e o venceu por2 a 1, com gols de Richard e Liminha. Lá atrás, Crippa fez defesas fantásticas e garantiu a vantagem do empate no jogo seguinte.

Ao time de São Januário não restava alternativa na segunda partida jogo senão vencer no tempo normal e provocar um terceiro encontro. Ao Palmeiras, o empate já bastaria, mas para tanto o time teria de superar o trauma de ter perdido Achilles com uma fratura na perna, resultado de uma dividida, segundo sempre garantiu o craque palmeirense, desleal com o goleiro vascaíno Barbosa. Sem o seu “Baixinho”, o Verdão entrou com Ponce de León, um jogador de características nem tão ofensivas quanto o titular lesionado. Com isso, o ataque pouco funcionou e, se não fosse mais uma impressionante atuação de Fábio Crippa, dificilmente teríamos conseguido segurar o0 a 0 e garantido uma vaga na grande final da Copa Rio.

Quis o destino que, na disputa pelo título mundial, mais uma vez em nosso caminho aparecessem a Juventus de Turim/ITA e, pior ainda, a goleada de4 a 0 por ela imposta, e a qual os palmeirenses não conseguiam esquecer. Mas a história desta emocionante decisão é um assunto para o nosso próximo capítulo.

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