Vítima de gozações por causa da feiúra, lateral palmeirense compensava jogando um belíssimo futebol…
A diplomacia nunca foi o forte de Rosemiro, jogador do Palmeiras entre os anos 70 e 80, e uma prova disso foi jamais ter gostado do apelido que o locutor Osmar Santos lhe deu: Namoradinho da Rachel Welch. Isso porque sua beleza, digamos, nunca foi das maiores. “Sei que era brincadeira, algo pra mexer comigo, mas não gostava, mesmo”, conta.
Nos quase cinco anos em que defendeu a nossa equipe, este lateral-direito ganhou destaque pelo vigor físico. Natural de Belém/PA, Rosemiro Correia de Souza teve uma origem humilde e chegou ao Remo/PA, seu primeiro time, por obra de “seo” Vavá, um olheiro que acompanhava as peladas de rua na capital paraense. “Eu jogava descalço, nem tinha chuteira. Ele me viu jogando e resolveu me chamar para um teste. E ainda comprou todo o material para que eu pudesse treinar”, conta ele, emocionado.
Com tanta disposição, ele despertou a atenção dos clubes do Sul do País. Em 1975, ano em que conquistou o tetracampeonato paraense, veio o reconhecimento nacional: Rosemiro acertou sua transferência para o Palmeiras e, de quebra, foi convocado pelo técnico Zizinho à Seleção Brasileira que disputou os Jogos Pan-Americanos na Cidade do México/MÉX. “Veio tudo de uma vez só”, brinca.
Após conquistar o Pan-Americano, Rosemiro chegou ao Verdão exatamente quando o time vivia a fase final da Segunda Academia. E com a missão de substituir ninguém menos do que Eurico
quando o time vivia a fase final da Segunda Academia. “Para mim foi diferente, porque eu nunca tinha saído do Pará. Chegar a um clube grande, onde você tem ídolos, é difícil. Eu nunca poderia imaginar que um dia iria jogar com o Ademir da Guia, Dudu, Leão…”, comenta.
Com apenas 22 anos, ele participou do Pré-Olímpico e das Olimpíadas de Montreal, no Canadá, em 1976, mas o Brasil não foi além do quarto lugar. Entretanto, naquele mesmo ano, o lateral ajudou o Palmeiras a conquistar mais um Campeonato Paulista, embora fosse apenas o suplente de Valdir.
Nos anos seguintes, Rosemiro não alcançou o mesmo sucesso, em parte porque o Palmeiras entrou em um jejum de títulos que perduraria até 1993. Apesar disso, existem boas recordações. Uma delas foi a vitória por 4 a 1 sobre o Flamengo/RJ, no Maracanã, pelo Brasileirão de 1979: “É um jogo que todo mundo lembra. Nosso time era desconhecido perto do deles, que era o grande favorito. Mas fomos lá e demos um show”, recorda.
Naquela época, Rosemiro conviveu com um dos treinadores mais importantes de sua carreira: Telê Santana, que só saiu do Verdão para dirigir o Brasil. “Os treinadores que mais me ensinaram foram o Telê, no Palmeiras, e o Coutinho, na Seleção. Eles colocaram mais alguma coisa em cima do que eu tinha de potencial”, afirma.
Mas o momento mais conturbado de sua carreira ainda estava por vir. Em 1980, durante um jogo contra o São Paulo/SP, no Morumbi, ele foi substituído pelo então treinador Diede Lameiro, que colocou o também lateral Sotter em seu lugar. Inconformado, Rosemiro atirou a braçadeira de capitão ao chão, protestando contra a alteração. Na sequência, ele foi ainda mais longe. “Com o Diede Lameiro no Palmeiras, eu não jogo mais”, disse, à época. E, de fato, não jogou. Após esse incidente, Rosemiro foi negociado ao Vasco da Gama/RJ.
Passados quase 30 anos do fatídico episódio, ele se arrepende do que fez: “Acho que esta é uma boa hora para, mais uma vez, pedir desculpas à torcida palmeirense, que sempre me apoiou. Realmente não deveria ter jogado a tarjeta de capitão na frente da torcida”, admite o jogador, o 28º a mais vezes ter vestido a camisa alviverde em toda a nossa história.
Ficha Técnica
Nome: Rosemiro Correia de Souza
Data e Local de Nascimento: 22/02/1954, em Belém/PA
Posição: Lateral-direito
Estreia: 08/02/1976 – São Paulo/SP 0 x 0 Palmeiras
Despedida: 12/10/1980 – Palmeiras 0 x 3 São Paulo/SP
Jogos: 301
Gols: 08
Título Expressivo: Paulistão/76
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Obs.: Esta seção será atualizada em 24/05/2011.
01/03/2012 at 19:16
Grande Lateral Direito. Moderno para seu tempo. Eficiente no ataque.