CAP. 56: FATURANDO OUTRA EM CIMA “DELES”

Quem pensa que os problemas de calendário são inerentes apenas ao futebol moderno se engana. Desde sempre nossos dirigentes teimavam em disputar mais partidas do que poderiam comportar os dias disponíveis para as suas realizações. Um bom exemplo disso se deu em 1938.

Em ano de Copa do Mundo, o mais normal seria que o Campeonato Paulista começasse o mais cedo possível, a fim de não ter de ser interrompido. Mas, seguindo a lógica do “se é possível complicar, para que simplificar?”, a APEA decidiu permitir que os times fizessem os costumeiros amistosos no início do ano, seguidos por 20 dias de férias aos atletas. Com isso, o Paulistão só foi começar na segunda semana de março e, claro, em 3 de abril, com apenas duas rodadas disputadas, foi paralisado.

Rolando fez um dos gols da final

Toda esta bagunça, porém, acabou por beneficiar o Palestra Itália. Isso porque a entidade, embora tivesse optado pela suspensão do campeonato enquanto acontecesse a Copa do Mundo, resolveu criar um outro torneio, o qual chamou de Campeonato Paulista-Extra. Foi uma forma de manter em atividade os times paulistas em uma competição oficial.

Ora, então por que não se continuou a disputar o Paulistão? Esta é uma pergunta à qual ninguém sabe responder, pois nem mesmo a presença de jogadores do Estado foi maciça na Seleção Brasileira – na verdade, apenas três fizeram parte daquele grupo: o palestrino Luizinho Mesquita, o corintiano Lopes e o luso-santista Argemiro.

De qualquer forma, o que importa para nós é que o Verdão não perdeu a chance de faturar mais uma taça. Exatamente como acontecera em 1927, quando ganhou o I Campeonato Paulista-Extra (referente à edição do ano anterior), nosso time soube aproveitar muito bem a nova chance que lhe apareceu.

Na primeira fase, vencemos cinco das seis partidas que disputamos (duas destas sobre o São Paulo FC, por 4 a 2 e 3 a 0), campanha que nos levou à etapa seguinte como favoritos. Não deu outra: numa melhor de três pontos (sempre é bom lembrar que, à época, as vitórias valiam apenas dois), empatamos com o São Paulo Railway (atual Nacional/SP) por 1 a 1 e, em seguida, o goleamos por 3 a 0. Já nas semifinais, o alviverde mediu forças com a Portuguesa Desp./SP, mas não encontrou nenhuma dificuldade para eliminá-la:4 a 1.

As finais seriam diante do maior rival, o Corinthians/SP. No primeiro jogo, em 21 de agosto, um empate sem gols no Parque Antarctica deixou a decisão em suspenso e ambas as equipes em igualdade de condições na briga pelo cobiçado troféu. Na finalíssima, disputada apenas quase um mês mais tarde (vá entender aquele calendário!), ganhamos por 2 a 1 numa partida muito equilibrada.

Porém, e daí? O que interessa se o clássio foi parelho ou se o empate teria sido o resultado mais justo? O que importa, mais até do que a nossa alegria, foi a ver a tristeza na cara “deles”. Mais uma vez.

Se eu vi tudo isso? Não, infelizmente não – eu somente nasceria 30 anos mais tarde. Mas mesmo assim eu morro de rir até hoje.

Confira os dados disponíveis da histórica partida:

Competição: Campeonato Paulista Extra/1938
Jogo: Palestra Itália 2 x 1 Corinthians/SP
Data: 18/09/1938 – Horário: 16h00
Local: Estádio do Parque Antarctica, em São Paulo/SP
Árbitro: José Alexandrino/SP 
Gols: Barrilotti aos 16 minutos do primeiro tempo. Rolando aos 9 e Teleco aos 25 da etapa final

Equipes

Jurandyr; Carnera e Junqueira (Begliomini); Ruiz, Gogliardo e Del Nero; Filó, Luizinho Mesquita, Barrilotti, Rolando e Mathias.
Técnico: Ramón Platero.

José (Faustino); Miro e Carlos; Jango (Munhoz), Brandão e Tião; Lopes, Servílio (Carlito), Teleco, Carlinhos e Wilson.
Técnico: Del Debbio.

ATENÇÃO: ESTA É UMA OBRA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, SENDO PROIBIDA SUA DIVULGAÇÃO TOTAL OU MESMO PARCIAL SEM A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. OS INFRATORES SERÃO RESPONSABILIZADOS CRIMINALMENTE.

 
Para ler os capítulos anteriores, clique aqui.

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>