CAP. 33: ABANDONANDO O BARCO. MAIS UMA VEZ.

Tudo que começa torto dificilmente se endireita, e no futebol não é diferente. Uma boa prova disso foi o que se passou com o Palestra Itália em 1924. 

De cara, a grande contratação do ano não pôde ser utilizada em jogos oficiais. Amílcar, ídolo corintiano, havia sido convencido a trocar o alvinegro pelo alviverde, o qual aliás defendera, por empréstimo, na primeira partida da história do clube, em 1915. Ocorre que havia um artigo na lei de transferências que impedia um jogador de defender uma equipe caso tivesse atuado por outra na mesma temporada, e o novo palestrino de fato jogara uma partida oficial por sua antiga equipe, diante do Paulistano. 

O fato de que o tal jogo se referia ao Campeonato Paulista de 1923 nada pesou para a APEA, que simplesmente proibiu o Palestra Itália de escalar Amílcar em jogos válidos pela edição seguinte. Frustrado, nosso time ainda deu azar de ser derrotado nos dois primeiros jogos do Paulistão/24. E perder, de cara, quatro pontos era praticamente fatal para as pretensões palestrinas que, claro, visavam ao título.        

O craque Amílcar

Na primeira derrota – 3 a 1 para o Paulistano -, alguns jogadores do Palestra causaram um grande tumulto e a entidade que organizava a competição decidiu suspender por uma partida quatro deles – o zagueiro Nigro, o médio-direito Bertolini, o médio-central Cassarini e o ponta-esquerda Valle. Estes não puderam atuar pelo Verdão no jogo seguinte, diante do pequeno Braz Athlético. 

Desfalcado, o Palestra Itália perdeu mais uma vez – 3 a 2 – e novamente aconteceu muita reclamação por parte dos atletas da nossa equipe. Visando pôr ordem na casa, a entidade que organizava o torneio e comandava o futebol paulista na época novamente decidiu suspender mais um palestrino – o ponta-esquerda Gaetano Imparato. 

Alegando que a ausência dos quatro titulares havia sido a razão da surpreendente e mais recente derrota e, também, inconformada com a suspensão de mais um jogador do time, a diretoria alviverde enviou ofício à APEA informando-a de que a equipe não compareceria ao jogo seguinte, que seria contra o Santos. Mesmo com a ausência no clássico, a entidade ainda manteve aquele que seria o quarto compromisso do Palestra naquele Campeonato Paulista, diante do Sírio. Porém, provando estar mesmo rompido com os homens que dirigiam o futebol paulista, o time mais uma vez não compareceu. 

E assim permaneceu a agir a nossa equipe, perdendo todas as partidas da competição por WO. No restante do ano, se limitou à disputa de amistosos e de torneios não-oficiais. E, nestes, pôde enfim escalar Amílcar. 

Este segundo abandono do Paulistão – o primeiro, como já contamos, se dera em 1918 – causou um enorme mal-estar entre o clube e a APEA, bem como com os adversários também. Por isso, a fim de dar um puxão de orelhas nos dirigentes da equipe da colônia italiana, a entidade resolveu fazer uma exigência para que o Palestra Itália pudesse participar do Campeonato Paulista de 1925. 

Mas esta é uma história para o próximo encontro que tivermos em “Nossa História”.

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