CAP. 67: PAULISTÃO/1943 – PERDEMOS. PIOR TAMBÉM PARA “ELES”.

Um clube tem em suas vitórias seus pontos mais costumeiramente relembrados. Existem, aliás, aqueles que defendem a tese de que ao contar a trajetória de um time de futebol devem-se esquecer os tropeços, os pontos negativos, ressaltando-se apenas os momentos em que a equipe em questão mais brilhou.

Mesmo respeitando este ponto de vista, este historiador pensa de forma diferente: em minha opinião vale, sim, lembrar momentos em que, por mais que tenhamos nos esforçado, não conseguimos chegar aonde sempre queremos e merecemos pela grandeza que nos é nata – ou seja, ao primeiro lugar.

Desta forma, neste 67º capítulo de “Nossa História” relembraremos o Campeonato Paulista de 1943, o primeiro em que disputamos em sua totalidade com o novo e definitivo nome – Sociedade Esportiva Palmeiras. Nossa campanha, aliás, foi excelente naquele torneio, e o título só nos escapou, de fato, na última rodada.

Antes, porém, de falarmos sobre a tal partida, vale lembrar alguns dos craques que faziam parte daquele time. No gol, o eterno Oberdan Cattani seguia sua história no clube; na zaga, Osvaldo, Junqueira, Celestino e Caieira se revezaram nas partidas; Og Moreira foi absoluto na cabeça-de-área (à época chamada média central), e nas laterais, além dos titulares Oswaldo Brandão – isso mesmo, o futuro “mestre” de todos os treinadores brasileiros – (na direita) e Gengo (na esquerda), esteve também outro jogador sempre improvisado: Dacunto. Já o ataque, que naqueles bons e saudosos tempos de futebol romântico contava sempre com cinco jogadores, um desfile de feras – Waldemar Fiúme, Lima, Cabeção, Villadoniga, Peixe, Pipi, Canhotinho, Caxambu e até Ministrinho, que retornara da Itália para encerrar sua carreira no clube que tanto amava.

Durante o torneio, rodada a rodada Palmeiras e Corinthians disputavam a liderança da tabela. Aliás, brincava-se na época que para se saber quem seria o campeão paulista teria que se jogar uma moeda: se desse cara, seria o alvinegro o campeão; se caísse com a coroa para cima, o título seria alviverde. Meio que por fora, sem que ninguém lhe desse a devida atenção, aparecia o São Paulo, dono de nomes que davam inveja a qualquer time – Luizinho Mesquita, Sastre, Leônidas, Teixeirinha, Remo, Pardal, Noronha…

O certame seguia, pois, como antes de seu início se desenhava, com a exceção da surpreendente e um tanto incômoda presença são-paulina. Já ao término do primeiro turno, a distância de apenas dois e um ponto para Corinthians e Palmeiras, respectivamente, surpreendeu mais do que o próprio terceiro lugar tricolor.

Time-base do Palmeiras durante o Campeonato Paulista de 1943

E é neste caso que entra uma grande curiosidade, que vira e mexe acaba acontecendo de novo no futebol: na última rodada do Campeonato Paulista de 1943, o Corinthians precisou torcer, e muito, pelo Palmeiras. No dia 2 de outubro daquele ano, o time do Parque São Jorge disputou sua última partida pelo torneio, goleando a Portuguesa Santista por6 a1. Com o resultado, chegou aos 32 pontos, dois a mais do que tinha o Verdão e o mesmo que já somava o Tricolor.

Em outras palavras: a única forma do Corinthians continuar vivo no Paulistão era que nossa equipe obtivesse uma vitória no clássico que seria disputado no dia seguinte. Se isso acontecesse, as três equipes terminariam empatadas com 32 pontos, e neste caso o título seria decidido num triangular que, sem sombra de dúvida, seria sensacional e inesquecível.

Não podemos garantir se foi ou não em razão de tão indesejada torcida, mas o fato é que não conseguimos nosso objetivo – e consequente também o deles. Num Pacaembu que muito lembrou o do ano anterior, quando da inolvidável vitória por 3 a 1 e da conquista do título de 1942, Palmeiras e São Paulo fizeram um jogo de arrepiar, com lances de gols para ambos os lados. Mas foi mais feliz o Tricolor que, contando com uma estrondosa atuação de seu goleiro King, segurou o empate por 0 a 0 e, com isso, terminou o Campeonato Paulista com 33 pontos, contra 32 do Corinthians e 31 do Palmeiras.

A piada que se seguiu depois não nos é favorável, mas merece ser contada pela inteligência de seu conteúdo. Disseram que, ao ser jogada a tal moeda para se ver qual time seria o campeão, se Palmeiras ou Corinthians, ela acabou caindo em pé – e assim o São Paulo foi o campeão.

Perder a chance de lutar pelo bicampeonato estadual no tal triangular nos foi frustrante, mas saber que com aquele empate impedimos que nosso maior rival também seguisse sonhando com o título acabou amenizando nosso sofrimento.

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