CAP. 26: FRANCISCO MATARAZZO (2ª PARTE)

Conheça a história do primeiro megaempresário do Brasil e a importância que teve para o nosso Palestra Itália.

Houve um momento em que os negócios do conde Francisco Matarazzo no Brasil tinham se diversificado tanto que até ele parecia confuso. “Sou comerciante de farinha, de bacalhau, de algodão… Não entendo de mais nada”, brincou certa vez.

Não era à toa. Nas cinco décadas que levou para erguer seu império industrial, Matarazzo pôs o dedo numa variedade de empreendimentos e atividades impressionante até para os dias de hoje. Dizia-se em seu tempo que o conde tinha 365 fábricas, uma para cada dia do ano, e é bem possível que isso tenha sido verdade. No auge, as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo – IRFM – produziam tecidos, latas, óleos comestíveis, açúcar, sabão, presunto, pregos, velas, louças, azulejos. Matarazzo tinha um banco, uma frota particular de navios, um terminal exclusivo no porto de Santos e duas locomotivas para transportar mercadorias no pátio da sede do complexo industrial, em São Paulo.

Quando o conde fez 80 anos, em 1934, suas empresas faturavam 350 mil contos de réis por ano, dinheiro equivalente, na época, à arrecadação de todo o Estado de São Paulo, desde então o mais rico da federação. Se a conta fosse feita hoje, nenhum dos conglomerados nacionais conseguiria bater Matarazzo.

As grandes fortunas do início do século foram cevadas nas fazendas de café. Seus proprietários davam as cartas nos negócios, na política e no governo. Matarazzo não fez feio nesse ambiente. Um dos homens mais ricos de seu tempo, tinha mansão na Avenida Paulista e ia para o trabalho de limusine, mas sempre foi visto como uma espécie de novo-rico pela elite da época. O título de conde recebeu do imperador italiano Vitório Emmanuele por ter enviado à Itália mantimentos durante a Primeira Guerra Mundial.

Era um sujeito popular entre os conterrâneos que viviam no Brasil. A maioria dos operários em suas fábricas era formada por italianos, e eram feitos na língua-pátria os discursos do patrão aos empregados. Fora da colônia, Matarazzo era visto com desconfiança pelos fazendeiros e pela nascente classe média urbana, e o comportamento da família só fez a antipatia crescer depois de sua morte, em 1937.

Com o velho conde fora de cena, seu império começou a ruir. Após sua morte, a condução dos negócios foi entregue ao 12º de seus treze filhos, Francisco Matarazzo Júnior. Mais conhecido como Conde Chiquinho, ele ficou famoso pela festa nababesca que promoveu para celebrar o casamento da filha Filomena, em 1945. Seus problemas começaram na década de 50, com o avanço da industrialização e o aumento da concorrência ao redor dos negócios da família.

Endividadas, as empresas foram vendidas uma a uma, em meio a várias brigas entre todos os herdeiros, culminando com a concordata no início dos anos 80. Maria Pia, a filha de Chiquinho, apagou a luz e pôs fim a uma história empresarial de sucesso estrondoso e epílogo lastimável, já que hoje quase nada restou do império construído por Francisco Matarazzo.

Para nós, porém, o que mais importa é o amor que Francisco Matarazzo sempre dedicou ao Palestra Itália. Tanto nas diversas vezes em que socorreu o clube devido a apuros financeiros como quando utilizou seu prestígio pessoal na defesa dos interesses alviverdes, ele sempre foi, acima de tudo, um grande palmeirense.

E é exatamente por isso que decidimos dedicar-lhe este capítulo de “Nossa História”

Obs.: Esta seção será atualizada em 03/09/2011.

4 Responses to CAP. 26: FRANCISCO MATARAZZO (2ª PARTE)

  1. Marcio. O Conde Francisco Matarazzo teve alguma participação na aquisição do estádio do Palmeiras, quando este foi adquirido junto à Companhia Antarctica Paulista?

    Sds,

  2. Márcio. Entrei várias vezes no site para ver se vc havia postado algum artigo sobre a importância de vencer o clássico contra os gambás. Nestes momentos que antecedem o clássico contra o maior rival, nós ficamos meio anciosos e carentes de informações que nos confortem. Valeu. Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Tadeu.

      A importância do clássico deste domingo havia ficado implícita na crônica pós-jogo da vitória sobre o Vasco/RJ.

      Abs.

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